Cerca de 1.500 onças foram mortas ou deslocadas nos últimos anos na região da Amazônia. (Divulgação)A perda de habitat natural – provocada sobretudo pelo desmatamento – e a caça são hoje as principais ameaças para a sobrevivência das onças-pintadas, espécie-símbolo em situação de vulnerabilidade no País. Segundo um estudo publicado em junho deste ano por cientistas brasileiros na revista “Conservation Science and Practice”, realizado entre 2016 e 2019, um total de 1.422 onças foram mortas ou deslocadas, considerando somente a região amazônica, onde a espécie é considerada vulnerável.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre agosto de 2020 e julho de 2021, meses em que se mede a temporada do desmatamento, a Amazônia Legal perdeu mais de 10 mil quilômetros quadrados de floresta, um aumento de 57% em relação ao período anterior e o pior desflorestamento dos últimos dez anos. Esse cenário, além de agravar o risco de extinção na região, provoca o deslocamento de animais.
“Onças são animais selvagens, que necessitam de um ambiente preservado amplo e robusto, capaz de suprir suas necessidades de deslocamento e alimentação. Tais condições são essenciais à sua sobrevivência”, explica o biólogo Roberto Fusco, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).
Ivan Baptiston, também integrante da RECN e analista ambiental do ICMBio, lembra que, no Brasil, as onças estão consideradas extintas no Pampa e criticamente ameaçadas na Mata Atlântica e na Caatinga. Segundo o especialista, restam aproximadamente 300 indivíduos na Mata Atlântica, espalhados pelos fragmentos que restaram do bioma. “Exceto na ecorregião do Alto Paraná, no corredor verde entre Brasil e Argentina, onde a população resiste e tem aumentado, no restante do bioma a população de onças-pintadas se mantém a duras penas ou segue em decréscimo. Há muito a fazer para a garantia da existência de populações viáveis desta belíssima espécie”, explica. A onça-pintada (Panthera onca) é o maior felino das Américas e o terceiro do mundo.
Programa Felinos Pantaneiros monitora as onças através de câmeras-traps instaladas na região do Pantanal. Foto: DivulgaçãoNa contramão da realizada enfrentada na Amazônia, em Mato Grosso do Sul (MS), estado onde a espécie reina no Pantanal, o programa Felinos Pantaneiros, do Instituto Homem Pantaneiro, trabalha em monitoramento pela preservação das onças. Segundo o médico veterinário e coordenador do programa, Diego Viana, nas áreas de atuação do projeto já foram vistas mais de 100 onças-pintadas através de registros com câmeras-traps.
De 2016 até 2021, foram mais de 74 na região da Serra do Amolar e em 2 anos de monitoramento na região do Pantanal de Miranda foram registradas 34 onças-pintadas. "O que a ciência aponta hoje sobre a população de onças-pintadas no Pantanal, assim como na Amazônia, é que temos uma população equilibrada. Porém ameaças históricas como o conflito com seres humanos que ocupam o Pantanal, continuam existindo", explica Viana em entrevista ao jorna Mídiamax.
Dia de alerta
Para divulgar a importância ecológica, econômica e cultural da onça-pintada, o Ministério do Meio Ambiente criou, em 2018, o Dia Nacional da Onça Pintada. A data – que agora será celebrada pela terceira vez no calendário oficial do País – também é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um dia internacional de proteção da espécie.
O especialista lançou, em 2020, juntamente com outras pesquisadoras, o Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, que busca justamente monitorar a população desses animais ao longo de uma grande porção de Mata Atlântica e, assim, gerar dados mais sólidos sobre sua relação com os ecossistemas e subsidiar ações de conservação mais eficazes. O projeto é realizado pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) e Instituto Manacá, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, WWF-Brasil e banco ABN AMRO.
Além dessa iniciativa, outras ações têm ajudado na conservação das onças-pintadas no Brasil, como o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros, o Instituto Onça-Pintada, o Projeto Onças do Contínuo de Paranapiacaba, o Onças do Iguaçu, o Projeto Felinos, a Associação Onçafari, o Programa Amigos da Onça, o Panthera Pantanal, o Ecologia e Conservação de Felinos na Amazônia e o Detetives Ecológicos do Instituto de Pesquisas Ecológicas.
Marion Silva, gerente de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário, reforça a importância de projetos e pesquisas que contribuam com a conservação dos habitats de espécies ameaçadas de extinção. “Além de gerarem conhecimento importante sobre as espécies, muitas dessas pesquisas destacam as oportunidades econômicas sustentáveis que a natureza preservada pode proporcionar, como a observação de fauna, que vem crescendo em nosso país e gerando emprego para populações tradicionais”, afirma.
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