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Evolução tecnológica é aliada no monitoramento das onças-pintadas no Pantanal

10 agosto 2022 - 10h40Assessoria

Os primeiros estudos publicados envolvendo onças-pintadas de vida livre foram documentados no fim da década de 70, justamente no Pantanal-sul-mato-grossense, na área da atual RPPN Acurizal. Mais de 50 anos depois, já se sabe muito mais sobre o maior felino das Américas e a tecnologia tem sido uma aliada nas pesquisas, como a desenvolvida pelo programa Felinos Pantaneiros, do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), na região pantaneira. 

No início dos estudos sobre a onça-pintada, os pesquisadores George Schaller e Peter Crawshaw utilizaram a radio-telemetria para identificar o comportamento destes felinos. 

“Em 2009, o IHP adquiriu suas primeiras armadilhas fotográficas e timidamente iniciou o monitoramento dos felinos na área da RPPN Engenheiro Eliezer Batista. Os modelos usados nessa época eram analógicos e produzidos no Brasil. As dificuldades de acesso aos diferentes habitats da RPPN e as próprias limitações dos equipamentos não permitiam que  grandes áreas fossem amostradas por nós naquele momento”, relembra a bióloga, doutora em Ecologia e Conservação e pesquisadora do programa Felinos Pantaneiros, Grasiela Porfirio. 

Nos primeiros equipamentos usados na região pantaneira pelo IHP, cada armadilha fotográfica funcionava com um rolo de filme de 36 poses, sendo programada para capturar animais com um intervalo de 15 minutos entre os registros. Os registros eram feitos, ainda, somente no período crepuscular e noturno. 

“Com essa programação, acreditávamos potencializar ao máximo nossas chances de detectar os felinos nas primeiras trilhas abertas na RPPN. Em 2011, uma parceria com a Universidade de Aveiro (Portugal), permitiu que utilizássemos cameras trap digitais, com sensores infravermelhos e uso de cartões SD. A programação de intervalos de cinco segundos entre registros e pilhas menores permitiu que explorássemos uma área bem maior”, conta Grasiela, sobre o período em que o IHP começou a monitorar além da RPPN EEB, parte da Fazenda Santa Tereza, na Serra do Amolar. 

Com a ampliação dos estudos há uma década, foram identificadas quatro espécies de felinos na Serra do Amolar: a onça-pintada, a onça-parda, a jaguatirica e o gato-mourisco. O uso das cameras trap permitiu que fossem estudados os padrões de atividade dos felinos, a relação com as presas e o uso do habitat. 

O avanço tecnológico, nos últimos anos, permitiu o registro de vídeos com som, sensores cada vez mais potentes e menos invasivos, além de preços de equipamentos mais acessíveis ao monitoramento de grandes áreas. “A tecnologia de monitoramento por colares VHF também foi substituída por colares GPS. Antes, o pesquisador que monitorava onças com colares VHF podia levar o dia todo para localizar e triangular um animal para, depois, estimar sua localização geográfica com um software, e com esses dados calcular a área de vida dos animais. O tempo de monitoramento necessário para obter um número de localizações razoável era longo, de vários anos até”, diz a bióloga. 

Hoje, o monitoramento GPS permite a obtenção de localização geográfica a cada 30 minutos, com dados armazenados pelos colares sendo transferidos para sistemas de satélites e até mesmo celulares.   

Para a bióloga, o avanço tecnológico, somado a modelagens e softwares, gera resultados de análises de uso do espaço e do tempo cada vez mais refinados. “O que tem um valor enorme para o conhecimento científico e para a conservação”, exemplifica. 

“Temos com o IHP, desde 2020, uma linha específica de parceria em resposta aos incêndios recordes do bioma naquele ano”, relata o assessor global de bem-estar animal da Proteção Animal Mundial, Roberto Vieto. “Em diversos países apoiamos atores locais para promover ações de proteção, resgate e recuperação da vida silvestre. Então, neste caso, a colaboração viabilizou a modernização e a multiplicação das cameras trap espalhadas pelo Pantanal sob a supervisão do IHP, ajudando também o trabalho do projeto Felinos Pantaneiros”, explica.  

