Menu
domingo, 14 de dezembro de 2025
Regulariza Corumbá - Dezembro
Andorinha - WhatsApp
Geral

Priscilla é mulher trans que impõe respeito com exemplo e simpatia na Santa Casa

16 março 2022 - 09h49Mídiamax

Mesmo com o vai e vem do hospital e os funcionários uniformizados, é difícil ela passar despercebida. De salto alto, com ‘make’ que mistura dois tons de batom, cabelo arrumado e sorriso no rosto, Priscilla Barbery, de 38 anos, é a supervisora da Santa Casa de Corumbá, de onde comanda 30 pessoas e impõe respeito com exemplo e simpatia. 

Só que, em 14 anos de trabalho, o ambiente nem sempre foi cordial. Mulher transexual, Priscilla passou por muita luta e isso exigiu força e coragem para romper barreiras. Atualmente, ela é bacharel em direito e inclusive fez este curso para, como diz, “aprender a se defender” e garantir os seus direitos.  

Na Associação Beneficente de Corumbá, a chamada Santa Casa, ela chega às 7h30. Na entrada, já vai conversando com os colegas da portaria, da recepção, até o que considera principal: levar acalento aos pacientes, aos familiares que aguardam por notícias e até orienta os funcionários, caso encontrem alguém mais irritado pelo caminho.  

“Eu falo que é o momento em que os pacientes, os familiares, todos estão tristes e passando por um problema, então, nós precisamos estar bem e é até por isso que vou sempre arrumada e feliz. Falo para os meus colegas agirem da mesma forma e, talvez só um sorriso nosso, já ajuda a diminuir um pouco o sofrimento. Quando alguém xinga, digo ao funcionário que pode esperar que essa pessoa vai voltar e pedir desculpas. E eles me contam, isso sempre acontece. É o momento”, afirmou Priscilla ao Jornal Midiamax. 

No decorrer do dia, Priscilla fala que resolve as demandas e percorre todos os departamentos do hospital. “Eu entrei aqui como telefonista, tinha o PABX na época. Depois, fui para recepcionista, passei pelo setor de faturamento e, com toda essa experiência, passei para a supervisão. Essas pessoas me conheceram como uma mulher trans e isso também ajuda até as pessoas homossexuais, trans, LGBT em geral, que passam pelo hospital. Todos são tratados com muito respeito”, argumentou.  

Priscilla passou por perseguição e aprendeu se defender para conquistar seu espaço. Foto: Arquivo pessoal

Em 2011, no entanto, a supervisora passou por situações lamentáveis e que a fizeram até ser “rebaixada” de cargo e que tiveram de ser resolvidas na Justiça. 

“Eu entrei na supervisão em 2011. Foi a primeira vez neste cargo, só que, em seguida, mudou a direção do hospital. Um dos diretores começou a me perseguir, de todas as maneiras possíveis. Ele me chamava no nome masculino para me atingir e tudo isso me fazia mal, a ponto de ter que tomar remédios antidepressivos”, relembrou Barbery. 

Perseguição no trabalho e reviravolta 

Na época, Priscilla fala que levou o caso ao MPT (Ministério Público do Trabalho) e recebeu parecer favorável. “Por conta de toda essa perseguição, eu entrei no curso de direito para aprender a me defender. Em 2013, ele me tirou do cargo. Continuei estudando, trabalhando, até que, em 2017, mudou a administração novamente e, após 6 meses, já voltei para o cargo de supervisora”, disse. 

Emocionada ao relembrar a luta, Priscilla fala que se orgulha ao ter dado “a volta por cima”. “Sofri toda a perseguição, fui humilhada em alguns momentos e tive que sair do cargo. Mas, tudo isso me impulsionou para frente e eu até falo para as pessoas que agradeço o que ele [ex-diretor] fez comigo. Eu só não ficava na expectativa de ser mandada embora porque participava da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), então, ele queria que eu saísse e me dava motivos. Eu quase fiquei doente, mas, não desisti”, argumentou. 

Processo natural de mudança 

Sobre a mudança, Priscilla diz que este foi um processo natural e que começou na adolescência. “Acho que, desde sempre, eu já me identificava desta forma. Só que, quando fui entender um pouco mais, comecei o meu processo: tomei hormônio, fiz a minha primeira cirurgia e aí pedi para ser tratada pelo meu nome social”, comentou.   

Desde então, a supervisora fala que vive uma quebra de tabus na sociedade. “Não é algo fácil. Exige força e coragem e o que mais nos entristece é lutar por direitos que já existem em nossa constituição, porém, a sociedade nos coloca como diferentes ou minorias, mas usei tudo isso como combustível para seguir e jamais me vitimizar diante as adversidades”, finalizou. 

 

 

Deixe seu Comentário

Leia Também

Esporte
Corumbá Fight Combat: o maior evento de MMA do centro-oeste é neste sábado (13)
Tempo
Fim de semana com sol e períodos de tempo nublado em Corumbá e Ladário
Máximas devem variar entre 34° C no sábado e 37°C no domingo
geral
EUA retiram Alexandre de Moraes e esposa de lista da Lei Magnitsky
esporte
Barão do Rio Branco lidera ranking dos Jogos da Reme e leva título geral
Justiça
Golpistas se passam por juízes e pedem carros a prefeituras no interior de MS
Acientede
Trabalhador morre após ser prensado por barcaça no Porto Esperança
Rapaz de nacionalidade paraguaia tinha 25 anos
Plantão
Criança é socorrida após engolir pilha no Porto da Manga
Cultura
Chegada do Papai Noel abre o Jardim de Natal na noite de hoje em Corumbá
Serviço
Falta de energia interrompe fornecimento de água em Ladário
Oportunidade
Processos seletivos do IBGE com vagas para Corumbá tem inscrições prorrogadas até 17 de dezembro

Mais Lidas

Cultura
Ladário abre o Natal com noite de programação especial neste sábado (13)
Cultura
Abertura do Jardim de Natal encanta o público em Corumbá
Esporte
Corumbá Fight Combat: o maior evento de MMA do centro-oeste é neste sábado (13)
Meio Ambiente
Primeira chamada do PSA classificou 45 propriedades rurais do Pantanal