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sábado, 06 de dezembro de 2025
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Economia

Nova presidência do Sintrexcol defende mais contratações locais na mineração

06 dezembro 2025 - 10h49Rodolfo César por Capital do Pantanal

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativistas de Corumbá e Ladário (Sintrexcol) passa a ter nova diretoria para os próximos quatro anos e a entidade divulgou que vai trabalhar para que o boom previsto de contratações para a região busque absorver mais mão de obra local. A estimativa é que em torno de 30% dos funcionários na mineração contratados em um primeiro momento de abertura de vagas acabaram vindo de outros estados brasileiros. Entre a saída da Vale, em 2022, e a entrada da LHG Mining nas operações, existe projeção de mais de 600% na abertura de novos postos de trabalho na mineração.

Atualmente, são cerca de 2,2 mil funcionários somente na LHG Mining, a maior mineradora na região, e há previsão que esse quadro alcance quase 5 mil funcionários.

A posse da nova diretoria ocorreu na noite desta sexta-feira (5), no espaço La Pura Mania, em Ladário, com a presença de mais de 60 convidados. Entre as autoridades presentes, o vereador Jovan Temeljkovitch participou ao representar a presidência da Câmara de Corumbá, ocupada por Ubiratan Canhete de Campos Filho (Bira). Marcada para começar às 19h, o evento teve atraso de cerca de 40 minutos, por conta da demora na chegada de alguns convidados, algo que foi motivo de reclamação pontual da nova diretoria.

Posse da nova diretoria do sindicato reúne membros, familiares e representantes locais. Foto: Capital do Pantanal

Depois de dois mandatos – 8 anos -, Jessé do Carmo Fernandes saiu da presidência e quem assumi é Alberto Carrera Caraffa. Ele era o 1º tesoureiro na diretoria anterior. Já Jessé segue – eleição ocorreu em março de 2025 e foi inscrita chapa única – e agora ocupa a tesouraria.

O Sintrexcol é entidade trabalhista de maior representatividade em Corumbá e Ladário. No total, são cerca de 5,8 mil trabalhadores no setor da mineração que o sindicato representa – sendo que os associados, atualmente, estão em 2,1 mil pessoas. Ele foi criado em 1979 e atua diretamente com as mineradoras LHG Mining, EFMX, 3A Mining, MPP e Vetorial.

Alberto Carrera Caraffa encabeçou a chapa única em disputa no sindicato depois de ser convidado pelo próprio Jessé a ocupar o cargo. Conhecido por ser uma pessoa exigente, o novo presidente destacou em seu discurso de posse que superou problemas pessoais a partir de muita determinação e apoio familiar. Nessa missão inédita na vida que terá pela frente, de comandar o Sintrexcol, ele reforçou que será preciso um apoio coletivo. Também pontuou que a representatividade feminina precisa crescer na categoria e ponderou que para conseguir ter duas diretoras foi preciso muitas negociações.

Ele atua na mineração há 28 anos, tendo iniciado ainda na Rio Tinto. Como filiado ao Sintrexcol, está há 15 anos. Sobre as prioridades no trabalho da diretoria, destacou a necessidade de garantir reajuste adequado – a data-base da categoria acontece em maio – e também favorecer que as vagas que vão surgir sejam ocupadas localmente.

“Entendemos que vão ser gerados muitos empregos aqui. Eu digo não só para a região, mas em termos de Mato Grosso do Sul. Temos que aproveitar a presença do Senai, do Sesi. Temos que buscar capacitação para garantir que as pessoas de Corumbá e Ladário estejam preparadas para suprir essa mão de obra demandada. Entre as lutas que temos pela frente é garantir que haja um reajuste salarial digno, possibilidade de haver oportunidades e profissão para os filhos dos funcionários”, elencou.

Alberto Carrera assume a presidência do Sintrexcol em cerimônia com autoridades e convidados. Foto: Capital do Pantanal

Ele analisou que ao longo de mais de 30 anos de evolução na mineração em Corumbá e Ladário, o cenário que se desenha é que a atividade econômica vai passar por um crescimento que ainda não tinha sido registrado. Para exemplificar, analisou que a Vale mantinha em torno de 700 funcionários nas minas de Corumbá e Ladário. Esse número já aumentou para 2,2 mil trabalhadores diretos com a LHG Mining, que comprou as operações por US$ 1,2 bilhão em 2022 e prevê passar de 12 milhões para uma exploração de 25 milhões de toneladas de minério de ferro de alto teor. Para garantir que haja esses resultados, a estimativa é que a empresa tenha perto de 5 mil funcionários diretos, além de terceirizados.

