Tem tecnologia que nem a Nasa (Agência Aeroespacial Norte-Americana) ainda foi capaz de criar, mas, se depender dos protótipos desenvolvidos pelos alunos das escolas do Sesi é questão de tempo até uma série de soluções estarem ao alcance dos astronautas para auxiliá-los nas viagens espaciais. Seguindo o tema “Into Orbit: Você tem o que é preciso para entrar em órbita?”, proposto pela FLL (First Lego League), que todos os anos promove um torneio internacional de robótica entre alunos de escolas públicas e privadas do Brasil, os alunos da equipe Tupinambótica, time oficial de robótica da Escola do Sesi de Corumbá, receberam o doutor em Astronomia e pesquisador titular da Divisão de Astrofísica do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Oswaldo Duarte Miranda, para auxiliá-los na elaboração do projeto de pesquisa.
O projeto é um dos quatro critérios de avaliação do Torneio de Robótica da FLL e, neles, os alunos são desafiados a criar uma solução inovadora de acordo com o tema proposto, e submete-lo a avaliação de um grupo de juízes durante a competição. “O encontro foi muito importante para discutir o tema Into Orbit, desde um problema físico e que impacta a saúde ou segurança do explorador espacial, como, por exemplo, a necessidade de ar, água, comida e exercício, até um problema social, que pode afetar a habilidade a longo prazo do ser humano de ser produtivo no espaço, como o isolamento e o tédio, já que a exploração espacial de implica passar um ano ou mais fora da Terra”, explicou o professor articulador de Robótica da Escola do Sesi de Corumbá, Carlos Roberto Leão Campos.
Para os alunos, as lições deixadas pelo astrofísico serão de enorme para auxiliar na elaboração do projeto de pesquisa. “Eu gostei muito das orientações do PHD pois ele ajudou muito no nosso projeto, falando um pouco sobre uma viagem até Marte, e uma viagem até a estação espacial e falou que precisamos de argumentos mais importantes para o nosso projeto”, disse Amanda Nunes, do 7º ano do Ensino Fundamental. “Fico muito feliz por nossa equipe ter essa visita tão incrível que foi do doutor Oswaldo, que nos deu muitas dicas e ideias para nosso projeto de pesquisa que vamos apresentar no torneio. A presença dele nos ajudou até a ter novos argumentos para a construção e a conclusão do nosso trabalho”, completou Francislaine Vitória Arruda, da 2ª série do Ensino Médio.
Viagem à Lua
Durante o bate-papo com os estudantes, Oswaldo Duarte Miranda explicou o porquê de o homem não ter mais voltado à Lua depois que chegou ao fim o Programa Apollo, criado pelo governo dos Estados Unidos e viabilizado pela Nasa para realizar pesquisas científicas na Lua. Ele lembrou que, no total, foram 11 missões, sendo que as quatro primeiras ocorreram entre outubro de 1968 e maio de 1969 e fizeram apenas testes com módulos de espaçonaves e orbitaram em torno do satélite. Foi só na quinta missão, a Apollo 11, que os astronautas efetivamente pousaram e caminharam sobre a Lua. Durante três anos, o país enviou outros astronautas ao local por mais seis vezes.
Com exceção de uma missão, a Apollo 13, que por problemas no funcionamento da nave teve que retornar à Terra antes mesmo de chegar à Lua, todas foram bem-sucedidas. Assim, além dos pioneiros Armstrong e Aldrin, outros dez homens tiveram a chance de pisar no solo lunar. A última missão do programa, a Apollo 17, foi realizada em dezembro de 1972. Depois disso, nunca mais se voltou à Lua. "O custo era muito elevado para uma missão desse tipo e envolvia riscos muito grandes”, avaliou o pesquisador da Divisão de Astrofisica do Inpe. “Além disso, houve uma mudança de meta científica da Nasa, que passou a se envolver no desenvolvimento de sondas, telescópios espaciais e veículos não tripulados para a exploração do sistema solar como um todo”, informou.
Atualmente, as pretensões da agência são ainda maiores: dentro dos próximos 30 anos, a Nasa pretende enviar uma missão tripulada ao planeta Marte. Como parte do projeto, planeja até 2020 um retorno à Lua. “O objetivo é ter ali uma base para reabastecimento de combustível de naves e também poder fazer mais avaliações sobre como os astronautas reagem à exposição muito prolongada à radiação solar. Uma missão à Lua nunca passou de dez dias, enquanto uma viagem de ida e volta a Marte levaria dois anos. Por isso, ainda existe a dúvida se desenvolveriam patologias nessas condições", complementou Oswaldo Duarte Miranda.