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Ônibus clandestino contribui para crime de evasão de divisas

22 MAI 2020 • POR Gesiane Sousa • 10h13
Ônibus foi parado na barreira sanitária instalada na entrada da cidade. - Divulgação Agetrat

Uma nova tentativa de burlar a proibição do transporte intermunicipal em Corumbá foi flagrada na noite de ontem, quinta-feira (21), na barreira sanitária do Posto Fiscal Lampião Aceso, na BR 262, entrada da cidade. A apreensão foi realizada pela Coordenadoria de Fiscalização de Posturas, Agência Municipal e Trânsito (Agetrat), Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) e militares do Exército Brasileiro.

Desde que a prefeitura paralisou as viagens intermunicipais em Corumbá no final de março, como forma de controlar a disseminação do coronavírus na cidade, empresas não autorizadas e motoristas de aplicativos em sistema de “caronas”, tentam furar a fiscalização com viagens clandestinas. O serviço geralmente não obedece regras sanitárias e de saúde e ainda apresentam riscos a segurança dos passageiros, pois funciona sem qualquer fiscalização ou regulamentação.  

No ônibus da empresa de fretamento Buser, estavam entre os passageiros três bolivianos: uma mulher acompanhada de uma criança e um homem. Com a mulher foram encontrados mercadorias e a quantia de 7 mil dólares não declarados. O valor é equivalente a mais de R$ 39 mil no câmbio atual. Atravessar fronteiras com dinheiro em espécie acima de R$ 10 mil sem declarar na Receita Federal é crime, chamado Evasão de Divisas. A boliviana foi acompanhada pelo Exército até a Receita federal, onde o valor é contabilizado e as medidas judiciais serão tomadas.

O homem de nacionalidade boliviana foi acompanhado até a fronteira com a cidade de Puerto Quijarro e o ônibus da Buser, não autorizado a realizar transporte de passageiros em Corumbá, foi apreendido e lavado para o pátio da Prefeitura da cidade. Segundo a Posturas de Corumbá, a empresa tem cinco dias para apresentar uma defesa formal. 

A Buser enviou nota oficial ao site Capital do Pantanal defendendo que o ônibus apreendido é de uma empresa parceira, que utiliza a marca Buser como ferramenta de marketinng voluntário. Segundo a empresa, as atividades foram paralisadas antes mesmo da determinação municipal e não possui um único ônibus, atuando tão somente na conexão entre empresas de transporte e passageiros. Confira a nota na íntegra:

"Importante esclarecer que a empresa não possui um único ônibus, atuando tão somente na conexão entre empresas de transporte e passageiros. O veículo apreendido é de propriedade de uma empresa parceira que utiliza a marca da Buser como uma ferramenta de marketing voluntário.

Importante esclarecer, ainda, que na contramão das empresas convencionais de ônibus, a Buser decidiu suspender as operações antes mesmo das determinações das autoridades ao perceber que sua atuação poderia servir de vetor para a transmissão do novo coronavírus, levando-o das capitais para o interior. Não há, portanto, uma única viagem intermediada pela Buser em operação no país.

A Buser possui cerca de 100 empresas de ônibus parceiras, que oferecem seus serviços por meio da plataforma. Com mais de 2 milhões de usuários cadastrados e transportando cerca de 180 mil passageiros ao mês, para mais de 200 cidades, o impacto da operação poderia ser catastrófico, uma vez que todo esse conjunto de pessoas atuaria como potenciais vetores da COVID-19, num movimento crescente das grandes capitais para o interior.

Ciente do impacto que a paralisação nas operações causaria nas empresas parceiras, a startup criou um fundo de cerca de R$ 2 milhões para auxiliar no enfrentamento da crise econômica gerada pela epidemia.

A iniciativa vem garantindo a manutenção de centenas de empregos de motoristas e mecânicos, além de permitir fôlego para que as transportadoras tenham em caixa recursos para despesas urgentes"