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Rio Paraguai retoma navegabilidade, mas continua com pontos de seca

19 JAN 2022 • POR Gesiane Sousa com informações do Portal do Governo • 08h35
a régua de medição de Ladário está em 107 centímetros, índice 21,5% maior que no mesmo período do ano passado, que estava em 88 cm. - Divulgação

Apesar da recuperação do nível de água e do retorno do transporte hidroviário, o Rio Paraguai continua abaixo da média histórica e com pontos de extrema seca, onde não é possível navegar. 

De acordo com dados da Sala de Situação do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), a régua de medição de Ladário está em 107 centímetros, índice 21,5% maior que no mesmo período do ano passado, que estava em 88 cm. Já em Porto Murtinho, a estação apontou que o rio Paraguai está em 187 centímetros ou 7,4% acima do nível registrado em 18 de janeiro de 2021. 

Os números tornam a navegabilidade possível em parte da hidrovia, porém o nível é o mais baixo dos últimos cinco anos, só está acima do ano passado. Como bem citou Jaime Verruck, secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, em entrevista ao Portal do Governo de Mato Grosso do Sul (MS), “o nível ainda está longe da normalidade”. Um exemplo disso é o canal do Tamengo, que faz a ligação entre Corumbá e Bolívia que continua seco. “O Canal está muito baixo e isso tem prejudicado o acesso das barcaças até a Bolívia seja na entrada ou saída de mercadorias”, acrescentou. 

A hidrovia é de extrema importância logística para o escoamento das mercadorias do Estado, como o minério de ferro que durante todo o tempo de seca do rio tem utilizado as rodovias como rota de transporte, tornando o trânsito pesado e perigoso para os pequenos veículos. Nos últimos meses, foram registrados acidentes fatais envolvendo caminhões.  

Com o retorno do transporte hidroviário, mesmo que parcialmente, a expectativa é que as rodovias do estado recuperem a normalidade de trânsito e que a hidrovia do Paraguai continue sendo a melhor opção de conexão do estado com o Paraguai, Argentina e Bolívia. 

Na entrevista, Verruck pontuou que quando se fala em exportação pela hidrovia, é imprescindível salientar a importância dos terminais. “Estamos falando de terminais portuários e da necessidade que nós temos de todo o sistema da estrutura de barcaças. Isso é fundamental. O que nós observamos nos últimos dois anos foi primeiro a paralisação da hidrovia em função de uma seca histórica”, lembrou. 

“Para que isso ocorra, seria preciso muito mais chuvas, segundo o secretário. “Nós precisamos que chova muito mais para ter uma recomposição plena dessa régua. O nível hoje é extremamente positivo, mas ainda baixo diante de anos anteriores", disse. 

Pressão nas rodovias 

O secretário Jaime Verruck analisou as perdas que a paralisação da hidrovia trouxe a economia estadual e a transporte no ano passado. “Nós tivemos aí em função da paralisação da hidrovia, uma pressão muito grande em relação a todo o sistema rodoviário do Estado, seja da produção de soja, dado que Porto Murtinho também não conseguiu exportar os grãos e por outro lado todo problema que nós tivemos também na questão de exportação de minério”, afirmou. 

A soja e o minério de ferro são destaques da balança comercial, liderando um crescimento muito forte das exportações. “Isso criou uma pressão nas rodovias, principalmente caminhões de minério se deslocando a partir de Corumbá pela BR-262 até o estado de São Paulo. Então isso trouxe aumento no nível de acidentes e deterioração do leito rodoviário. Essa era uma preocupação”, admitiu. 

Apesar da queda na navegação pela hidrovia, Verruck destacou que as instalações portuárias do Centro-Oeste apresentaram no ano passado uma forte movimentação. No caso específico do Porto Gregório Curvo e do terminal granel química em Mato Grosso do Sul, ambos foram destaque em aumento da produção. O Porto Gregório Curvo em Ladário, por exemplo movimentou de janeiro a novembro 1,8 milhões de toneladas no comparativo com 2020. Já o Terminal Granel Química de Ladário foi responsável pelo transporte de 979 mil toneladas, um crescimento de 164,61% em relação ao mesmo período do ano anterior. 

“Muito desta produção foi escoada por caminhões. Então é extremamente importante esse retorno da hidrovia agora no início de janeiro. Não só para a questão de cargas, mas para a movimentação do turismo, o deslocamento de pessoas. Então, a volta a hidrovia acaba tendo um papel importante para toda economia de Mato Grosso do Sul”, concluiu.