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MS testará plasma sanguíneo em pacientes infectados com Covid-19

6 ABR 2020 • POR Correio do Estado • 11h40
Protocolos de pesquisa devem ser abertos com a participação dos hospitais Regional e Universitário. - Saul Schramm

A partir desta semana, Mato Grosso do Sul passa a integrar um pool de estados que vai testar novas armas contra a pandemia da Covid-19. Entre elas está o plasma sanguíneo de pacientes curados da doença, que carrega anticorpos. O Hospital Regional e o Hospital Universitário, ambos de Campo Grande, vão participar de ensaios clínicos para testes de pelo menos três métodos de enfrentamento ao novo coronavírus, responsável por milhares de mortes no mundo – são cerca de 10,6 mil casos confirmados e 460 mortes somente no Brasil.

Pelo boletim epidemiológico de ontem, MS tem 65 casos confirmados de Covid-19 e um óbito. Do total, já são 27 pessoas que cumpriram o isolamento e não apresentam mais sintomas.

Os projetos fazem parte de esforços da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No Estado, os trabalhos serão dirigidos pelo infectologista Júlio Croda, que está se desligando da direção do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde e assumindo o posto de coordenador de especialistas da Fiocruz/Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

PLASMA

No caso específico da aplicação de plasma, a pesquisa será coordenada pelo hematologista e hemoterapeuta Rodrigo do Tocantins Calado de Saloma Rodrigues, de São Paulo. 

Segundo Júlio Croda, essa linha de análise utiliza o chamado plasma convalescente, em que o soro sanguíneo de pessoas já curadas da Covid-19 é administrado em pacientes internados para ajudar a ativar os seus sistemas defensivos.

O objetivo da pesquisa, que obedecerá rigoroso protocolo, é desenvolver um tratamento experimental para verificar se, utilizando o componente de pessoas consideradas imunizadas do vírus, é possível transferir essa condição para aqueles em estado grave. Comprovada a eficiência, o método poderá evitar que muita gente vá parar em uma unidade de terapia intensiva (UTI).

Ensaios vêm sendo realizados em países como China, Itália e Estados Unidos. No Brasil, além de alguns hospitais da rede pública, um consórcio dos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês e da Universidade de São Paulo deve desenvolver o mesmo ensaio.

O projeto passou a ser admitido após pessoas curadas da Covid-19 apresentarem anticorpos em seus sistemas sanguíneos, indicando estarem imunes ao vírus.  

O uso da substância já foi feito com sucesso em surtos de outras infecções respiratórias, como o da pandemia do H1N1, entre 2009 e 2010; a epidemia de Sars-CoV-1, em 2003; e a epidemia de síndrome respiratória do Oriente médio (Mers-CoV), de 2012.

Componente do sangue

O plasma é um dos componentes do sangue e representa cerca de 55% de seu volume. Correspondente à parte líquida, reúne, entre outros elementos, os anticorpos e, por transportá-los, participa ativamente da defesa do organismo.