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COLUNA

Entrelinhas

Sylma Lima

Ordem de retirada

07 junho 2016 - 11h19
[caption id="attachment_517741" align="alignleft" width="300"]Ponte móvel construída pelo Exército em 2011 sobre o rio Aquidauana. Obra do nono Batalhão de Engenharia que ajudou os ribeirinhos. Foto: Arquivo CDP Ponte móvel construída pelo Exército em 2011 sobre o rio Aquidauana. Obra do nono Batalhão de Engenharia que ajudou os ribeirinhos. Foto: Arquivo CDP[/caption]

No dia 19 de abril o Brasil comemora o Dia do Exército Brasileiro. A instituição, cujo objetivo maior é garantir a soberania do País, é também solícita em ajudar a população onde estão inseridas suas bases operacionais. Em Corumbá, este auxílio se torna ainda mais essencial no atendimento aos moradores da área urbana e, principalmente, àqueles que estão em regiões mais distantes, como os ribeirinhos e os pantaneiros em geral. No dia 23 de março deste ano foi publicada uma portaria que decide pela desativação da 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira em Corumbá.  No documento ficou estabelecido que a 3ª Companhia de Fronteira de Forte Coimbra deverá ter seu efetivo atual reduzido para se transformar em pelotão. Também foi determinada a desativação da 18ª Companhia de Comunicações de Fronteira, sediada em Corumbá e subordinada à 18ª Brigada.

A notícia pegou de surpresa autoridades, historiados e a própria população que mantem uma relação histórica com os militares desde a guerra do Paraguai. A própria campanha do Dia do Exército define a forma de atuação desta força armada na região pantaneira. "Braço Forte defendendo o Brasil e Mão amiga protegendo o cidadão" reflete a força que os militares exercem na garantia da segurança nacional, sem esquecer as questões humanitárias.

Diminuir a presença do Exército brasileiro na região significa ferir mortalmente a história, pois a presença das Forças Armadas no Pantanal, Exército e Marinha é histórica e estratégica. Estas, além de salvaguardar os nossos limites desde o Período Imperial, promove significativa ajuda aos ribeirinhos que são impedidos de terem acesso à certos serviços por conta das adversidades impostas pela geografia da região.

Em Corumbá, a parceria entre o Município e as Forças Armadas contribui para a melhoria da qualidade de vida da população que mais necessita. No contexto histórico, as forças armadas tiveram influência na formação cultural e arquitetônica de Corumbá. A cidade foi cenário de batalhas importantes da Guerra do Paraguai, o que trouxe para cidade milhares de militares, sendo que muitos ficaram na cidade e constituíram família. O município abriga o Forte Coimbra e Forte Junqueira, obras de importância bélica que agora se tornaram atrativos turísticos relembrando as batalhas entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai.

Na rotina corumbaense, as patentes fazem parte do cotidiano. As ruas, praças e avenidas imortalizam comandantes e heróis militares. Entre os exemplos estão a Praça General Rondon, que homenageia o sertanista brasileiro, Rua Antônio Maria Coelho, nome do Marechal que foi herói da batalha de Retomada de Corumbá, Rua Porto Carreiro, homenageando o comandante militar de Forte Coimbra, além de nomes como Marechal Floriano, Duque de Caxias (patrono do Exército), General Dutra, Major Gama, entre outros.

A cidade abriga a 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira e o 17º Batalhão de Fronteira. Ao todo, as duas organizações militares empregam mais de 1,1 mil homens que contribuem para a circulação de capital no comércio local, além de aquecer o mercado imobiliário, com a chegada de novos militares a cada ano. Além disso, torna-se uma oportunidade de primeiro emprego para centenas de jovens que se alistam em um dos dois quartéis, sendo que muitos acabam fazendo carreira na profissão militar.

Apesar das formas de fazer guerra, na atualidade, terem mudado, historiadores não conseguiram, a grosso modo, falar sobre o tema e os motivos que levaram o Ministério da Defesa em desativar esta base, mas o prefeito Paulo Duarte questiona a decisão e partiu para a Capital em busca de ajuda política para reverter essa situação, pois o município já havia doado até terreno para sede própria da 18º Brigada, no bairro Popular Nova. Militares dizem que o imóvel será devolvido, mas a questão é polêmica pois meche diretamente com a, história e a cultura do corumbaense. Segundo as normas estabelecidas na portaria as bases que ficam na cidade serão subordinadas ao Comando Militar do Oeste (CMO) em Campo Grande. Vamos aguardar o retorno do prefeito para saber se algo – ainda - pode ser mudado. Uma coisa é fato, diminuir a presença do Exército brasileiro na região significa ferir mortalmente a história, pois a presença das Forças Armadas no Pantanal, Exército e Marinha é histórica e estratégica.

 

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