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Tradições pantaneiras recebem holofotes em mostra nacional de artesanato

19 agosto 2022 - 09h57Agência Sebrae de Notícias

Seja com madeira, pele de peixe, couro de boi, salsaparrilha, todos esses materiais servem de base para uma transformação a partir de habilidades manuais de artesãos de Corumbá, Ladário e Miranda. Essas matérias-primas tornam-se instrumentos musicais, joias, carteiras, porta-documentos e tantos outros produtos para uso pessoal ou para decoração de casa. Esses objetos com uma forte tradição pantaneira também encontram espaço para comercialização. Uma forma de potencializar esses negócios é deixar em evidência esses artesãos, que estão expondo sua história e seus produtos na Mostra “Casa do Brasil Central, do Cerrado ao Pantanal”, no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro. 

A mostra é realizada pelo Sebrae desde 12 de agosto e vai até outubro, com os produtos dos artesãos e atividades programadas para serem realizadas ao longo dos próximos meses. A exposição e essa programação especial dentro do CRAB abre um capítulo para esse tradicional artesanato pantaneiro receber uma atenção a mais no mercado nacional e internacional. O CRAB consegue atuar estrategicamente para qualificar os produtos feitos à mão no Brasil. 

Premiado nacionalmente, Sebastião de Souza Brandão é um artesão de Ladário que produz a viola de cocho, é músico e cantor. Ele já teve sua viola tradicional, que entoa o cururu e o siriri, sendo levada para diferentes cantos do Brasil e para o exterior, como Portugal. Toda essa bagagem e história que ele tem entra em um novo patamar com a Mostra “Casa do Brasil Central”.  

Peças de artesanato de MS expostas na Mostra "Casa do Brasil Central, do Serrado ao Pantanal", no CRAB / RJ. Foto: Divulgação

A exposição no Rio de Janeiro serve para ele incentivar o neto, João Vitor Alves Brandão, de 15 anos, a seguir com um legado que já existe na família de mais de 70 anos em manter viva a viola de cocho, o siriri e o cururu. “Nessa exposição, tem uma viola que foi meu neto que fez. Isso é um orgulho. Tem uma neta que também está comigo, mas não teve um instrumento produzido e enviado. Mas o que eu quero é que eles peguem primeiro o jeito do instrumento. Depois eles vão poder se liberar e soltar a voz. Para quem vê de fora, pode achar que o cururu é fácil e simples, mas não é qualquer um que consegue encaixar a voz no instrumento”, relata o ex-ferroviário e artesão. 

Sr. Sebastião, como é conhecido, é hoje uma referência nacional em viola de cocho e aprendeu muito do que sabe como o pai, Inácio de Souza Brandão. Seu trabalho para produção do instrumento é todo feito à mão. Por isso, cada instrumento é único e com detalhes singulares, além de enfeites que quem encomenda pode solicitar a ser feito, o que personaliza ainda mais a viola de cocho. “Eu tenho uma assinatura própria nas violas de cocho que eu produzo. A gente faz tudo, e pode colocar uma corda diferente, se a pessoa quiser, dá para conectar agora a viola a um sistema de som, que é algo que é uma forma de colocar a viola para ser tocada para um público maior”, conta. 

A viola de cocho em evidência no Rio de Janeiro também representa em um outro movimento para auxiliar uma tradição de décadas a se manter viva. “É muito legal, é extraordinário (ver a viola de cocho em exposição no CRAB). Essa cultura (da viola e do siriri e cururu) ficou parada, como se estivesse em uma gaveta. Parecia que não ia mais pra frente. Um pouco antes de começar essa pandemia, alguns companheiros falaram que acabou. (Que) Só ia mesmo ter algo em época de São João. Não acho que é isso. Eu, por exemplo, não parei. Nesse período de pandemia eu fiquei fazendo viola. Tive convite de fazer oficinas de viola. Agora tem esse trabalho no Rio de Janeiro. É uma tradição muito viva”, defende o violeiro, que recebe encomendas por aplicativo de mensagens

