Menu
quinta, 20 de março de 2025
Andorinha - Vendas por WhatsApp
Andorinha - Novembro 2024
Geral

Mulheres indígenas e suas lutas para mudar a história

19 abril 2024 - 10h29Patrícia Rodrigues

O Brasil vivia a Era Vargas quando 19 de abril foi eleito como o Dia do Índio. Uma data criada no bojo de uma política cujo objetivo pode ser resumido à assimilação dos povos originários à sociedade não indígena. Desde lá, muito aconteceu e, nesse processo, o movimento indígena é um forte exemplo do protagonismo e da resistência desses povos.

Quase 80 anos mais tarde, em junho de 2022, foi instituído o Dia dos Povos Indígenas. É importante entender esta mudança: o termo “indígena” é considerado mais adequado, pois ressalta a diversidade étnica e cultural dos povos originários, já “índio” é um termo genérico, que não considera as especificidades que existem entre os povos. O projeto que deu origem a Lei 14.402/22 foi de autoria da primeira mulher indígena a ser eleita Deputada Federal: Joenia Wapichana, atual presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), cargo onde repete o pioneirismo.

É nos detalhes que observamos as mudanças: Sônia Guajajara, candidata à vice-presidência da República nas eleições de 2018 é hoje a ministra do Ministério dos Povos Indígenas. É a primeira vez que temos um ministério chefiado por uma liderança indígena. Sônia é uma das vozes contra as ações que ameaçam a vida dos povos originários e prejudicam o meio ambiente.

Mas ainda falta muito. O Brasil, país multiétnico e multirracial, historicamente, tem as suas instâncias de poder e de decisão carentes de representatividade de grande parte da população brasileira, incluindo, nesse conjunto, os povos originários. Será que esta realidade está a mudar? Uma educação e uma sociedade antirracistas devem considerar a seriedade desta informação histórica e a pertinência desta pergunta.

Eu era uma menina quando ocorreu a eleição do primeiro Deputado Federal Indígena (1983–87), o cacique Mário Juruna. Sua presença sempre acompanhada de seu gravador, assim como a sua atuação nos espaços da Assembleia Nacional Constituinte de 1987–88, a mim, dizia muito mais que as páginas dos livros.

A Carta Magna, em relação aos povos originários, abandonou a concepção tutelar e integracionista e assegurou, por exemplo, o direito à terra e à preservação de suas culturas. Apesar disso, as conquistas gravadas ainda não foram suficientes para solucionar as questões indígenas. Hoje yanomamis e mundurukus comprovam o desrespeito ao documento quando denunciam casos sistemáticos de sofrimento, violência e desnutrição, além de evidenciar sobre o descaso público e social.

Mas acredito na força dos movimentos e ações, principalmente, de mulheres indígenas, de diferentes etnias, em diferentes espaços sociais, políticos e culturais. Hoje, a Câmara dos Deputados, conta com quatro parlamentares indígenas, sendo três mulheres.

Cabe a nós abraçarmos a causa, nos informarmos, refletirmos sobre as pautas indígenas e continuarmos as discussões. Importa conhecermos as histórias e as culturas dos povos originários, e entender que essas histórias, a partir de 1500, compõem a história brasileira. Não são um capítulo à parte. Que história queremos legar?

Patrícia Rodrigues

Patrícia Rodrigues Augusto Carra é doutora em Educação, psicopedagoga, historiadora, pesquisadora e fundadora da revista digital Histori-se. É autora do livro infantil “Maion - ancestralidade e história”, que narra a trajetória de resistência de uma família indígena no Brasil.

Deixe seu Comentário

Leia Também

ANIVERSÁRIO
PMA Celebra 38 Anos de Proteção ao Meio Ambiente em MS
turismo
Corumbá está entre as 10 cidades turísticas mais seguras do país
Oportunidade
FUNEL abre processo seletivo para contrato temporário de 26 profissionais
Gastronomia
Festival Brasil Sabor está com suas inscrições abertas em MS
Economia
Imposto de Renda: Cartórios do MS disponibilizam novo site oficial para consulta de imóveis
Plantão
De vítima de trânsito à casa alagada, Bombeiros registram cinco atendimentos em 24 horas
Trânsito
Capotamento na Estrada Parque deixa dois homens feridos
Evento
TecnoAgro 2025 reúne novidades do setor e promove conhecimento à estudantes
Cidade
No dia depois da chuva, Ladário amanhece enlameada e com muito trabalho a ser feito
Tempo
Quarta-feira amanhece com sol, mas promessa é de mais chuva forte
Corumbá e Ladário tem mínima de 21°C e máxima de 34°C

Mais Lidas

Oportunidade
FUNEL abre processo seletivo para contrato temporário de 26 profissionais
Na Capital
Vereador repudia ato de professor que ofendeu publicamente estudante corumbaense
Polícia
Câmeras, rádios e olheiros controlam as rotas clandestinas na fronteira com a Bolívia
Cidade
No dia depois da chuva, Ladário amanhece enlameada e com muito trabalho a ser feito