Um vídeo enviado pela Polícia Federal para a defesa de André Puccinelli (MDB) supostamente mostra que os agentes da PF e o delegado que estiveram presentes na operação não tinham mandado ou autorização judicial para entrarem no local. Em nenhum momento a autorização foi mostrada. Pelo menos essa é a alegação da defesa do ex-governador.
"Eles estiveram aqui e não mostraram nenhum papel, nenhum mandado", garante seu Luiz, o homem que alugava o local para guardar o que seriam documentos e bugigangas do ex-governador. Havia, inclusive, uma maquete do polêmico Aquário do Pantanal e agendas da época em que ele era governador.
No vídeo, gravado em 8 de dezembro do ano passado, um dos agentes aborda Luiz Gonçalves Valente Filho em frente às casas que ele aluga no distrito industrial e pede que ele “conte rapidinho” a história do filho, que “o filho do senhor trabalha para o André Puccinelli Junior, o filho do André Puccinelli”. As imagens também mostram o momento em que o responsável pela operação insiste que o homem dê a autorização para entrar no local.
“Vocês não foram? Então pode ir lá”, dizendo que eles já entraram, mesmo sem o mandado. A confirmação de que não foi apresentado mandado judicial já havia sido notícia no TopMidiaNews quando a reportagem esteve em Indubrasil e conversou com Luiz Valente. Ele afirmou que não teria recebido nenhum papel dos agentes e que deixou os mesmos entrarem pois “não iria contra delegado da polícia federal”.
Segundo ele, a operação aconteceu depois de agentes à paisana monitorarem a região durante alguns dias. "Ficaram uma semana rodando com um carro Corola e vendo o movimento. Eu nem sabia o que tinha lá dentro e fui explicar isso. Quando perguntei de papel vieram dois delegados e um deles foi até ríspido comigo, mas a gente vai contra polícia?", reclamou e questionou.
A operação aconteceu em 8 de dezembro do ano passado, pouco depois de André Puccinelli ser eleito presidente regional do MDB e apresentado como pré-candidato ao governo pela sigla. Inicialmente a convenção do partido estava marcada para o dia 18 de novembro de 2017, porém teve que ser adiada, uma vez que no dia 14 de novembro aconteceu a primeira prisão do ex-governador, que durou menos de 24 horas.
VEJA O MOMENTO DA BATIDA POLICIAL:
ENVOLVIDO
Nas imagens do vídeo, que tem duração de um minuto meio, um dos agentes questiona o proprietário sobre um homem chamado “João” e, segundo apurado pela reportagem, seria o advogado João Paulo Calves, também preso durante operação no dia 20 de julho. Ele seria um dos sócios do Instituto Ícone e estaria envolvido no suposto esquema de lavagem de dinheiro.
A defesa de João Paulo nega que ele tenha envolvimento. “A abordagem da PF e o acesso à quitinete, no que diz respeito a meu cliente, certamente será objeto de esclarecimento e prova, na Justiça, o que até agora a ele não foi dada a oportunidade”, declara o advogado André Luiz Borges Netto.
“Meu cliente aguarda ser posto em liberdade para responder na Justiça, com clareza e rapidez, sobre toda e qualquer acusação, para revelar ser inocente, nada tendo feito de ilícito”, afirma.
André Puccinelli, o advogado André Puccinelli Jr e Calves foram presos no dia 20 de julho, um dia antes da primeira data anunciada da convenção do MDB, quando o nome dele seria referendado como candidato a Governador. A pedido da bancada o evento teve a data mudada para o dia 4 de agosto, ainda assim, a defesa defende a tese de prisão política.