Em depoimento nesta segunda-feira (1º), na sede do SIG (Setor de Investigações Gerais) da Polícia Civil em Dourados, Pedro Benhur Ciardulo, de 21 anos, confessou ter assassinado asfixiada a pecuarista Andreia Aquino Flores, 38 anos, na última quinta-feira (27), em Campo Grande.
Acompanhado de um advogado e diante do delegado Francis Flávio Freire, que investiga o caso, Benhur alegou que a vítima teria reagido. "Ele confirma que em razão da reação da vítima, provocou a esganadura. Inicialmente ele afirmou ter acreditado que ela estivesse desmaiada", diz o delegado. No entanto, a principal linha de investigação da Polícia Civil é de que o crime tenha sido premeditado.
Em entrevista ao deixar a delegacia de Dourados na noite desta segunda-feira, Francis também não descartou a possibilidade do envolvimento de mais pessoas com o crime. "A investigação continua e nenhuma linha de investigação é descartada", comenta. O crime é investigado pela Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos) como latrocínio – roubo seguido de morte.
A prisão
Pedro Benhur foi trazido para a Capital na noite desta segunda-feira (1º) depois de ser capturado em uma casa de reabilitação para usuários de drogas na comunidade Ouro Fino, que fica na saída para a cidade de Caarapó.
O rapaz é cunhado de Lucimara Rosa Neves, de 43 anos, governanta da casa de Andreia e que, junto com a filha Jéssica Neves Antunes, de 24 anos, confessou ter tramado o assalto que acabou provocando a morte de Andreia. As duas mulheres foram presas em flagrante no mesmo dia do crime, mas Pedro estava foragido.
O plano
A ideia de simular o roubo surgiu há 15 dias, explicou Lucimara, quando a irmã de Andreia lhe propôs pagamento de R$ 50 mil para que convencesse a patroa a assinar um documento, “usando os meios que quisesse”. As irmãs tinham uma briga relacionada a cabeças de gado.
Segundo a governanta, a irmã da patroa, contudo, não sabia detalhes do plano. A intenção, alega Lucimara, era lucrar algum dinheiro com o assalto e depois, fazer Andreia acreditar que a irmã havia enviado o criminoso como uma ameaça de morte.
Cronologia
Lucimara conta que chegou à casa da patroa, em condomínio luxuoso por volta das 6h40. Narrou à polícia que encontrou Andreia ainda acordada, fazendo uso de bebidas alcoólicas. Jéssica afirma que chegou às 7h.
As duas trabalharam normalmente. Ela disse que limpou a casa, recolheu garrafas de bebida, lavou a calçada, passou roupas e depois disso, chamou sua filha Jessica para ir às compras, em atacadista na Rua Marquês de Lavradio.
A nota fiscal do supermercado mostra que as duas terminaram de passar os produtos no caixa, às 10h16. Pelos itens, as empregadas desembolsaram R$ 786,69 pagos no cartão de uma delas depois que a patroa havia feito Pix de R$ 1 mil. Conforme o plano, foi no estacionamento que Pedro se juntou às duas.
Do mercado, o trio passou em loja de utilidades, na Avenida Ministro José Arinos, para comprar a arma de brinquedo que seria usada na encenação. Depois, passaram em um posto de combustíveis para comprar cigarros e seguiram para o condomínio.
Na casa de Andreia, segundo as duas depoentes, primeiro entraram Pedro e Jéssica, fingindo estar refém. Ainda de acordo com os depoimentos, a vítima resistiu à investida do assaltante para amordaçá-la. Ela se debatia e ele apertava um pano contra o rosto dela, até que Andreia desfaleceu.
Só depois, o corpo de Andreia foi levado para o andar de cima da casa. Lucimara relatou que jogou água na tentativa de acordar a patroa, mas foi em vão. Ela levou o assassino até a casa dele, no Tiradentes, voltou para a residência da patroa e junto com a filha, pediu ajuda a um vizinho.