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Sindicato nega que fazendeiros sejam autores dos incêndios no Pantanal

16 SET 2020 • POR Gesiane Sousa com informações do Sindicato Rural do Pantanal • 16h47
Sindicato Rural defende que fazendeiros também são prejudicados pelos incêndios, que destroem propriedades no Pantanal. - Divulgação/Bombeiros

O Sindicato Rural de Corumbá se posicionou contra a “acusação” de que produtores rurais são os responsáveis pelos incêndios no Pantanal. O assunto ficou em evidência com a deflagração da operação Matáá, da Polícia Federal, nesta segunda-feira (14).

Em nota divulgada nesta terça-feira (15), o Sindicato repudiou a forma com que perícias, supostas pesquisas e dados fornecidos pelas autoridades ambientais e policiais e organizações não-governamentais (Ongs) condenam os fazendeiros do Pantanal pela ocorrência de incêndios florestais incontroláveis no bioma.

Para a entidade, que congrega os produtores do maior município do Pantanal, a suspeita sobre os fazendeiros é uma ação arquitetada por setores ligados às organizações não-governamentais, com a conivência de órgãos federais e estaduais, com o objetivo de apontar culpados para uma situação calamitosa e extrema devido à seca. Esclarece que podem ocorrer incêndios motivados, porém há outros fatores naturais, como concentração de massa orgânica de alta combustão e baixa umidade do ar.

Contradições

O presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Luciano Aguilar Leite, disse que o pantaneiro, em atividade econômica no bioma há mais de 250 anos, é o responsável pela conservação de mais de 80% de todo o Pantanal, conforme dados científicos. Ele coloca em dúvida algumas conclusões de levantamentos sobre as causas dos incêndios, lembrando que o Governo do Estado divulgou que 90% dos focos de calor surgiram na beira dos rios.

Luciano cita contradições nestes laudos, apontando, como exemplo, a perícia que acusa os fazendeiros pela ocorrência dos incêndios no Pantanal de Mato Grosso. A referida perícia concluiu que na RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Sesc Pantanal, a causa do incêndio foi “queima intencional de vegetação desmatada para criação de área de pasto para gado”. “Em RPPN não tem atividade econômica, ou o Sesc está criando gado?”, contesta.

A nota do sindicato afirma que a entidade está em assembleia permanente para expressar solidariedade aos associados atingidos, “expressando a verdade inconteste que, se existe um Pantanal, ele não se deve aos aventureiros e coronéis de romances cacaueiros com seus caxixes e tentativas de assassinatos de reputação”. E conclui que os produtores pantaneiros têm o apoio da Famasul e da Confederação Nacional de Agricultura (CNA).

Nota oficial

“O Sindicato Rural de Corumbá, em Assembleia Geral Extraordinária  manifesta seu absoluto repúdio à criminalização imposta aos pantaneiros, por ocasião de incêndios  incontroláveis que atingiram a planície  pantaneira e o Planalto adjacente.

Indivíduos inescrupulosos, manipulando legítimos sentimentos de comoção com a exposição de animais feridos, objetivam arrecadar dinheiro para sustentar e aumentar as famigeradas reservas e restrições de uso que tornaram o Pantanal, seus bichos e gentes, extremamente vulneráveis diante das mudanças climáticas que afetam o planeta, onde uma simples seca vira o Apocalipse.

Escondem sua responsabilidade civil e criminal diante da tragédia, que sua atuação equivocada promoveu nos últimos  quarenta anos, através de  programa estrategicamente planejado em agências especializadas e redações, para este verdadeiro estelionato ambiental que hoje, estarrecidos, assistimos.

Não é possível, iniciando esta terceira década do Século 21, que artimanhas de grupos de conhecidos picaretas possam continuar a manipular o Poder Judiciário Federal e Estadual, envolvendo em suas maquinações até o próprio poder policial do Estado brasileiro, prendendo as vítimas e tornando heróis os malfeitores, ao mesmo tempo que abastecem suas organizações do produto do golpe.

Nós declaramos em Assembleia permanente para expressar nossa solidariedade aos companheiros atingidos, bem como suas famílias,  expressando a verdade inconteste que, se existe um Pantanal, ele não se deve a aventureiros e coronéis de romances cacaueiros com seus caxixes e tentativas de assassinatos de reputação!

Superaremos esta seca e estes incêndios cultuando nossas tradições, como superamos trinta e cinco anos de enchentes, que, no seu começo, também atraiu a pilhagem e o saque.

Colocamos à disposição dos companheiros atingidos e para os próximos que certamente virão, como já fartamente  anunciado,  as assessorias jurídicas de nosso Sindicato Rural de Corumbá, Federação  de Agricultura do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul) e da Confederação Nacional de Agricultura (CNA).”