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Pai de Fernandinho está preso e responderá por crime de sequestro

19 FEV 2021 • POR Mariana Conte • 11h27
Delegada disse que essa não foi a primeira vez que o pai sumiu com a criança - Foto: Capital do Pantanal

Fernando de Souza Pereira, pai do menino Fernando Henrique Santos Pereira, de 11 anos, que foi  responsável pelo desparecimento da criança na manhã desta quarta-feira, 17, está preso e responderá por crime de sequestro.

A delegada Tatiana Zingier e Silva responsável pelo caso concedeu entrevista coletiva a imprensa na manhã desta sexta-feira (19) para esclarecimentos. Ela relatou que as primeiras informações obtidas do desaparecimento a polícia soube por redes sociais e entraram em contato com os números que apareciam. “Até que consegui contatar com o pai e num primeiro momento ele não levantava suspeitas e parecia preocupado com o suposto sumiço da criança”.

A delegada conta que junto com a equipe policial foram até a casa da criança, conversaram com a mãe e com uma vizinha, elas contaram que a criança teria passado pela padaria. Logo em seguida entraram em contato com a funcionária dessa padaria que confirmou que a criança tinha passado por lá, acenado e seguido reto, e que a criança aparentava estar bem vestida e não chamou atenção.

“Na parte da manhã acompanhamos câmera de segurança, na parte da tarde seguimos para ver se as imagens diziam algo e não estávamos encontrando lugares com imagens que pudesse nos mostrar a criança. Em conversa com a mãe e com uma criança descobrimos uma outra testemunha que teria visto o menino entrar num ônibus com um homem que parecia ser o pai”, contou a delegada que disse que essas informações foram adquiridas por volta das 16h30. “Quando por volta das 17h30 espontaneamente o pai da criança chegou na delegacia para buscar informações sobre o paradeiro da criança e eu estava na sala com mais alguns policiais e ele entrou e começou a conversar conosco. Pedimos o que ele tinha de informação e o mesmo disse que não parou de procurar o filho”.

De acordo com a delegada nessa troca de informações chegou uma equipe policial que estava na rua coletando informações. “Os policiais entraram e comentaram que estavam conversando com uma criança que comentou que o autor colocava créditos no celular dessa criança para falar com o filho e que eles teriam conversado no dia do desaparecimento. Com essa informação em mãos perguntamos para o pai sobre a veracidade desse fato”, relatou.

Diante dessa pergunta da equipe policial o pai que num primeiro momento dizia que não falava com a criança desde a separação, cerca de um mês, quando saiu de casa entrou em contradição. “Dissemos a ele que tínhamos informações de que ele colocava créditos no celular dessa criança para falar com o filho e ele começou a cair em contradições até que logo depois confessou que estava com o menino”, afirmou Tatiana.

A partir dessa confissão a equipe policial acompanhou o pai até a casa da irmã dele, onde o filho encontrava-se dormindo num colchão ao lado de outra criança, filha da dona da casa. Na residência também estava um sobrinho do autor.

Segundo a delegada tanto a dona da casa quanto o sobrinho do autor serão investigados por uma possível participação nesse crime de sequestro. Fernando de Souza Pereira, pai do menino responderá por crime de sequestro. 

A delegada ainda informou a imprensa que durante as investigações e em oitiva com a mãe do menino descobriram que o pai pediu a mãe a certidão de nascimento e a carteira de vacinação da criança. “E a mãe nos disse que não entregou porque ele já tinha o CPF e o RG da criança. Então a nossa equipe de investigação acredita que ele queria fugir com o filho”, ressaltou.

Sumiço não foi a primeira vez

Em depoimento na delegacia a mãe do menino contou que essa não foi a primeira vez que acontece esse sumiço. A mãe disse na oitiva que há uns quatro anos atrás quando o casal tinha brigado ,o filho teria ficado com o pai e ele num determinado momento teria entrado em contato com a mãe dizendo que a criança teria sumido e ninguém sabia onde estava. “Chegou na delegacia para registar boletim de ocorrência e quando a mãe chegou desconversou e disse que já tinha resolvido e que a criança tinha sido encontrada. Na ocasião ele fez a criança mentir que tinha fugido e teria se perdido”, afirmou a delegada.

Naquela época a mãe voltou o relacionamento com o pai. “Então acreditamos que ele fez tudo isso para tentar reatar esse relacionamento que tinha perdido, uma vez que já tinha tido essa atitude há um tempo atrás”, salientou a responsável do caso.

Quando foi interrogado o autor conta que a criança apareceu na casa dele por volta das 20h da noite e que a criança estava suja e mau cuidada e que a criança não queria ficar com a mãe e que só não contou porque o caso tinha tomado proporções muito grandes e ele teria ficado com medo do que poderia acontecer. “O que a equipe de investigação não acredita. São desculpas que ele dá pelo que fez, porque não tem justificativas”, reforçou a delegada.

Nos depoimentos a mãe da criança, que tinha medida protetiva contra Fernando, disse que já sofreu várias agressões físicas por parte dele.

O caso do desaparecimento foi um trabalho em conjunto da Delegacia Regional de Corumbá, Delegacia da Mulher, do 1ºDP e da Delegacia da Infância.

Fernandinho estava o tempo todo com o pai Foto: Divulgação