Menu
domingo, 14 de dezembro de 2025
Regulariza Corumbá - Dezembro
Andorinha - WhatsApp
Geral

Desmatamento no Pantanal cresce quase três vezes em relação ao primeiro quadrimestre de 2022

Dados gerados pelo Mapbiomas disparam alerta do SOS Pantanal: além do impacto da supressão vegetal desordenada, o agravamento de estiagens e de queimadas na região norte do bioma pode ser potencializado com o El Niño

02 agosto 2023 - 13h24S.O.S Pantanal

A despeito dos esforços do Governo Federal para estabelecer uma nova política ambiental, a manutenção de legislações estaduais que facilitam a supressão vegetal tem acentuado o impacto da exploração indevida de importantes biomas do Brasil. É o que atesta dados divulgados pelo Mapbiomas sobre o avanço do desmatamento no Pantanal no primeiro quadrimestre de 2023.

De janeiro a abril de 2022, o Pantanal teve 6.9 mil hectares de vegetação suprimida. Neste mesmo período, em 2023, o desmatamento atingiu o índice recorde de 19,1 mil hectares. Quase três vezes mais. Nos últimos quatro anos a devastação no bioma tem crescido sem precedentes. Entre janeiro de 2019 e abril de 2023 foram desmatados mais de 120 mil hectares no Pantanal (quase uma cidade de São Paulo). Deste total, quase 109 mil hectares, cerca de 90%, ocorreram no Mato Grosso do Sul. E essa escalada, segundo o Instituto SOS Pantanal, resulta também de uma legislação pouco efetiva e muito permissiva, que legitima até 60% de substituição da vegetação original para fins de cultivo e pecuária.

Não obstante a flexibilidade chancelada pela legislação que orienta as Licenças Ambientais emitidas pelo IMASUL – Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, uma análise recém- compilada pelo SOS Pantanal a partir de levantamento feito pelo Ministério Público (MS) atesta que as licenças seguem sendo extrapoladas.

“São 3 pontos principais que me deixam bem preocupados: 1) O desmatamento no Pantanal está crescendo muito e não vemos sinal algum de diminuição pela frente. 2) Boa parte desse desmate feito é com autorização dos órgãos ambientais, graças a uma legislação super permissiva. 3) mesmo com as licenças para supressão de grandes áreas, dados do Ministério Público mostram que o desmatamento foi em média 25% maior do que o permitido nas licenças.”, adverte o biólogo e Diretor de Comunicação do SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa.

O combate a essa escalada do desmatamento, segundo especialistas do SOS Pantanal, demanda ações urgentes como a disponibilização on-line das licenças de supressão vegetal emitidas pelo IMASUL, a ampliação das fiscalizações realizadas pelas entidades ambientais, a criação de uma lei federal que proteja o bioma e a criação de um programa de prevenção e controle do desmatamento no Pantanal.

Impactos do El Niño

De acordo com a compilação de dados feita pelo instituto SOS Pantanalatravés dos de monitoramentos feitos por entidades governamentais, como o LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais) do Departamento de Meteorologia da UFRJ, no segundo semestre de 2023 o Pantanal, um dos biomas mais ricos e diversos da fauna e flora do país, também pode sofrer graves consequências do desequilíbrio climático provocado pelo fenômeno El Niño.

A tendência é de que, na parte norte do Pantanal e em seu entorno, a região sofra maior estiagem e fique mais suscetível ao fogo, com a escassez de água impactando a vida de várias espécies da fauna local.

“As condições atuais de seca para a região do Pantanal indicam maior propensão do fogo na parte norte do bioma”, confirma Renata Libonati, meteorologista do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais – LASA, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

Graças ao recente ciclo de chuvas em microbacias que banham a parte sul do Pantanal, este perímetro do bioma, por outro lado, corre menos risco. Mas o impacto da seca, que deve ser intensificado com o El Niño, sobretudo entre os meses de agosto e setembro próximos, tem motivado esforços do SOS Pantanal para que ações preventivas, como um incremento das brigadas de incêndio e uma intensificação do monitoramento climático, sejam imediatamente coordenados.

