Em pleno século 21, o trabalho escravo continua crescendo no Brasil. Segundo a mais recente atualização da “lista suja do trabalho escravo”, divulgada ontem (10) pelo Ministério do Trabalho e Emprego, agora são 165 empregadores de todo o país acusados de explorar trabalhadores. Em outubro do ano passado eram 132 empregadores na lista nacional.
A lista atualizada mostra empregadores que exploram trabalhadores em lanchonetes e pastelarias na famosa praia de Copacabana no Rio de Janeiro e até uma empresa que vendia batata frita no Rock In Rio. Mas a liderança do ranking sujo da escravidão continua nas mãos do agronegócio brasileiro, principalmente a pecuária.
Em Mato Grosso do Sul a lista suja do trabalho escravo também aumentou. Agora são três empregadores de três propriedades rurais que aparecem no ranking. Até outubro do ano passado eram duas fazendas na lista.
O empregador sul-mato-grossense incluído nesta terça-feira na lista do Ministério do Trabalho é Gregório da Costa Soares, da Fazenda Baía do Cambará Redondo, localizada no município de Corumbá, no Pantanal, onde quatro trabalhadores foram resgatados no ano passado em condições análogas à escravidão.
Idoso – Entre os trabalhadores resgatados nessa fazenda estava um idoso de 70 anos de idade, que por duas décadas foi mantido em condições de escravidão. Ele não tinha documentos, dormia em cômodo sem qualquer condição de higiene, bebia água retirada de um coricho, com aparência de óleo diesel e fazia suas necessidades fisiológicas no mato.
Outros dois rapazes mais jovens e um com idade de 55 anos, submetidos às mesmas condições do idoso, também foram resgatados nessa fazenda. Nenhum deles possuía registro em carteira, nem recebia salário.
Mesmo mantidos em condições desumanas, um trabalhador de 26 anos não quis ser resgatado, dizendo que onde estava era sua única chance de trabalho. Ele permaneceu na fazenda junto com a esposa grávida de oito meses e um filho pequeno.
Mais dois – Na lista suja do trabalho escravo divulgada ontem ainda aparecerem outros dois empregadores, um de Dourados e outro de Aquidauana.
A Prestadora de Serviços e Comércio de Madeiras Benites, razão social da Fazenda Santo Antônio, localizada no município de Dourados, mantinha quatro trabalhadores em condição de escravidão. A Santo Antônio aparece na lista pela terceira vez.
Já o empregador Edvaldo Zagatto, da Fazenda São Luís, no município de Aquidauana, mantinha seis funcionários em condições consideradas análogas à escravidão.
Agronegócio – Dos 165 empregadores incluídos na lista divulgada nesta semana, 31 empresas rurais ou fazendeiros foram autuados por manter 204 trabalhadores em regime de escravidão.
Atividades como café, produção de cera de carnaúba e cana-de-açúcar engrossam a lista de atividades do agronegócio envolvidas com o trabalho escravo. Em 2017, o agronegócio respondeu por 23,5% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Foi a maior participação em 13 anos.