A entrada de bolivianos em Corumbá por meio de trilhas clandestinas, que desembocam nos assentamentos rurais do município, denunciada pelo site Capital do Pantanal em 20 de junho foi noticiado pelo Jornal Nacional, da Rede Globo de televisão, nesta quinta-feira (3). O fechamento das fronteiras desde o mês de março e a estrutura hospitalar precária do lado boliviano, faz com que cidadãos do país vizinho, utilizem as trilhas para buscar tratamento médico contra o Covid-19 em Corumbá.
Na matéria televisiva, exibida pelo principal jornal do país com apoio informativo da TV Morena em Mato Grosso do Sul, a dupla de jornalistas Willian Bonner e Renata Vasconcelos expôs para o país e para o mundo, uma das maiores fragilidades da segurança brasileira: o controle de suas fronteiras.
O atendimento médico na Santa Casa de Corumbá não é negado à bolivianos nem a qualquer outro cidadão de outras nacionalidades, como o caso de Seu Everaldo, morador de Santa Cruz de la Sierra, exposto na matéria. Ele foi diagnosticado com Covid-19 e ficou internado por quatro dias na Santa Casa de Corumbá. O paciente confirmou para médico que teve acesso à cidade pela fronteira e que atravessou porque na Bolívia a situação está muito difícil, não há tratamento adequado.
Desde o fechamento da fronteira no mês março, a Polícia Federal já deportou mais de 200 bolivianos, que tentaram acesso à Corumbá ilegalmente.
“A nossa fronteira é muito extensa. Tem muitos pontos de entrada. Não é uma ponte. Não é uma coisa fácil de ser fiscalizada. Existem várias trilhas pela fronteira, vários pontos de difícil acesso e, em alguns deles, eles tentam entrar por ali”, conta Alan Givid, delegado da Polícia Federal de Corumbá.
A entrada de bolivianos na cidade preocupa por conta do risco de transmissão da doença, cidades da linha de fronteira do país vizinho decretaram descontrole sanitário e alto risco de contaminação. Outra preocupação é com a estrutura hospitalar de Corumbá. A Santa Casa atende pacientes da cidade e da vizinha Ladário e é o único hospital da região, que recebe pacientes do SUS. São apenas 20 leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e a taxa de ocupação já atinge 65%.
Ainda de acordo com a matéria exibida ontem no telejornal, a direção da Santa Casa aponta que o medo de não conseguir atendimento pelo SUS faz os bolivianos mentirem o nome e o endereço ao darem entrada na unidade.
Até o momento, Corumbá registrou 14 mortes por Covid-19; três eram pacientes bolivianos. Para o diretor-clínico do hospital, Manoel João, o atendimento aos estrangeiros é uma questão de humanidade.
"Qualquer nacionalidade que chegar aqui, principalmente boliviano, no hospital será atendido. Com o mesmo carinho, da mesma forma que os brasileiros são. Isso é lei, inclusive.
A Secretaria de Saúde de Corumbá afirmou que tem a obrigação constitucional de prestar atendimento a qualquer pessoa, inclusive estrangeiros, mas que busca apoio de órgãos responsáveis pela fiscalização para impedir a entrada clandestina deles. A Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul declarou que está dando apoio para a prefeitura de Corumbá.