Casos de racismo aumentam em Corumbá e reforçam importância da denúncia
30 JUL 2025 • POR Danielly Carvalho • 17h22Corumbá registrou um aumento expressivo nos casos de racismo em 2025. Segundo o Delegado Regional Fabrício Dias dos Santos, houve um crescimento de 42% nos registros em comparação com o mesmo período de 2024. O crime mais recorrente é a injúria racial, modalidade em que a vítima é ofendida com base em sua raça, cor, etnia ou procedência nacional.
A autoridade policial destaca que o combate ao racismo esbarra, principalmente, na dificuldade de obtenção de provas. “Por vezes o crime ocorre longe de testemunhas. E é comum que as pessoas se recusem a comparecer à delegacia ou ao juízo para prestar depoimento”, afirma o delegado. Ele ressalta que as vítimas devem fornecer o nome das testemunhas, que, por lei, são obrigadas a depor.
Em março deste ano, Fabrício recebeu em Corumbá a visita da Subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial de Mato Grosso do Sul, Vânia Lúcia Baptista Duarte, e do técnico José Roberto Costa Cardoso. A reunião teve como objetivo alinhar ações de enfrentamento ao racismo na cidade.
Além do trabalho investigativo, o delegado tem promovido ações preventivas. “Tenho realizado palestras em escolas, universidades e cursos de formação de instituições de segurança pública”, relata. Ele também atua para que a Polícia Civil adote rotinas alinhadas à Lei nº 7.716/1989, recentemente atualizada pela Lei nº 14.532/2023, e que seja incluída uma disciplina específica sobre práticas antirracistas nos cursos de formação da corporação.
Sobre o acolhimento às vítimas, Fabrício revela que está em discussão a criação de um protocolo de atendimento especializado para casos de racismo. “Esse tipo de procedimento exige sensibilidade desde o momento do registro da ocorrência até a coleta das provas”, pontua.
O delegado observa que houve um avanço na conscientização da população, especialmente após a modificação na Lei de Racismo. No entanto, ainda há pessoas que se sentem “envergonhadas, amedrontadas ou desencorajadas” a denunciar.
Para combater o silêncio, ele reforça os canais disponíveis para denúncia:
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Delegacias da Polícia Civil, com atendimento presencial;
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Disque 190, em casos de flagrante;
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WhatsApp da 1ª Delegacia de Polícia – (67) 3234-7111;
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Disque 100, serviço nacional e anônimo para denúncias de violações de direitos humanos.
Questionado sobre o papel da polícia em ações educativas, o delegado é enfático: “O enfrentamento ao racismo é dever de todos. A presença da Polícia Civil em escolas e comunidades certamente aumentará a conscientização da população e poderá contribuir para a redução desses crimes em nosso município”.
Com uma abordagem que combina prevenção, educação e repressão, o delegado acredita que Corumbá pode avançar no combate ao racismo, desde que toda a sociedade se envolva no processo.
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