Uma ciranda de palavras que proporcionam a percepção de dicotomias que habitam nas coisas e nos atos. De um lado, o amor profundo, a projeção da empatia. Do outro, o peso e a responsabilidade que advém desse sentimento. Em "Poemas de Amor e Fúria", o jornalista Victor Barone quebra jejum de uma década da primeira publicação, e revela que neste ínterim maturou seu olhar sobre o mundo.
Com lançamento a partir das 18h da próxima quarta-feira (6), na livraria Leparole, o novo livro de poesias de Victor Barone apresenta aos leitores 74 poemas repletos de lirismo e força. Também integram a obra o prefácio assinado pelo escritor e poeta mineiro L. Rafael Nolli e a riqueza das ilustrações do artista plástico Isaac de Oliveira, baiano radicado em Campo Grande.
Diferente de seu primeiro livro (Outros Sentidos, 2008 - Independente), no qual a sinestesia das palavras decorrentes de emoções seguiu protagonista, os versos de "Poemas de Amor e Fúria" trazem a guerra entre sentimentos não necessariamente opostos, mas complementares em sua essência: o amor, como sintoma da empatia. E a fúria, como reação das marcas d'alma.
É o experimento possível que surge a partir do enxergar-se em frente ao espelho. E de notar nos traços do rosto o resultado da vida fatigante, mas não por isso menos encantadora.
Barone celebra em "Poemas de Amor e Fúria" sua visão sobre o poder das palavras - as ditas e não ditas, que também ressonam no olhar, nos gestos, no sentir das coisas. Ao mesmo tempo que é poesia, é também uma etnografia dos tempos, é um retrato da fenomenologia tatuada nos atos cotidianos.
No prefácio, Nolli arremata certeiro esse aspecto marcante dos versos, nos quais o autor imprime suas impressões do mundo, ao longo de uma década marcada por tumultos sociais, políticos e interpessoais.
"A poesia de Victor Barone está no olhar – no que ele vê. E ele vê não só o superficial, facilmente perceptível – transformando a realidade em poesia – ele vê, como os poetas veem – ou deveriam ver – por dentro, pelas engrenagens secretas, pelas entranhas, pelas entrelinhas. Creio residir aí o grande segredo de sua poesia", comenta o prefacerista.
Nas palavras do próprio autor, a obra marca o fim de um hiato desde sua primeira obra e a maturação de seu olhar para além de si. É a mistura da sensibilidade com a agressividade, na composição e reprodução dos maniqueísmos que diariamente presenciamos, mas que nem sempre percebemos ou queremos notar.