Campo Grande será a única cidade brasileira a participar de uma pesquisa que começou em Melbourne, na Austrália, e também será feita em países da Europa para testar um imunizante contra a Covid-19. Por aqui, 2 mil profissionais da saúde serão selecionados para serem revacinados com a Bacilo de Calmette-Guérin (BCG).
A pesquisa pretende descobrir se a vacina usada contra tuberculose também pode ajudar na proteção contra o novo coronavírus. Esta é a nova esperança da ciência para conseguir um imunizante contra a doença, que já matou mais de 500 mil pessoas em todo o mundo e 107 só em Mato Grosso do Sul.
De acordo com o representante da pesquisa no Brasil, o médico infectologista Júlio Croda, que é pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ainda não há data definida para os estudos começarem, mas a equipe que participará do projeto já está sendo montada.
“Esta vacina induz uma resposta intracelular no sistema imunológico e por isso pode ser benéfica para proteger contra a Covid-19, por ser um vírus intracelular”, explicou o pesquisador, que também é professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Seleção
Segundo Croda, a categoria foi escolhida por ser uma das expostas ao vírus e a que mais corre o risco de ser infectada pela doença. A seleção dos profissionais ainda não começou, mas participarão servidores municipais e do Estado. “Eles serão acompanhados por um ano, para detecção se tiverem contato com o vírus”.
A ideia começou a ser desenvolvida há cerca de um mês. A pesquisa foi iniciada pela Universidade de Melbourne, é financiada pela Fundação Bill e Melida Gates e tem o aval da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“No momento em que estamos, está é uma esperança, de que uma vacina de outra doença, que sabemos ser segura e que não causa efeitos colaterais, possa ajudar. A OMS apoiou a pesquisa e fez, inclusive, um ofício de apoio”.
A vacina ainda está sendo adquirida. Conforme o infectologista, não será a mesma que o Brasil utiliza atualmente. “Vamos usar a BCG fabricada na Dinamarca. Hoje, no Brasil, se fornece a que vem da Índia, mas esta outra, que também já foi usada aqui, tem uma qualidade um pouco superior”.
Ciência
Além desta iniciativa, outras vacinas têm sido criadas ao redor do mundo para tentar conter a pandemia causada pelo novo coronavírus.
Um desses imunizantes é feito no Brasil, pelo Instituto Butantan, de São Paulo. O centro participa das pesquisas de construção de uma vacina contra o novo coronavírus desde o dia 10 de junho, quando firmou parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech, que obteve uma vacina em fase avançada de desenvolvimento, a Coronavac – que utiliza o coronavírus inativado para estimular uma resposta imunológica do organismo.
Ao todo, cerca de 10 vacinas em potencial estão sendo testadas em humanos ao redor do mundo, na esperança de que uma possa se tornar disponível nos próximos meses. Por conta disso, a OMS espera que, caso alguma se mostre eficaz, centenas de milhões de doses possam ser produzidas neste ano e dois bilhões de doses até o fim de 2021.