Curso de medicina é aprovado pelo Conselho Universitário, resta agora a decisão do MEC
24 março 2016 - 12h59Gesiane Medeiros
O que vai representar um grande avanço para os municípios de Corumbá e Ladário está cada vez mais próximo de se concretizar, a criação do curso de graduação em medicina do campus Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Em nota a direção da universidade informou que o Conselho Universitário da UFMS (COUM), aprovou o projeto de criação do curso, que agora segue para a avaliação do Ministério da Educação (MEC), que tem o prazo de 90 dias para dar seu parecer.
A notícia já está sendo muito comemorada pelos autores e colaboradores do projeto, assim como pelo prefeito Paulo Duarte, que declarou estar confiante na aprovação, “é mais um importante passo para conseguirmos formar médicos aqui dentro da nossa cidade e, com isso, fortalecer toda nossa rede de atendimento. Estamos confiantes que a resposta do Ministério será positiva, tanto que já estamos trabalhando para implantar aqui também a Residência Médica em Saúde e Comunidade”.
Segundo a direção da UFMS, os prefeitos Paulo Duarte (Corumbá) e José Antônio Assaf (Ladário) prestaram todo o apoio e fizeram questão de disponibilizar pessoas do executivo municipal para contribuírem com a formatação do projeto. Em Corumbá, a vice-prefeita Márcia Rolon e a secretaria de Saúde, Dinanci Ranzi, foram as selecionadas, a primeira pela conhecimento da zona de fronteira e a segunda pela experiência na implantação do curso superior de medicina em Dourados. Em Ladário, a responsabilidade ficou pelo vice-prefeito, José Sampaio Jr.
A vontade de criar o curso de medicina na cidade foi despertada na direção do campus, desde 2011, porém na época, segundo a instituição, problemas políticos impediram a concretização dos acordos necessários, e somente em 2014, o curso foi inserido no PDI 2015-2016 da universidade, para que em 2015 fosse criada a então existente comissão de criação da proposta. Onde professores, médicos e membros do executivo puderam juntos debater e concluir o projeto.
Para Dinanci Ranzi, secretaria de saúde, a possibilidade do MEC aprovar a criação do curso é grande, “o MEC tem uma política forte de expansão dos cursos de medicina por todo o Brasil. E Corumbá, por sua extensão territorial, por sua localização, pela distância dos grandes centros, por fazer fronteira com outro País e por ser a cidade do Estado com a maior quantidade de profissionais do Mais Médicos, tem potencial para isso”.
Posicionamento da Direção do Campus Pantanal
Ainda em 11 de março, a direção do Cpan, publicou em nota esclarecimentos sobre a implantação do curso no campus. O tom era de satisfação pela conclusão do projeto, porém sem dar falsas expectativas, a direção deixou claro que o projeto tinha todas as chances para ser aprovado pelo COUM, mas que somente o MEC era o responsável pela importante decisão, e que no Ministério da Educação, a avaliação seria mais dificultosa.
Segundo a direção até o ano de 2015, os critérios de avaliação eram mais brandos, a começar pelo Edital, já invalido, de que os municípios com mais de 70 mil habitantes e suas instituições de Ensino Superior podiam concorrer, atualmente tal dado já não é mais um critério decisivo. O MEC exige um pacote de peso para a aprovação do curso, e segundo a UFMS, a universidade não tem recursos próprios para serem disponibilizados.Ainda segundo a nota da universidade, as novas funções a serem criadas são específicas para a Medicina, e a criação do curso implica em novas salas, mais livros, mais laboratórios, equipamentos, mais professores, força política e um novo terreno, compromisso já assumido pelo prefeito Paulo Duarte, que garantiu ceder o terreno para a construção.
A direção do Cpan esclarece em nota as reais chances de aprovação do curso, "atendemos a Resolução nº 3, de 20 de junho de 2014, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Medicina. Acreditamos que temos uma boa proposta, a cidade se enquadra nos critérios de criação de novos cursos de Medicina. Temos chances, mas estas não são tão generosas. Por isso precisamos do apoio de toda a comunidade acadêmica, civil e principalmente política de Corumbá, Ladário e de Mato Grosso do Sul. Sem isso, não conseguiremos. Sim, o curso pode não acontecer! Com toda certeza, os avaliadores do MEC/MS não analisarão apenas nosso Projeto, mas o que as redes sociais estão comentando. Certamente vão querer saber se a sociedade sabe desta proposta, se apoia ou não. Sabemos que não é fácil, mas acreditamos!"
Por que é tão importante a implantação do Curso de Medicina em Corumbá
Uma das deficiências da saúde municipal é justamente a de profissionais especialistas capacitados. Sempre que a prefeitura disponibiliza concursos, até mesmo de contratação simplificada e imediata, funções especialistas sempre ficam sem profissionais para suprir a necessidade. O que gera uma grande fila para consultas que devem ser remetidas aos hospitais da capital.
Em nota publicada pela universidade a professora acadêmica, Cláudia Araújo declara que a vontade de implantar o curso é uma vontade de ajudar as pessoas, “estamos pensando na maioria das pessoas dessas cidades que dependem do SUS”. Atualmente, existe uma única ginecologista atuando nos PSF de Corumbá. De fato, a UFMS não pode fechar os olhos para as dificuldades dos municípios que nos abriga. É por isso que estamos propondo a Medicina para cá”, afirma a educadora.
Residência Médica
A equipe formada pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a Santa Casa de Corumbá e a Associação Médica de Corumbá (AMC) também conseguiu no início deste mês uma importante vitória para a implantação do curso de Residência Médica em Saúde da Família na cidade.
O projeto foi pré-aprovado pelo Ministério da Educação (MEC), que inclusive elogiou a rede de atenção básica existente no Município. “Ainda temos um longo e difícil caminho a percorrer, mas estamos otimistas que já no ano que vem conseguiremos trazer esse curso para Corumbá”, afirmou a secretária municipal de Saúde Dinaci Ranzi, destacando o empenho de todas as pessoas envolvidas nesse processo.
“Temos pessoas capacitadas e com credibilidade envolvidas nesse projeto, que será um grande avanço para a Saúde Pública da nossa região”, completou Dianci. O grupo de trabalho é formado pelos médicos Walter Breno Salazar, Wilson Baruki, Nabil Omar, Domingos Albaneze, diretor clínico da Santa Casa, Cristiano Xavier, diretor-presidente da Junta que administra a Santa Casa, e a professora doutora Cláudia Araújo.