O governador Eduardo Riedel encerrou uma rodada de conversas com empresários em São Paulo nesta sexta-feira, 13 de junho, otimista com a perspectiva de novos investimentos para Mato Grosso do Sul e a permanência no Estado de empresas que atuam no setor agropecuário e poderiam ser afetadas com o fim dos incentivos fiscais previstos na reforma tributária.
“Não é nada difícil avaliar que nos próximos cinco anos chegarão ao estado investimentos de mais de R$ 100 bilhões originários de diferentes setores”, disse em entrevista ao Campo Grande News. Ele afirmou que com o contrato já fechado, só a Bracell colocará R$ 25 bilhões em projetos.
Riedel prevê a entrada de outros R$ 20 bilhões em infraestrutura com as novas concessões rodoviária, entre elas as estradas que alimentarão a rota bioceância, que entra em operação em 2027, e uma forte expansão do setor de citricultura, que já estendeu o plantio de mais de 40 mil hectares e atrairá novas indústrias.
Confira a entrevista na íntegra:
Qual é o saldo desses encontros?
É muito positivo porque geraram expectativa boa de manutenção e crescimento de investimentos que acabam refletindo no Estado, principalmente emprego, renda e mantendo esse ritmo de crescimento que Mato Grosso do Sul vem tendo. Considero positivo o interesse pelo estado nos setores de bioenergia, floresta plantada e a laranja, que é novo no Estado, mas vem se desenvolvendo. Então, acho que o saldo é bem positivo.
O secretário de Fazenda estimou entre em mais de R$ 80 Bilhões o volume de investimentos atraídos nos últimos cinco anos. Pelos contatos que tem feito é possível manter esse ritmo?
Eu acho que sim. O que estamos buscando são bons e permanentes projetos. Eu não tenho dúvida que essas discussões que a gente vem tendo aqui (São Paulo) e fora do país vão refletir na atração de bons e diferentes projetos de diferentes segmentos. Digo isso pelo que vi em termos de reação e comportamento do mercado em relação as áreas que Mato Grosso do Sul oferece. Estou bastante otimista.
Quais as mudanças devem ocorrer no setor da laranja?
Haverá ampliação diária. A gente já está chegando a 40 mil hectares, e cada hectare plantado de laranja, cada dois hectares é um trabalhador, então isso é muito significativo. Além disso, há a perspectiva que chegue ao estado a indústria processadora de laranja. Nesse caso específico, o foco é esse.
A laranja vem atrelada a discussão de infraestrutura de demandas especialmente com a rota bioceânica, que é um canal importante e que a gente tem olhando como uma grande oportunidade para alguns setores de logística. Tudo isso está numa pauta que envolve vários setores.
O senhor poderia dimensionar o que isso a poderia atrair em termos de capital e de novas empresas?
Acho que a gente vai manter o nível de crescimento. Por exemplo: o contrato com a Bracell está fechado e no ano que vem eles começam o investimento. Estamos falando de 25 bilhões. Não é nada difícil falar que nos próximos cinco anos a gente vai ter mais de 100 bilhões investidos no Mato Grosso do Sul originários de diferentes segmentos.
Eu acho que isso é bem possível. E no setor de infraestrutura também. Veja que as duas concessões feitas recentemente, elas somam 20 bilhões em 9 anos praticamente. Então, quase 2 por ano. Nós temos uma perspectiva muito positiva de investimentos privados em concessões.
Quais os desafios?
Eu entendo que é um grande momento para Mato Grosso do Sul. A gente está trabalhando muito para manter e ampliar. Nosso desafio é adequar esse momento para o social, criando grandes oportunidades para as pessoas. É o que a gente tem buscado manter.
A pecuária vem perdendo terras para o plantio de eucalipto destinado o plantio de eucalipto. O que isso representa?
Foram 5 milhões de hectares de pastagem para outras culturas, não só eucalipto. Eucalipto está chegando a 2 milhões de hectares e os outros três em diversas culturas, como soja, milho, safrinha, amendoim, laranja, que apareceu aí.
O maior resultado disso (ciência) é a manutenção dos volumes de abate da pecuária de corte. Com 5 milhões de hectares a menos de pastagem, manteve-se a produção geral da pecuária de corte.
O aumento de produtividade foi muito expressivo, graças à tecnologia, à ciência e tudo o que vem acontecendo nesse setor da economia nos últimos anos. Essa parceria entre ciência com a produção agropecuária dá ganho em produtividade ano a ano por ser muito lastreada no conhecimento.
Acho que o Brasil, sem dúvidas, fez o dever de casa nessa área com muita competência e o Estado é privilegiado nisso por contar com três centros da Embrapa, três fundações, universidade federal, estadual atuando em todo o ecossistema de pesquisa e desenvolvimento, contribuindo muito para o setor.
Que mudanças pode se esperar com a rota bioceânica entrando em operação?
Ela vai dar um impulso não só nas oportunidades de exportação e importação, mas também na logística, serviços de outras atividades econômicas que hoje o Estado não tem e que certamente surgirão aí com a rota bioceânica.
Quando a rota efetivamente em operação?
A conclusão está prevista para o final do ano que vem. A partir de 1927 ela começa a funcionar efetivamente e num ritmo crescente até consolidar as operações nos próximos dez anos.
O Estado está preparado para as mudanças que virão com a reforma tributária, como o fim de incentivos fiscais?
Eu acredito que sim porque as empresas atraídas pelos incentivos fiscais se tornarão são muito competitivas estando no Estado. O novo modelo de tributação (IBS no lugar do ICMS e ISS) afeta, mas também traz benefícios aqueles setores que permanecerão no estado com competitividade.
Os investimentos continuarão vindo. É por isso que nossa estratégia é atuar em cima desses setores. Se fosse um setor com a manutenção artificial de incentivo, aí seria complicado, porque provavelmente eles iriam deixar o Estado. Mas não é o caso. São setores que, estando aí, são competitivos e se consolidarão em Mato Grosso do Sul.
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Governador concedeu entrevista à site da Capital após participação em rodada de conversas com empresários em São Paulo. (Foto: Divulgação/Arquivo)