 “Uma vez que é impossível frear o El Niño, o que nos resta é mitigar os efeitos desse impacto adicional, principalmente os incêndios florestais. Por isso, desde o começo de julho o SOS Pantanal está treinando as brigadas pantaneiras. Estamos fazendo uma rodada de reciclagem, renovando materiais e fortalecendo as equipes para que elas estejam prontas para um eventual combate”, explica Figueirôa. 

Em outra importante frente, o SOS Pantanal também desenvolve agora um novo sistema de monitoramento via satélite, que enviará alertas automáticos para moradores e voluntários cadastrados nas áreas de atuação das brigadas.

Sobre o El Niño

Caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical, o fenômeno climático El Niño resulta em mudanças no padrão das temperaturas, eleva a incidência de chuvas e, no caso específico do Brasil, provoca diferentes efeitos em cada uma das cinco regiões do país.

No Norte e no Nordeste, a expectativa para o segundo semestre de 2023 é de que o agravamento de períodos de maior estiagem, o que pode impactar na produção agrícola, devido à escassez de recursos hídricos. No Sul, por outro lado, a previsão é de aumento das chuvas, com a incidência de possíveis desastres ambientais, como enchentes e deslizamentos de encostas. Já no Sudeste e no Centro-Oeste – com exceção da região norte do Pantanal –, segundo previsões do INMET, não existem evidências de que efeitos mais severos serão percebidos sobre o padrão regular de chuvas para o período.

SOS Pantanal

Fundado em 2009, o SOS Pantanal é uma instituição de advocacy, sem fins lucrativos, que promove a conservação e o desenvolvimento sustentável do Pantanal por meio da gestão do conhecimento e a disseminação de informações do bioma para governantes, formadores de opinião, empreendedores, fazendeiros e pequenos proprietários de terras da região, assim como para a população em geral. Ao longo das últimas duas décadas, o SOS Pantanal também tem diretamente impactado o ecoturismo, ao promover iniciativas de preservação e desenvolvimento sustentável. O Instituto SOS Pantanal promove o aprimoramento de políticas públicas, a divulgação de conhecimento e o desenvolvimento de projetos para o uso sustentável do bioma. Fomentamos as transformações necessárias por meio da ciência e do diálogo com os diversos setores da sociedade civil e poder público.

Deixe seu Comentário

Leia Também

Esporte
Corumbá Fight Combat: o maior evento de MMA do centro-oeste é neste sábado (13)
Tempo
Fim de semana com sol e períodos de tempo nublado em Corumbá e Ladário
Máximas devem variar entre 34° C no sábado e 37°C no domingo
geral
EUA retiram Alexandre de Moraes e esposa de lista da Lei Magnitsky
esporte
Barão do Rio Branco lidera ranking dos Jogos da Reme e leva título geral
Justiça
Golpistas se passam por juízes e pedem carros a prefeituras no interior de MS
Acientede
Trabalhador morre após ser prensado por barcaça no Porto Esperança
Rapaz de nacionalidade paraguaia tinha 25 anos
Plantão
Criança é socorrida após engolir pilha no Porto da Manga
Cultura
Chegada do Papai Noel abre o Jardim de Natal na noite de hoje em Corumbá
Serviço
Falta de energia interrompe fornecimento de água em Ladário
Oportunidade
Processos seletivos do IBGE com vagas para Corumbá tem inscrições prorrogadas até 17 de dezembro

Mais Lidas

Cultura
Ladário abre o Natal com noite de programação especial neste sábado (13)
Cultura
Abertura do Jardim de Natal encanta o público em Corumbá
Esporte
Corumbá Fight Combat: o maior evento de MMA do centro-oeste é neste sábado (13)
Meio Ambiente
Primeira chamada do PSA classificou 45 propriedades rurais do Pantanal