Em operação até 2018, o terminal de gado movimentava mais de 100 mil animais por ano.. (Divulgação/Sindicato Rural)Os produtores rurais do Pantanal, por meio do Sindicato Rural de Corumbá, se manifestaram indignados e preocupados com a decisão da prefeitura de Ladário de interferir numa negociação, que estava sendo encaminhada em Brasília, para operacionalização do terminal de embarque e desembarque de gado instalado no porto fluvial daquele município.
O fechamento do terminal, ocorrido há dois anos por medida unilateral do Ministério dos Transportes, vem criando dificuldades para o pantaneiro escoar sua produção de bovinos para o planalto. Hoje, esse desembarque de animais se dá de forma precária e clandestina na Prainha Vermelha, sem nenhuma estrutura mínima, situada no porto-geral de Corumbá.
O Sindicato Rural de Corumbá iniciou tratativas com o governo federal, desde o início do ano, com o apoio da deputada federal Bia Cavassa, no sentido de encontrar uma solução provisória que viabilizasse a reabertura do terminal, enquanto se discutia, em nível ministerial, a concessão do porto para o município ou para a iniciativa privada.
Tentativa abortada
Uma solução, ainda que paliativa, tão esperada pelos produtores pantaneiros, estava sendo construída, junto a SPU (Superintendência do Patrimônio da União), contudo o acordo não foi formalizado. O presidente do sindicato rural, Luciano Aguilar Leite, foi a Brasília e descobriu que a prefeitura de Ladário, interessada na concessão do porto, pediu vistas ao processo.
“Lamentavelmente, a prefeitura de Ladário atravessou uma negociação que estava sendo finalizada para reabrir o terminal de gado, dentro das normas portuárias, não sabemos com que interesse, sem medir as consequências desse ato irresponsável”, criticou Luciano Leite.
Os produtores das áreas do Pantanal sem acesso rodoviário, como o Paiaguás, dependem do único terminal de embarque e desembarque de gado da região para escoar sua produção. Hoje, 95% do boi gordo consumido no planalto sai da planície pantaneira, via Corumbá, que detém o maior rebanho bovino do Brasil.
“Estamos próximos de uma nova cheia no Pantanal e nossos produtores não terão como escoar sua produção, haja visto que o desembarque na Prainha Vermelha será prejudicado com a subida das águas do Rio Paraguai, impedindo o acesso de caminhões no local”, alertou o presidente do sindicato rural.
Produtor construiu terminal
Luciano Leite afirma que a medida intempestiva da prefeitura de Ladário revoltou a classe produtora, que sequer foi ouvida pelo município para que se buscasse uma solução enquanto se define quem assumirá a concessão do porto, hoje abandonado.
“O terminal de gado foi construído pelos nossos produtores e era usado há 40 anos. A prefeitura de Ladário, agindo de forma silenciosa, quebrou um acordo que estava sendo formulado dentro da lei, paralisando um processo que agora pode demorar mais um longo tempo”, lamentou o dirigente ruralista.
Quando estava em operação, até 2018, o terminal de gado movimentava mais de 100 mil animais por ano. O Sindicato Rural de Corumbá cobra uma solução urgente para que os produtores tenham um meio de escoar sua produção, independentemente da discussão paralela que se trava sobre a concessão do porto fluvial.
“Não queremos assumir o terminal e muito menos o porto, buscamos viabilizar o transporte da nossa produção e merecemos mais respeito. Precisamos do terminal operando, pagando as taxas portuárias, não nos interessa quem vai assumir o porto”, finalizou Luciano Leite.
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