Em Corumbá, Francisca Garcia da Silva tem menos tempo que o senhor Sebastião no artesanato. Ela começou a aprender a arte de costurar e usar a pele do peixe para produzir bolsas, carteiras, porta-documentos e outros itens em 2011. Hoje ela integra o projeto Amor Peixe junto com Inês Monteiro Anez, Guilharmina Batista do Nascimento e Migdonia Clementina Nogueira Arzamendia Penha. Esse grupo de mulheres ainda conta com a colaboração de Elza Salcedo Mendes e Rita Conceição na produção, quando a demanda está alta. 

As artesãs produziram bolsas e carteiras especialmente para a mostra no CRAB. “A gente pensou no fato de que como o Rio é quente, tem turistas, as pessoas vão se interessar por carteiras e bolsas. A gente usa o Instagram para vender e participar em feiras dá um realce para nossa equipe. Do começo do projeto Amor Peixe, mudaram todas as pessoas. Antes eram filhas de pescadores. Eu mesmo fui estagiária, não sabia nem costurar. No começo, eu ficava pensando o que iam fazer com a pele do peixe. Será que iam fritar e só? (risos). Não imaginava quantas coisas podiam ser feitas. Hoje temos mais de 37 produtos”, detalha Francisca. 

As artesãs Inez Anes, Francisca Garcia e Guilhermina do Nascimento exibem com orgulho as peças do projeto Amor Peixe. Foto: Divulgação

O projeto Amor Peixe ainda tem sua produção e loja própria montada dentro da Casa do Artesão (rua Dom Aquino, 405, Centro), além de comercializar pelo Facebook e Instagram. Nesse espaço, outros profissionais dividem a estrutura tanto para trabalhar, como vender seus produtos. Com 30 anos de trabalho no artesanato, Davi Ferreira Nazário transforma a salsaparrilha em uma série de enfeites para casa e objetos de uso pessoal. Ele também enviou produtos para a Mostra “Casa do Brasil Central, do Cerrado ao Pantanal”. 

Quem também está na Casa do Artesão e com produtos expostos no Rio de Janeiro é Matias da Silva. Desde criança ele trabalha com couro e produz diferentes peças, como bolsas, chaveiros, chicote, laço e piraim. “Aprendi muito desde quando era criança e fiquei um tempo sem produzir, mas desde 2008 eu retornei e não parei mais com o artesanato”, conta Matias, que mantém funcionando uma loja no Facebook e no Instagram

No trabalho de apoio para promover e qualificar os artesãos de Corumbá e Ladário, recentemente, houve a oficina para esses profissionais aprenderem técnicas e aprimorar a visão de mercado, em capacitação oferecida dentro do Cidade Empreendedora

Matias da Silva, artesão de Corumbá, que trabalha com o couro do boi e produz dezenas de produtos. Foto: Divulgação 

A exposição gratuita “Casa do Brasil Central, do Cerrado ao Pantanal” é um retrato do artesanato característico das regiões do Cerrado e do Pantanal do país e ocupa todas as galerias do térreo do CRAB. Quem puder visitar o espaço, que fica na Praça Tiradentes, no Centro do Rio de Janeiro, vai conhecer a produção de artesãos de Mato Grosso do Sul e comprar as peças. 

Com a curadoria do designer de artesanato Renato Imbroisi, o estado está representado com cerca de 60 profissionais de Campo Grande, Bonito, Jardim, Corumbá, Miranda, Bodoquena e Três Lagoas. As peças mostram, principalmente, as belezas da fauna, como jacarés, onças, araras, capivaras e peixes, além da flora, como um quadro de ipê amarelo, árvore que se tornou símbolo de MS. 

A mostra é promovida pelo Sebrae de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. No total, há a produção de mais de 150 artesãos, trazendo um retrato das produções do Cerrado e do Pantanal. Para saber mais sobre o Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro, acesse a página oficial aqui

 

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