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Evo Morales renuncia presidência e acusa policial de apresentar mandado de prisão ilegal

11 NOV 2019 • POR Gesiane Sousa com trechos do G1 e Brasil 247 • 08h32
Evo utilizou a rede nacional de televisão para anunciar sua renuncia a presidência. - Reprodução G1

Horas após renunciar ao cargo de presidente da Bolívia, Evo Morales denunciou em seu Twitter, na noite deste domingo (10), que um policial afirma ter um "mandado de prisão" contra ele e que "grupos violentos assaltaram" sua casa. O México ofereceu asilo ao político.

Evo postou em seu perfil na rede social às 22h30: "Eu denuncio ao mundo e ao povo boliviano que um policial anunciou publicamente que ele foi instruído a executar um mandado de prisão ilegal contra mim; da mesma forma, grupos violentos assaltaram minha casa. O golpe destrói o estado de direito".

Manifestações populares e as Forças Armadas do país forçaram Evo a deixar o cargo. Ele saiu da sede do governo, em La Paz, e está foragido em El Chapare. Há milhões de bolivianos nas ruas. As principais televisões do país foram tomadas.

O anúncio da renúncia veio horas depois do então presidente boliviano anunciar novas eleições no país, em rede nacional, na televisão. Evo Morales foi pressionado a tomar tal decisão após a Organização dos Estados Americanos, OEA, divulgar que as eleições de 20 de outubro haviam sido fraudadas. O vice-presidente, Álvaro García Linera, também apresentou a renúncia.

O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, ofereceu asilo no país ao líder boliviano. De acordo com o ministro, 20 membros do executivo e legislativo boliviano já foram recebidos na embaixada mexicana em La Paz. 

"Decidi, escutando meus companheiros, renunciar ao meu cargo da presidência", disse Evo. Logo em seguida, ele atacou seus opositores Carlos Mesa e Luis Fernando Camacho. "Por que tomei essa decisão? Para que Mesa e Camacho não sigam perseguindo meus irmãos dirigentes sindicais. Para que Mesa e Camacho não sigam queimando a casa dos governadores de Oruro e Chuquisaca.". Evo ainda classificou a situação como um golpe: "Lamento muito esse golpe cívico, e de alguns setores da polícia que se juntaram para atentar contra a democracia, contra a paz social com violência, com amedrontamento para intimidar o povo boliviano."

No Brasil, o ex-presidente Lula, recém liberto, demostrou apoio ao líder boliviano em seu perfil no Twitter. Jair Bolsonaro, atual pesidente do Brasil pelo PSL, também expôs sua opinião na rede social.

Fronteira fechada

O desbloqueio da fronteira com o Brasil, em Corumbá, continua sem resposta. Manifestantes afirmam que só liberarão a passagem se o sucessor não for apoiador de Evo Morales. Já são 20 dias de fronteira fechada e o comércio de ambos os países sente o prejuízo. 

Dúvida sobre a sucessão

Ainda não está oficialmente definido quem assume a presidência boliviana. A senadora da Unidade Democrática (UD), Jeanine Añez, segunda vice-presidente do Senado, disse que está na linha de sucessão e cumpriria esse papel.

"Como nossa Constituição estabelece, estou na segunda vice-presidência, me corresponderia assumir esse desafio com o único objetivo de convocar novas eleições, pacificar o país e retorná-lo ao normal", disse a senadora a um canal de televisão.

Añez, que vive em Trinidad, disse que, para assumir o cargo de presidente, uma assembléia extraordinária deve ser convocada para aprovar as renúncias de Evo Morales e García Linera. "Espero que tenhamos quórum, porque o MAS tem dois terços na Assembleia", ponderou.