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Gaeco investiga ex-presidente do Tribunal de Justiça por ligação com grupo de extermínio

19 JUN 2020 • POR Site O Jacaré • 11h47
Desembargador teria oferecido dinheiro para capitão sair do Estado e não comprometer Jamil Name. - Arquivo

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) investiga a ligação do ex-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, desembargador Joenildo de Souza Chaves, com o grupo de extermínio chefiado pelos empresários Jamil Name, 81 anos, e Jamil Name Filho, 42. O apartamento do magistrado foi alvo do cumprimento de mandado de busca e apreensão na Operação Omertà 3 – Armagedom, deflagrada nesta quinta-feira (18).

Os indícios apresentados convenceram o juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande. Ele também determinou a apreensão do telefone celular do desembargador aposentado. Na primeira fase da Operação Omertà, realizada no dia 27 de setembro do ano passado, o Gaeco encontrou cheque de R$ 100 mil de Joenildo em poder de Jamil Name.

Conforme investigação feita pelo Gaeco, Joenildo de Souza Chaves frequentava a residência de Jamil Name.
Joenildo é acusado de ter procurado o capitão da Polícia Militar, Paulo Roberto Teixeira Xavier, para oferecer dinheiro em troca do silêncio sobre a execução do filho, o universitário Matheus Coutinho Xavier. O desembargador o teria procurado em nome de Jamil Name para saber se o policial já tinha prestado depoimento sobre o assassinato ao Garras ou ao Gaeco.

“Tal encontro foi presenciado por J.G. dos S. (fls. 1795/1796), o qual afirmou que Paulo Roberto Teixeira Xavier lhe contou acerca do teor da conversa e que envolvia a morte de seu filho, Matheus Coutinho Xavier e que JOENILDO DE SOUZA CHAVES lhe havia oferecido dinheiro para sair do Estado o que, em tese, pode caracterizar o delito de impedir, ou, de qualquer forma, embaraçar investigação de infração penal que envolva organização criminosa”, pontuaram os promotores.

“Assim, os elementos coligidos aos autos pela autoridade denotam a existência de indícios de cometimento dos delitos de organização criminosa, homicídios qualificados, grupo de extermínio, milícia armada, tráfico de armas, porte ilegal de armas, corrupção, extorsão, agiotagem, dentre outros, bem como em poder dos investigados podem ser encontrados cadernos, anotações, registros e livros, formais ou informais relacionados à atuação da organização criminosa, HDs, laptops, pen drives, arquivos eletrônicos de qualquer espécie, agendas manuscritas ou eletrônicas, quando houver suspeita que contenham material probatório relevante, como o acima especificado; além de valores em espécie em moeda estrangeira ou em reais, sem comprovação de origem, ou acima de R$ 1.000,00; sem prejuízo, obviamente, de eventuais instrumentos caracterizadores de crime e de interesse da investigação”, destacou o magistrado.

É a primeira vez que um desembargador do TJMS é formalmente investigado por envolvimento com o crime organizado no Estado.

Joenildo de Souza Chaves foi testemunha de defesa de Jamil Name pela execução do estudante Matheus Coutinho Xavier.