Apesar das iniciativas de sensibilização e campanhas de conscientização, como a ação nacional do Setembro Amarelo, saúde mental ainda é um tema delicado entre as rodas de conversa entre amigos ou familiares. No atual cenário, problemas emocionais, psicológicos e psiquiátricos estão cada vez mais comuns, as pessoas tendem a se isolarem por vergonha ou medo de expor fragilidades, e sem pedir ajuda, terminam trilhando um caminho difícil, mas não impossível de ser revertido.
De acordo com informações do Mapa da Segurança Pública 2025, divulgados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, o estado de Mato Grosso do Sul (MS) registrou 287 casos de suicídio no ano de 2024, contra 171 em 2023, um crescimento de 67,84%, o maior aumento proporcional do país. O levantamento aponta ainda que, das vítimas do MS, 212 eram homens e 63 mulheres, um valor proporcional de 74% dos casos concentrados em pessoas do sexo masculino. Em nível nacional, o Brasil contabilizou 16.218 ocorrências em 2024, o que representa uma redução de 1,44% em relação ao ano anterior.
Em Corumbá, de acordo com os registros da Gerência de Vigilância em Saúde, em 2024 foram registrados oito casos de suicídio na cidade, seis eram homens e dois mulheres. O maior número de casos entre os homens coincide com o cenário estadual e nacional. Neste ano de 2025, Corumbá registrou dois suicídios, ambos de homens.
Sílvia Freire, responsável pela Coordenação de Saúde Mental em Corumbá, ressalta a importância de abordar o assunto com leveza. "Falar não é incentivar, é esclarecer. É preciso esclarecer as pessoas que o sofrimento psíquico é real, ainda que não possa por muitas vezes ser totalmente percebido, as pessoas com sofrimento mudam, apresentam alguns comportamentos que podem sinalizar que algo não está bom", explica.
De acordo com Sílvia, a mudança de comportamento é sútil, apresentando introversão, mudanças de hábitos e reclusão. Ela relata que pessoas com preocupações financeiras, problemas conjugais, uso excessivo de álcool e/ou outras drogas, além da depressão não tratada podem levar à consequências graves. "É preciso olhar para o outro de maneira singular", diz Sílvia.
Em Corumbá, as pessoas encontram atendimento de escuta e acolhimento nas unidades básicas de saúde e quando necessário, o profissional faz o encaminhamento para os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), que no município possuem três modalidades: O Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil para adolescentes com transtornos mentais severos e persistentes (CAPS I); o Centro de Atenção Psicossocial José Fragelli para adultos com transtornos mentais severos e persistentes (CAPS II); e o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas para usuários de álcool e outras drogas ( CAPS Ad). Além dos CAPS, Sílvia explica que o município tem realizado diferentes atividades ao longo do ano e não somente em setembro, realizando palestras e orientações em escolas, empresas e mídias.
A coordenadora encerra destacando que o respeito pela dor do outro é fundamental. "Não existe fraqueza nem frescura, existe a individualidade e a singularidade do ser humano, cada pessoa reage e suporta à situações, dores, traumas e angústias de maneiras diferentes. Informação é a melhor estratégia", diz ao Capital do Pantanal.
Outro serviço disponível gratuitamente é CVV (Centro de Valorização da Vida) que atende pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br, 24 horas por dia.
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Sílvia Freire destaca a importância de abordar o assunto com leveza e estar atento as mudanças de comportamento, mesmo que sutis. (Foto: Capital do Pantanal)


