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Contas da Santa Casa continuam na mira de investigação do legislativo

15 SET 2021 • POR Gesiane Sousa • 09h51
Vereador Chicão Vianna protocolou uma série de requerimentos na Câmara, cobrando relatórios financeiros da instituição. - Divulgação

Desde que crise financeira da Santa Casa de Corumbá chegou a conhecimento público, o legislativo municipal e estadual está fiscalizando as contas do hospital que vêm recebendo diversos recursos para conter os avanços da Covid-19, porém recentemente precisou contar com ajuda financeira do estado e do governo federal para pagar salários atrasados de médicos da linha de frente da pandemia.  

Em 19 e agosto, o deputado estadual Evander Vendramini, apresentou requerimento solicitando ao Ministério Público Federal (MPF), Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério da Saúde informações sobre os repasses à Santa Casa de Misericórdia de Corumbá.  

Em declaração o deputado disse desconfiar do destino dos recursos recebidos pela instituição. “Em razão da pandemia de Covid, muitos recursos foram repassados. Portanto, qual o motivo de não pagar os plantões? Não são apenas reclamações dos salários dos médicos, mas dos demais profissionais que atuam no hospital. Além disso, recebemos denúncias sobre a qualidade da alimentação que é servida”. 

Vereador Chicão Vianna voltou a cobrar transparência nas contas da Santa Casa. Foto: Rede Social

Vereadores do município também cobram por explicações e transparência dos gastos do Hospital. O assunto já foi discutido em diversas sessões ordinária da Casa de Leis Corumbaense, somente o vereador Chicão Vianna, cobrou tais relatórios por mais de cinco vezes em plenário, estendendo o questionamento inclusive para a prefeitura do município sobre o funcionamento do Portal da Transparência da Santa Casa.  

Em seu perfil no Instagram, nesta terça-feira (14), Chicão Vianna voltou a comentar o assunto. O vereador afirmou ter apresentado na Câmara Municipal uma série de requerimentos, que ainda serão submetidos à aprovação da Câmara, direcionados à Presidência da Junta Interventora da Santa Casa de Corumbá, ele solicitou as seguintes informações: 

Relatório completo de todas as receitas e despesas ocorridas no combate ao COVID-19, oriundas de verbas públicas (federais, estaduais e municipais) ou privadas, inclusive as doações recebidas pela Santa Casa, como de materiais, insumos e medicamentos; 
  Relatório constando todas as doações de materiais, medicamentos e insumos recebidas pela Santa Casa de janeiro/20 até a presente data, devendo constar qual o destino da doação, se foi ou está sendo utilizada. 
  Relatório constando todos os lançamentos das doações e empréstimos recebidos pela SC, assim como todos os pagamentos realizados com essas doações e empréstimos, de dezembro/19 até a presente data. 
  Relatório do sistema de gestão de farmácia de janeiro/20 até hoje, devendo constar todas as entradas e saídas, inclusive os ajustes de estoque, com o respectivo nome do funcionário/servidor que realizou tal ajuste. 
  Cópia de todos os processos de compra da Santa Casa de janeiro/20 até hoje. 
  Quadro de pessoal de 1º de dezembro de 2017 até a presente data, inclusive dos terceirizados da Santa Casa de Corumbá. 
  Relatório contendo todos os valores recebidos pela Santa Casa de Corumbá para realização de procedimentos particulares, devendo constar no relatório o valor recebido, o lançamento contábil no sistema de gestão financeira da instituição e a destinação dos valores. 
 

Chicão lembrou ainda dos funcionários que estão sendo demitidos sem receber as devidas verbas rescisórias, e que há relatos da falta de insumos, falta remédios essenciais (como anestésicos) e até mesmo de itens básicos como papel higiênico.  

“A situação da Santa Casa está CRÍTICA! A Junta Interventora informa que todo mês inicia com um prejuízo de 1 milhão de reais. Alguma coisa está errada…o que está sendo feito com o dinheiro recebido? Porque sempre há prejuízo? Precisamos de respostas!”, disse o representante do povo.  

No portal da transparência, os gastos com advogados superam R$ 40 mil. Foto: Reprodução internet

Caso de agressão a enfermeira 

Enefermeira Kelly trabalhou por quase dois anos na Santa Casa. Foto: Rede Social 

O caso de agressão denunciado pela enfermeira Kelly (31 anos), na última sexta-feira (10), complicou ainda mais a situação da Santa Casa. A ex-funcionária afirma que foi ridicularizada, agredida e expulsa da instituição ao cobrar pelo recebimento de seus direitos trabalhistas, após ser demitida da função que desempenhou por quase dois anos na linha de frente do Covid. Ela participou de uma Live na redação do Capital do Pantanal ontem, terça-feira (14) e desmentiu a declaração da diretoria administrativa do Hospital, que em nota de esclarecimento, disse que a versão da enfermeira era calúnia.  

Kelly mostrou a gravação da conversa que teve com o diretor administrativo, a quem ela acusa de agressão. No áudio fica claro que tem verdade na versão da enfermeira, e que o diretor inclusive chamou a polícia para tirar ela de dentro do Hospital.