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Seca baixa nível do Rio Paraguai e paralisa exportações de minério em Mato Grosso do Sul

29 março 2024 - 08h19Midiamax

Março termina com péssimas perspectivas para o transporte hidroviário em Mato Grosso do Sul. Com o nível do rio Paraguai baixíssimo e o início do período de estiagem, a exportação de minério para a Argentina já migrou dos rios para a rodovia e a expectativa é de piora. Quem trabalha na área, contabiliza prejuízos e torce por um ‘milagre hídrico’ nos próximos meses.

No dia 28 de março de 2024, o nível do rio Paraguai, em Ladário, chegou a 0,92 cm. O resultado é o pior dos últimos sete anos e muito abaixo do nível de 2,40 metros registrado no mesmo dia de 2023. Nesse cenário, transportar minério pela hidrovia até a Argentina se tornou inviável pelo custo, já que não é possível atingir a capacidade máxima das barcaças.

O gerente do terminal portuário Odfjell em Ladário, Eliseu Carreiro, explica que o nível do rio atual não permite o carregamento total das barcaças. Normalmente, cada barcaça é carregada com 3 mil toneladas de minério de ferro e o comboio sai com 16 a 20 barcaças para exportação. Atualmente, só é possível carregar 1 mil tonelada por barcaça.

Sem atingir a capacidade máxima, o transporte de minério pela hidrovia fica inviável, já que o preço passa a não compensar para o exportador. Restam às empresas colocar a carga nas rodovias para chegar ao destino, a Argentina.

“Está muito atípico em relação ao ano passado. Para o transporte fluvial, o cenário está se desenhando como o pior de todos os tempos e estamos preocupados com o que pode acontecer”, conta ele ao contabilizar os prejuízos. No terminal, a carga exportada no primeiro trimestre representa apenas 10% do volume do mesmo período do ano passado.

Preocupações com a safra de soja

Mato Grosso do Sul está em fase de finalização da colheita da soja e escoar a produção deve ser um grande gargalo, com a hidrovia impactada pela seca. Em Porto Murtinho, o nível do rio Paraguai também é preocupante e o movimento de barcaças é baixo.

Dados da Marinha do Brasil mostram que, em Porto Murtinho, o rio Paraguai atingiu nível de 1,80 metro em 28 de março de 2024. No mesmo dia do ano passado, o nível do rio era de 5,19 metros. O nível registrado este ano é o menor dos últimos 7 anos contabilizados pela Marinha na região.

Equipe do porto FV, em Porto Murtinho, confirma que a movimentação de barcaças está aquém do ano passado, quando as exportações de soja estavam a todo vapor. “As chuvas atrasaram e o rio não tem água suficiente, mas temos a expectativa de melhora”, afirma gerente do porto.

Pior seca da história de Mato Grosso do Sul

O nível do rio Paraguai, em Ladário, caminha em 2024 para atingir o pior nível histórico de seca já registrada em Mato Grosso do Sul. Nesta semana, a régua de Porto Esperança marca 7 centímetros, sendo que 35 cm já é considerado estiagem. A situação é crítica e pode estar relacionada com as mudanças climáticas e as consequências nas temperaturas e ciclo de chuvas.

Pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Padovani, acompanha há anos o comportamento dos rios de Mato Grosso do Sul, principalmente na bacia do Paraguai e afirma que o cenário atual é preocupante. A referência usada por ele é o nível do rio Paraguai na régua de Ladário, que representa 80% da baía e tem histórico de 123 anos.

O principal alerta é que, nesta época do ano, a região pantaneira encerra o período de cheias e inicia a estiagem, mas os rios não encheram como era esperado. As altas temperaturas, aliadas a irregularidade e pouco volume de chuvas, afetam diretamente a bacia do Pantanal e, consequentemente, o nível dos rios.

“Tem chovido, mas a chuva não tem influenciado no nível dos rios porque é necessária muita chuva para infiltrar no solo e encher os rios, mas as chuvas estão irregulares e está muito calor, o que também contribui para que a chuva não seja suficiente”, explica o pesquisador. Com chuvas irregulares e rios secos, outras duas graves consequências acontecem: falta de navegabilidade na hidrovia e tendência a incêndios.

Marinha alerta para nível do rio Paraguai negativo

No início de março deste ano, a Marinha do Brasil emitiu um estudo técnico sobre a bacia do rio Paraguai no Pantanal, onde alerta para a probabilidade do rio atingir níveis negativos nos próximos meses, assim como ocorreu em 2020 e 2021.

Considerando o histórico de chuvas, a Marinha acredita que o acumulado de precipitação atinja de 700 a 800 mm, ficando abaixo da média histórica de 1113,3 mm. Fato similar ao ocorrido em 2020 e 2021, quando foi observado período de forte seca na região, com queimadas e baixo nível do rio Paraguai.

Em 2024, o nível máximo anual do rio Paraguai deve ocorrer entre o final de maio e começo de junho, com a cota variando em torno de 1,50 m. Em relação à cota mínima anual, espera-se que atinja cotas negativas na régua de Ladário ao final do período de vazante, semelhante ao que ocorreu em 2020 (-0,32 m).

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