Natal Encantado emociona crianças do Assentamento Tamarineiro I

Nem mesmo a chuva da manhã de segunda-feira (8) desanimou os alunos da Escola Municipal Rural Polo de Educação Integral Eutrópia Gomes Pedroso, no Assentamento Tamarineiro I. Foi ali que mais de 100 crianças, do Pré-1 ao 5º ano, viveram um Natal Encantado organizado pela professora de Arte, Janne da Costa Garcia Queiroz, em parceria com a professora Mariana Conde, e com o apoio da equipe escolar.

A ideia nasceu quando Janne pediu que os alunos escrevessem cartinhas para o Papai Noel contando seus desejos de Natal. Com todas em mãos, ela passou dias buscando padrinhos e madrinhas que topassem adotar os pedidos. Funcionários da escola também apadrinharam e ajudaram na organização, unindo esforços para garantir que cada criança recebesse um presente.

Os pedidos eram diversos: canetinhas, bonecas, livros de colorir, bolas, kits de arte, jogos educativos e até o famoso morango do amor. Na quadra da escola, a expectativa crescia a cada nome chamado. Algumas crianças aguardavam ansiosas, olhando para todos os lados; outras abraçavam o presente antes mesmo de abrir. Também era possível ver sorrisos largos, olhares atentos, crianças sentadas esperando a vez de serem chamadas e aquelas que, ao ouvirem o próprio nome, corriam felizes para buscar o presente. 

A entrega contou com a presença de alguns padrinhos, do Papai Noel, interpretado pelo esposo da professora Janne, e da Mamãe Noel, vivida pela professora aposentada Judith Rodrigues. Ela descreveu o momento com emoção.  “Apesar de professora aposentada, estou no meu habitat, estou no meio das crianças, que é a coisa que mais eu adoro. E eu desejo a todas as crianças milhões de felicidade, a todos os professores, diretores dessa instituição. E um Natal maravilhoso a todos. Foi gratificante ver o sorriso delas, que sentiram o carinho e amor dos padrinhos e madrinhas e é claro, da mamãe Noel.”

Entre os padrinhos, Delma Maria Rodrigues de Carvalho, que apadrinhou duas crianças, destacou a emoção de participar do projeto. "Quando fiquei sabendo do projeto, acabei me emocionando. Sabemos que as crianças precisam de atenção e carinho, e poder apadrinhar um menino e uma menina e ver a alegria delas foi simplesmente gratificante." afirmou. 

A gestora da escola, Enedina Santos de Moura, destaca que a ação nasceu do trabalho em conjunto. “Esse projeto nasceu com as professoras Janne e Mariana, e a aceitação foi total na escola. Poderíamos, inclusive, ter ampliado até o 9º ano, mas, para a primeira edição, foi maravilhoso. As professoras estão de parabéns, assim como toda a equipe, porque todo mundo abraçou essa iniciativa de presentear nossos alunos. Os administrativos, os demais funcionários, todos participaram: doaram presentes, carinho e amor. Trabalhamos aqui o ano inteiro, e nosso trabalho vai muito além do pedagógico; nós nos dedicamos integralmente às crianças. No final do ano, não poderia ser diferente.”

Entre os pequenos, a alegria era visível. Fernanda Mendonça, de 11 anos, contou: “Eu escrevi que eu queria um kit de pulseira e um kit de canetinha e eu falei pro Papai Noel que ele era o melhor Papai Noel do mundo. Gostei muito do presente que eu ganhei.”

Caio da Cruz Ferreira, de 10 anos, recebeu exatamente o que esperava dentro das possibilidades. “Eu escrevi para o Papai Noel que eu queria ter um patins ou um bobbie goods da Marvel e 30 canetinhas, só que me deram 24 e tá bom. Gostei muito do meu presente.”

Para Janne, idealizadora do projeto, o significado do Natal Encantado vai além dos presentes.

“A ideia do projeto de Natal surgiu enquanto eu trabalhava com crianças, do assentamento. Aquilo tocou meu coração e despertou em mim a vontade de fazer um agrado para elas. A ideia foi amadurecendo, busquei parceiros e amigos para abraçar esse sonho comigo. Foi assim que surgiu o Natal Encantado, com padrinhos e madrinhas que vieram somar para proporcionar um momento de muita alegria às crianças.”

Ao organizar as cartinhas, ela viveu um momento que, segundo ela, jamais vai esquecer.  “Eu tive a oportunidade de ler uma por uma enquanto organizava tudo. Eu queria entender o que cada criança realmente desejava ganhar. E uma das cartas me emocionou profundamente. A criança pediu alguns presentes, mas, entre eles, escreveu: ‘Papai Noel, por favor, traga o meu pai neste Natal’. Quando terminei de ler, eu chorei de tanta emoção. Aquilo mexeu comigo de uma forma indescritível.”

Ela também destaca a parceria com Mariana na construção da ação. “A professora Mariana caminhou comigo desde o início. Nós duas assinamos o projeto como autoras, e foi realmente uma construção conjunta. Queríamos tocar o coração das pessoas para que apadrinhar uma criança também fosse um gesto de amor.”

Mesmo com os desafios, Janne pretende ampliar o projeto no próximo ano.  “Com a graça de Deus, quero realizar mais projetos no ano que vem, envolvendo ainda mais crianças. Neste ano, conseguimos atender os alunos do Pré-1 ao 5º ano. Para o próximo, meu desejo é que todos os estudantes da escola recebam uma lembrança do Papai Noel.”

A expectativa é que a iniciativa continue crescendo e alcance ainda mais famílias do assentamento, mantendo vivo o espírito de solidariedade que transformou uma manhã chuvosa em um dos dias mais emocionantes do ano.
 

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