Investigação obteve vídeo onde Marset (em destaque) aparece com grupo armado do PCC. (Foto: Reprodução/Montagem)Relatório da inteligência policial da Bolívia, aponta que os criminosos Yasser Andrés 'Coco' Vásquez Cardona, líderes de duas organizações criminosas dedicadas ao narcotráfico nacional da Bolívia, mantêm uma aliança com o Primeiro Comando da Capital (PCC) do Brasil e estão envolvidos em uma disputa pelo controle das rotas e do território com outros grupos bolivianos. O documento, obtido pelo jornal El Deber, recomenda ao Executivo a implementação de um “alerta máximo” e a adoção de medidas preventivas em Santa Cruz e Beni.
“De acordo com a análise realizada até 28 de outubro de 2025, referente às duas principais estruturas criminosas de alto valor que operam em território nacional, foram identificadas: A) A rede transnacional liderada pelo uruguaio Sebastián Marset, “Rei do Sul”. B) A organização nacional chefiada por Yasser Andrés 'Coco' Vásquez Cardona. Ambas representam uma ameaça iminente à segurança interna e regional, com indícios de escalada da violência associada a alianças com o Primeiro Comando da Capital (PCC) do Brasil”, afirma parte das conclusões do relatório, ao qual o EL DEBER teve acesso.
Índice de Violência
O documento detalha dados obtidos por meio de trabalho de inteligência, incluindo a infiltração de agentes em áreas estratégicas do leste da Bolívia. Foi elaborado após três incidentes criminais que aumentaram a sensação de insegurança no país.
A primeira se refere ao vídeo publicado em 16 de setembro por um veículo de comunicação de Santa Ana de Yacuma (Beni), no qual Vásquez, ao negar a existência de 13 pistoleiros atribuídos ao seu grupo criminoso, "confirma a intenção de permanecer foragido" e faz ameaças contra o ex-procurador departamental de Beni, Gerardo Balderas, e o vice-ministro do Interior, Jhonny Aguilera.
O segundo elemento que motivou a denúncia foi um vídeo, publicado em 23 de outubro, que começou a circular nas redes sociais. Nele, um grupo armado, vestindo uma faixa com a insígnia do PCC, endossa as ameaças feitas por Marset contra Ivar García, vulgo "El Colla", que cinco dias antes alegava que o uruguaio vivia no exclusivo bairro de Urubó, em Santa Cruz de la Sierra, sob a proteção de chefes de polícia. García também acusou Marset de sequestrar sua ex-companheira e o motorista dela, caso que permanece sem solução, apesar da libertação das vítimas.
O terceiro incidente mencionado é o assassinato de Jhonatan López Rodríguez, filho de Estela Rodríguez, prefeita do município de Beni, em San Ramón. O homem, que morreu devido a 24 ferimentos de bala sofridos enquanto caminhava pela praça principal da cidade, já havia sobrevivido a uma tentativa de assassinato em abril deste ano no Cambaódromo, no departamento de Santa Cruz.
Expansão da violência
Os autores do relatório policial enfatizam, em três partes do documento, que as estruturas criminosas lideradas por Marset e 'Coco Vásquez' "constituem uma ameaça direta à segurança interna e que a convergência de ambas com o PCC brasileiro demonstra a existência de um corredor criminoso transnacional ativo e em expansão".
Diante desses fatores, recomenda-se ao Executivo que coordene reuniões binacionais com o Brasil e a Interpol; priorize operações para capturar os líderes da quadrilha fora de áreas de alto risco; coordene com a Procuradoria-Geral da República a proteção de testemunhas-chave e declare estado de alerta máximo em Beni e Santa Cruz.
Infiltradores
Por outro lado, foi dada ênfase aos relatórios que confirmam a “infiltração” de agentes da lei, citando diversos exemplos em que se presume que ambas as organizações de narcotráfico receberam informações privilegiadas sobre operações contra elas ou dados que lhes permitiriam cometer outros crimes relacionados, como o tráfico de armas.
O exemplo mais recente citado no relatório refere-se ao caso contra quatro membros da Marinha e dois membros da Polícia Boliviana, envolvidos no assassinato de Édgar Dorado, vulgo 'El Jefe' (O Chefe), ocorrido em 27 de julho em Santa Ana de Yacuma.
Assassinatos e sequestros em Chapare
Relatórios policiais citam o grupo de Andrés 'Coco' Vásquez como líder de uma quadrilha que conta com os serviços de pistoleiros atribuídos aos irmãos Oswaldo e Erick Hurtado Aguilera, ligados a 13 assassinatos por encomenda .
Número de sequestros
Em uma seção do relatório policial dirigido ao Executivo, detalha-se que pelo menos 12 sequestros e acertos de contas relacionados ao tráfico de drogas foram cometidos em 2025 por clãs familiares na região de Chapare, em Cochabamba.
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