“As câmeras são ferramentas muito importantes para defesa do bem-estar animal. Esses equipamentos novos captam imagens de alta qualidade, com pouca luz e possibilitaram cobrir uma área maior. Entre outros resultados, já no começo desse ano várias fotos e vídeos permitiram constatar a resiliência da fauna depois dos incêndios sucessivos, além do efeito geral de medidas de conservação. Entre essas imagens, vimos onças com filhotes. A presença de predadores de topo com filhotes é um sinal da reação também de outras espécies”, completa Vieto. 

No comparativo, a atualização dos equipamentos utilizados, melhora o estudo em todos os aspectos. Foto: Divulgação

Atualmente, o Felinos Pantaneiros monitora os felinos por meio das armadilhas fotográficas, colares GPS e por meio da análise das fezes, que, além de demonstrar os padrões de dieta das espécies, permite conhecer e investigar aspectos genéticos, demográficos, epidemiológicos e da saúde, graças às tecnologias moleculares. 

“Com a tecnologia sempre a avançar, mais e mais perguntas são respondidas, nossa compreensão do meio natural aumenta e, consequentemente, temos mais ferramentas e informação para ajudar a proteger e explorar sustentavelmente nossa biodiversidade”, comemora a bióloga do programa Felinos Pantaneiros. 

Sobre o Programa Felinos Pantaneiros 

Executado pelo Instituto Homem Pantaneiro, o Programa Felinos Pantaneiros tem como objetivo principal propor e executar ações de manejo que visem mitigar o conflito causado pelos casos de depredação de rebanhos bovinos por grandes felinos, e predação de lavoura por porcos silvestres, assegurando melhores práticas e referência na harmonia entre produção e conservação. Além da avaliação de estratégias anti-depredação do rebanho bovino, o projeto estima e avalia, aspectos ecológicos dos grandes felinos pantaneiros nas áreas da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar. Atua desde 2016, na Rede Amolar e na fazenda BrPec, localizada na região de Miranda-MS. 

Como forma de disseminar o conhecimento científico com uma linguagem mais acessível para a população, o programa realiza atividades de sensibilização ambiental em escolas rurais, propriedades rurais, comunidades ribeirinhas e na cidade de Corumbá-MS, aproximadamente 6000 pessoas entre adultos e crianças já foram sensibilizadas por estas atividades. A manutenção das populações dos felinos pantaneiros e consequentemente do Pantanal está diretamente ligada à disseminação de conhecimento, com o objetivo de formar indivíduos que sejam conscientes da importância de conservar o planeta em que vivemos. 

Dentro do Programa Felinos Pantaneiros, desde 2019 a ISA CTEEP, maior transmissora privada de energia do País, desenvolve o programa de sustentabilidade Conexão Jaguar com o apoio do IHP. A companhia conta ainda com os aliados técnicos South Pole e Panthera, dois líderes mundiais no combate às mudanças climáticas e no fomento da sustentabilidade, dedicados ao mercado voluntário de créditos de carbono e à conservação de espécies, respectivamente. 

Atualmente, o Conexão Jaguar apoia nove iniciativas na Colômbia, Brasil e Peru, que somam uma redução potencial de mais de 7 mil toneladas de CO2 em 828 mil hectares de floresta e com 167 espécies de fauna registradas. 

Desde março de 2022 a General Motors também é apoiadora do Felinos Pantaneiros, dando respaldo às atividades científicas e de educação ambiental do Programa, além de disponibilizar uma picape Chevrolet S10 Z71 para atividades em terrenos de difícil acesso, incluindo ações de manejo para minimizar conflitos da fauna com as atividades socioeconômicas da região. 

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