A construção do Corredor Bioceânico é um sonho que vem sendo desenhado e esperado por autoridades e comunidades da América do Sul, em especial do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, desde a década de 60. A obra irá ampliar as possibilidades de parcerias comerciais e fortalecer a integração entre os países latino-americanos.

Para o professor e historiador Eronildo Barbosa, a rota que liga os oceanos Atlântico e Pacífico é um dos projetos mais importantes do Brasil nesse momento histórico. "É um projeto que traz muita esperança, muita expectativa, muito sonho e que vai redirecionar Mato Grosso do Sul para um novo salto de qualidade, para uma intervenção muito mais forte no mercado internacional, trazendo emprego e maior importância econômica para o Estado”, avalia.
As primeiras iniciativas para a criação do projeto foi do então prefeito de Iquique, Jorge Soria Quiroga, em sua primeira gestão (1964-1970). Ele esteve à frente da prefeitura da cidade chilena por quatro mandatos e atualmente é senador pela região de Tarapacá.
“Esse projeto tem a sua base nos anos 60. Quando Jorge Soria decidiu buscar caminhos novos e seguros que pudessem ligar a sua cidade Iquique, ou seja, os portos do norte do Chile aos portos do Brasil. Ele costurou durante anos as articulações para que isso se efetivasse, mas nos anos 60 e 70 não havia clima político e econômico que permitisse que essa ligação acontecesse”, comenta o historiador.
Os dados históricos foram levantados por Eronildo Barbosa como parte do projeto de pesquisa e extensão da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) sobre o Corredor Bioceânico.
Conforme o historiador, a ideia de um trajeto que ligasse os oceanos Pacífico e Atlântico passou a ter uma atenção maior das autoridades a partir dos anos 90, com a criação do Mercosul (Mercado Comum do Sul).
“De forma mais concreta, no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), a partir de 1995, temos projetos e investimentos em infraestrutura, pavimentação, já considerando a possibilidade de um caminho que aproximasse os países do Mercosul, visando a integração cultural e econômica”, destaca.
Em 2000, a proposta ganhou força com a reunião da cúpula de presidentes da América. Um dos temas abordados foi a construção de um corredor que facilitasse a articulação de vários eixos de integração regional. O trabalho para que o projeto fosse concretizado foi intensificado nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) e Dilma Rousseff, no período de 2003 a 2010.
Definição da rota
As propostas de rotas iniciais consideravam uma conexão viária até os portos do Chile e do Peru, e previam o trajeto via Paraguai, pela fronteira com Ponta Porã (MS) ou via Bolívia.
A definição ocorreu em 2015, em uma histórica reunião que aconteceu em Assunção, com a presença dos presidentes e outras autoridades do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
Na ocasião, foi assinada a Declaração de Assunção que possibilitou a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para a realização de estudos técnicos com a pretensão de dar início às atividades de viabilização de um Corredor Rodoviário Bioceânico, ligando o Brasil, a partir de Porto Murtinho (MS) aos portos do norte do Chile.
Atores importantes
Para a idealização e concretização do projeto, houve um esforço importante de autoridades e comunidades do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Entre esses atores está o ministro João Carlos Parkinson de Castro, do Ministério das Relações Exteriores, que é o coordenador nacional dos Corredores Rodoviário e Ferroviário Bioceânicos.
"O ministro Parkinson lidera esse projeto desde 2010, conhece profundamente essa empreitada e acredita que a universidade é uma base importante para se compreender as transformações que virão e para oferecer propostas e caminhos novos para esse projeto", afirma Eronildo Barbosa.
Em âmbito regional, há destaque para o ex-prefeito de Porto Murtinho, Heitor Miranda; ex-prefeito de Campo Grande, Juvêncio César da Fonseca; ex-prefeito de Dourados, Braz Mello, que também já foi vice-governador de Mato Grosso do Sul; e ex-prefeito de Corumbá, Ricardo Cândia.
A atuação de empresários e outros políticos como Claudio Cavol, André Puccinelli, José Orcírio Miranda dos Santos (Zeca do PT), Vander Loubet, Fausto Matto Grosso, Reinaldo Azambuja, entre outros, também foi fundamental para que a rota internacional pudesse sair do papel.
Contribuições da pesquisa
O estudo no Eixo de História do Projeto Multidisciplinar Corredor Bioceânico da UFMS será disponibilizado para a população em geral, podendo ser utilizado por outros pesquisadores, representantes de associações de bairro, sindicatos, associações comerciais e instituições públicas.
"Nosso objetivo é oferecer à sociedade um conjunto de insumos históricos. É preciso que a comunidade conheça sua história, sinta orgulho da sua história. A história é uma base muito importante para quem quer construir um futuro que esteja lastreado numa plataforma segura. Quem não conhece a sua história, tende a cometer erros porque a história é um instrumento para orientar para o presente e para o futuro”, destaca o pesquisador.
O projeto tem o objetivo de identificar potencialidades e gargalos ao longo do Corredor Bioceânico e é coordenado pelo Prof. Dr. Erick Wilke, da Escola de Administração e Negócios (ESAN/UFMS). Também são realizados estudos nos Eixos de Logística, Economia, Turismo e Direito. Os recursos que viabilizaram a pesquisa são oriundos de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet (PT/MS).
Deixe seu Comentário
Leia Também
Condenações de padrasto, mãe e tia por estupro ultrapassam 138 anos de prisão
Conforme investigação, mãe e tia são coautoras do abuso que iniciou quando a menina tinha 7 anos e durou até os 19

Associação de Mulheres Produtoras da APA Baía Negra planeja ações para 2024
Pacientes que aguardam exames de ressonância magnética devem comparecer na Central de Regulação

Mega-Sena sorteia R$ 3 milhões neste sábado

IFMS abre seleção para cursos de qualificação profissional EAD

Advogados de Corumbá serão homenageados pelo Tribunal Regional do Trabalho
Vítimas de agressão física marcam plantão dos Bombeiros

Drone doado pelo Receita Federal tem diversas funcionalidades para os Bombeiros

Dois Bombeiros de Corumbá são homenageados com a medalha Dom Pedro II
