Plano de Mobilidade prioriza pedestres e uso de bicicletas
13 abril 2016 - 09h35Gesiane Medeiros
A noite desta terça-feira (12) foi de dever cumprido por parte da equipe municipal e técnica contratada, envolvida no projeto de criação do Plano de Mobilidade Urbana e Rural de Corumbá (PMOB). O trabalho que iniciou em julho de 2015 com diversas reuniões envolvendo autoridades e população, foi enfim finalizado e apresentado junto a abertura oficial da 6° Conferência da cidade, no Anfiteatro Salomão Baruki. O documento apresenta um planejamento detalhado para os próximos 15 anos da cidade, com base em previsões de crescimento urbano, econômico e populacional.
Maria Clara Scardini, diretora presidente da Fundação de Desenvolvimento Urbano e Patrimônio Histórico (Fuphan), se mostrou satisfeita e orgulhosa pelo trabalho, ressaltou ainda a importância de Corumbá criar seu próprio plano. “A cidade precisa elaborar o plano para obter recursos, e muitas terminam copiando de outras para facilitar o trabalho, nós decidimos por realmente montar um plano de mobilidade que supra a necessidade de Corumbá e deixe um legado para os próximos 15 anos, esse plano vai virar Lei, e os próximos gestores do município deverão segui-lo”, explica Maria Clara.
O Grupo Votorantim Cimentos, empresa com mais de 60 anos na cidade, foi um grande parceiro da prefeitura no desenvolvimento do projeto, a empresa de consultoria, de São Paulo, que coordenou e produziu o plano, foi contratada pela Votorantim, sem gerar qualquer custo para os cofres públicos.
Paulo Duarte, evidenciou a importância do planejamento, “logo na entrada da cidade temos um exemplo claro do que acontece quando a política sobressai a necessidade das pessoas, lá tem mais de mil unidades habitacionais, criadas há pelo menos seis anos atrás, sem qualquer estrutura para uma vida digna, falta pavimentação, saúde, educação e muitos outros itens. O Planejamento da Mobilidade de uma cidade deve ser feito de acordo com a realidade, Corumbá hoje tem muito mais veículos que há dez anos atrás, mas precisamos valorizar as pessoas que vivem nela, pensar e entender o transporte coletivo, para que a vivência em sociedade siga uma lógica a médio e longo prazo”.
Diagnostico de Corumbá
André Costa, arquiteto e urbanista representante da Risco Arquitetura, empresa de consultoria contratada pela parceria Votorantim, apresentou o diagnóstico da cidade como uma área urbana, em grande maioria plana e com extensão de aproximadamente 7 quilômetros de extensão entre suas extremidades norte, sul, leste e oeste. A população com maior renda (acima de cinco salários mínimos), está concentrada no centro da cidade, assim como a força do comércio, segundo pesquisa realizada por alunos da UFMS, para o desenvolvimento do plano, a maioria das pessoas vêm ao centro da cidade para trabalhar e utilizar serviços bancários. Sendo assim, já se apresenta a necessidade de expandir serviços básicos a população para os bairros. Outro apontamento da pesquisa é que entre os 1.500 entrevistados, 44% utilizam automóveis, moto ou táxi; 26% andam a pé; 7% de bicicleta e 20% de ônibus. Porém dos que andam a pé apenas 6,3% desejam continuar e 49,9% preferiam estar de automóveis.
André explica que Corumbá é uma cidade que apresenta facilidade para o transporte de bicicleta, por isso deve ser incentivado, com estrutura necessária em vias asfaltadas, ciclovia e calçadas. “As pesquisas apontaram que 76% dos ciclistas sentem medo de trafegar pela cidade, as vias não são seguras”, diz o arquiteto. Outro apontamento é a acessibilidade, o estudo mostrou que apenas no centro da cidade tem rampas de acesso para portadores de deficiência, mesmo assim em uma quantidade muito abaixo da necessária.
Até a confecção final do PMOB, foram realizadas reuniões em bairros da região urbana e também da área rural, para entender os problemas de perto e buscar soluções eficazes.
Prioridades do PMOB
Ficou claro que o Planejamento de Mobilidade Urbana e Rural criado para Corumbá, que será em breve votado pelos vereadores do município, e deverá ser seguido pelos próximos 15 anos, irá evidenciar e incentivar dos chamados deslocamentos vivos, de bicicletas e a pé. Segundo estudo elaborado pela empresa contratada, Corumbá precisaria de pelo menos 40 quilômetros de ciclovia pavimentada e sinalizada para funcionar bem. Atualmente se tem apenas 6 quilômetros e mais 34 deverão ser implantados. Para o arquiteto coordenador do projeto, “é fácil andar de bicicleta em Corumbá e isso deve ser valorizado”. Afirma André.
O item de transporte coletivo também sofrerá alterações, porém estas podem ocorrer de acordo com a necessidade da atualidade, apesar de deixarem uma diretriz registrada, existem situações que ocorrem de surpresa e devem ser regularizadas com exatidão.
O último item tratado pelo PMOB são os veículos motorizados individuas, a aposta é que se a cidade oferecer uma boa estrutura para outras opções de transporte, a mentalidade das pessoas também mude, “o trajeto pode ser facilmente cumprido de bicicleta em curto período de tempo, atualmente 2/3 dos ciclistas entrevistados afirmaram gastar entre 10 e 30 minutos para realizar seu trajeto, considerando uma velocidade média entre 12 e 15 quilômetros/h, o que dá um percurso médio de 4,4 à 5,5 quilômetros, boa parte da extensão territorial urbana da cidade”, ressalta o arquiteto.
O documento possui ao todo seis objetivos principais, 12 programas e 118 ações que devem ser implantas ao longo dos próximos 15 anos, para que a evolução esperada aconteça. Entre os objetivos estão: promover os deslocamentos ativos, tornar o transporte coletivo mais atrativo que o individual, assegurar que as intervenções no sistema de mobilidade urbana contribuam para a melhoria da qualidade ambiental, tornar a mobilidade urbana um fator de inclusão social e redução de desigualdade, otimizar a gestão do espaço viário e estruturar a gestão pública da mobilidade urbana e rural no município.
O Plano de Mobilidade Urbana e Rural está disponível na íntegra para pesquisa, em página online. Clique para ter acesso.