“Entendemos que não é preciso buscar em outros estados trabalhadores para muitas vagas. O investimento que a LHG Mining vem fazendo é alto. A estimativa que temos, pelo sindicato, é que a empresa deve estar hoje com uns 30% de funcionários de fora do nosso estado”, contabilizou Alberto. 

No começo deste ano, a empresa, que pertence ao grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, chegou a promover um feirão de contratação, mas a convocatória não gerou tanto interesse local. “A LHG colocou um ônibus em cada bairro de Corumbá e Ladário (para chamar para contratação) e percebemos que houve um índice baixo de contratação de jovens. Tivemos essa defasagem com o Senai (houve risco de a unidade em Corumbá ser fechada, mas em setembro a situação foi contornada) aqui, que envolve toda uma questão política. E o sindicato vai cobrar para garantir que estruturas fiquem aqui, seja o Senai e outras instituições.”

O vereador de Corumbá Jovan Temeljkovitch defendeu que a Câmara esteve presente na solenidade por entender que é necessário um trabalho interinstitucional para garantir geração de renda e trabalho locais. “Recebi do presidente do Legislativo, o Bira, essa importante missão. A Câmara é a casa do povo e temos que buscar garantir os direitos coletivos e integrar as instituições. Viemos aqui para confirmar que vamos trabalhar em conjunto para garantir que as oportunidades sejam, primeiro, voltadas para a nossa região.”

Jovan representou a Câmara e destacou importância do trabalho conjunto com o sindicato. Foto: Capital do Pantanal

Nova diretoria

Jessé do Carmo Fernandes atendeu também a reportagem do Capital do Pantanal, mas preferiu que a entrevista fosse concentrada para as falas do novo presidente. Em seu discurso de despedida do cargo, durante a solenidade de posse, ressaltou que o sindicato precisa manter o diálogo e as discussões com as empresas de forma local. Antes de assumir o seu primeiro mandato, a diretoria anterior manteve uma hegemonia de décadas. Não foram mencionados nomes.

Jessé passa presidência e reforça a continuidade do diálogo com mineradoras locais. Foto: Capital do Pantanal

Ele pontou que na época da Vale, parte dos debates precisavam ser realizados em Belo Horizonte (MG) e a diretoria do Sintrexcol precisava realizar viagens rotineiras. Esse tipo de medida acaba esvaziando o debate. No caso da LHG Mining, o grupo que controla a mineradora tem sede em São Paulo. Jessé agradeceu à família, incluindo a esposa, filho e mãe – que assistiram à solenidade em mesa colocada bem na frente do púpito -, à sua diretoria e fez uma menção especial a Alberto Carrera. Também destacou que confia plenamente no novo presidente.

A mesa da nova diretoria foi formada por Elaine Maciel, Walquiria Barbosa, Edvaldo Gomes, Noelir Pesanha, Elielton Bezerra, Fabrício Mendes, Ricardo Rosa, Avalderson de Souza, Rodrigo Clemencio, Marcos Esposorio, Alexandre Nunes, Jessé do Carmo Fernandes, além de Alberto.

Quem também discursou na cerimônia foi o advogado da entidade, Marcelo Regis Costa.

Mineração em Corumbá e Ladário

O Complexo Morro do Urucum possui uma das três maiores jazidas de ferro de qualidade superior no mundo. O minério retirado encontra teores superiores a 65% de ferro, um dos mais puros no planeta e com valor de mercado agregado por conta dessa característica. A LHG Mining é a principal empresa que faz a exploração no local e em julho de 2025 anunciou a previsão de investir R$ 4 bilhões para ampliar as operações.

A projeção da empresa é que a viabilidade operacional no complexo é de 40 anos. Além disso, a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) projeta que essa operação tem capacidade para gerar, anualmente, cerca de R$ 350 milhões em tributos (CFEM, ICMS, ISS), parte deles acaba sendo destinado diretamente aos cofres públicos das Prefeituras de Corumbá e Ladário. Outro dado levantado pela Semadesc é que o empreendimento também vai gerar R$ 40 milhões em compensações ambientais.

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