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Cegueira

21 abril 2020 - 09h27

Cegueira cognitiva e teoria do mundo justo

Viver em sociedade requer formas de condicionamentos diversos, seja no campo do próprio comportamento, seja no campo das verdades adquiridas e incorporadas no campo da cognição, da percepção social e da organização da sociedade. Um funcionalismo social para equilibrar desejos e ambições entra em contrachoque com vaidades individuais e insights decorrentes da própria natureza dinâmica humana.

Diante das calamidades anunciadas pela mídia, e notícias, que em regra, prezam pela atenção de audiência do interlocutor passivo e sedento por emoções, eis que a mente humana, propensa a olhar o texto e o contexto, analisa e verifica exageros para dar uma resposta aproximada da percepção da realidade. Isso ocorre, por vários fatores cognitivos de aprendizagem cognitiva e social que é condicionado, por evidente, por processos anteriores de pensamentos e cognições já estruturadas nas convicções do indivíduo, face sua história político-social.

A “teoria da crença do mundo justo” é um processo natural de cognição e intepretação da realidade que visa amenizar fatos evidentes e trágicos da vida cotidiana, visto que a natureza humana tem foco na sobrevivência e replicação, e por isso, ameniza realidades concretas a fim de continuar a vida, e seguir nos propósitos, seja biológicos ou cognitivos de sobrevivência real, e uma forma de superar adversidades do cotidiano, por vezes sobrepostas a outros valores também relevantes para a vida diuturna de sobressaltos.

Trata-se de uma forma de diminuir as tensões das mensagens negativas, como um mecanismo de defesa para que o indivíduo siga sua vida na rotina de trabalho, lazer e atividades diárias, causando assim uma visão relativa da percepção da realidade apresentada.

Neste sentido, e com base nas evidências das redes sociais, verificamos uma confusão entre ideologias político-partidária, ciência e mesmo ideias relacionadas à famosa “teoria da conformidade social” do psicológico polonês Solomon Asch, que descobriu, através de experimentos, que temos tendência a repetirmos comportamentos sem análise crítica, e somente por influência de outras pessoas, da maioria, para ter conformidade com o grupo.

Também há o chamado “efeito manada”, onde o ser humano, talvez, por economia de energia cerebral, prefere negar evidências concretas e conforma com a ideia do grupo que participa com uma ideia homogênea com relação a opiniões e convicções, mesmo que absurdas. Talvez essa conformidade seja uma forma de adequar-se ao grupo e fortalecer este mesmo grupo pensante, no sentido gregário de manada, sem o senso  crítico analítico que é deixado de lado.

Esses processos mentais são analisados em âmbito das comunicações sociais, da manipulação de massa e da cegueira cognitiva. Numa sociedade democrática, com ampla liberdade de expressão, inclusive com os chamados fake news da pós-modernidade, tudo é possível no mundo das alienações em massa, da política de persuasão e engodos.

A Ciência prevalece sempre ao final, apesar das intempéries históricas conhecidas. O Covid-19 é foco de atenção e precipitação a essa análise, e nas subliminares, o fanatismo político-ideológico e a democracia representativa.

 

Valmir Moura Fé é Delegado de Polícia e Psicólogo
E-mail de contato: [email protected]
CRP14/08302-7

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