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Corumbaense é terceiro nome a integrar o primeiro escalação da gestão de Jair Bolsonaro

4 JAN 2019 • POR Correio do Estado • 07h38
Corumbaense durante sua cerimônia de posse, na manhã de quinta-feira (3) - Divulgação.

General da reserva do Exército desde 2002, Marco Aurélio Vieira será o homem forte do esporte brasileiro pelo próximo quadriênio. Nascido em Corumbá, é o terceiro sul-mato-grossense a integrar o primeiro escalação da gestão de Jair Bolsonaro (PSL) na presidência da República.

Na noite da última quarta-feira (2), o militar foi anunciado como secretário Especial de Esporte pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra.

Com o fim do Ministério do Esporte, a pasta ganhou status de secretaria. Marco Aurélio foi diretor-executivo de operações dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, além de ter participado do planejamento e da execução do revezamento da tocha olímpica pelas cinco regiões brasileiras.

"O esporte também cumpre um papel social e tem grande interação com a cultura em todas as civilizações. Nossa ideia é fazer com que o trabalho de sucesso até hoje realizado seja potencializado", disse o novo secretário.

Entre as prioridades do general está a gestão do Bolsa Atleta, que teve o seu orçamento cortado pela metade no último ato do governo de Michel Temer (MDB).

"É uma conquista importante tanto para os profissionais da área como para a sociedade brasileira. Vamos aprimorá-lo trabalhando com racionalidade na captação e formação de atletas, bem como na atuação junto às federações e confederações. O envolvimento de todos é necessário para produzirmos mais resultados com menos custos", disse Marco Aurélio.

O ministro Osmar Terra destacou o grande papel que a nova pasta terá diante da sociedade. "Vejo o esporte e a cultura como instrumentos poderosos de trazer a juventude, atuar em áreas mais violentas e proporcionar o desenvolvimento humano e social a grandes grupos que estão passando por situações difíceis", comentou.

Estiveram presentes no anúncio do novo secretário nomes importantes do esporte nacional como o vice-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Marco La Porta; o secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Walter Feldman; o presidente da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), João Tomasini; e o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado.

"Temos muita esperança na continuidade das políticas públicas em prol do desporto para as pessoas com deficiência. O Comitê Paralímpico Brasileiro coloca-se à disposição para contribuir com os avanços tanto no campo desportivo, no qual somos um dos oito países mais vencedores em Jogos Paralímpicos, como no social, por intermédio dos programas já exitosos de inclusão das crianças e jovens com deficiência por meio do esporte, realizados nosso Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo", afirmou Mizael.

Formado em Educação Física pelas Forças Armadas, o general foi paraquedista, técnico de pentlato moderno e representou o antgo Mato Grosso unificado em competições de natação e pólo aquático. Foi diretor de Educação Superior do Exército entre 2009 a 2012

Chegou a ser considerado um dos melhores atletas nas modalidades da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em 1973, cotado para representar o País nas Olimpíadas de 1976 (em Montreal, no Canadá). Deixou a equipe militar em 1977, após os Jogos.

Desde a aposentadoria trabalha também como consultor em organização e segurança de eventos esportivos, prestando consultoria para as gestores de algumas das modernas arenas de futebol inauguradas nos últimos anos.

Além dele, dois ministros de Bolsonaro também são do Estado: os responsáveis pelas pastas de Agricultura, Tereza Cristina, e Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

HISTÓRICO

Em 1995, o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criou o Ministério Extraordinário do Esporte, cujo primeiro ministro foi o ex-jogador Pelé. O Ministério substituiu a Secretaria de Desportos, existente até então, e extinguiu de vez o Conselho Nacional de Desportes, autarquia criada durante a ditadura militar.

Vieira na época em que era o responsável pelos Jogos do Rio: acabou rebaixado à organização da passagem da tocha pelo País

No fim de 1998, a pasta passou a incorporar as questões de Turismo, sendo renomeada como Ministério do Esporte e Turismo. Em 2003, já no governo Lula, houve a separação do Turismo e do Esporte em ministério distintos, estrutura que se manteve até 31 de dezembro de 2018. Desde 1º de janeiro de 2019, existe a Secretaria Especial de Esporte, vinculada ao Ministério da Cidadania.

A nomeação é mais uma demonstração de que o Esporte terá forte influência dos militares. O nome do secretário para o cargo era um desejo do general Augusto Heleno (que será Ministro do Gabinete de Segurança Institucional), e do general Fernando Azevedo e Silva (futuro Ministro da Defesa), ambos com experiência de atuação em eventos e entidades esportivas.

No início de novembro, a revista "Época" apontou Vieira como alguém que poderia ser a primeira 'pedra no sapato' de Bolsonaro. A publicação afirmou que o general seria "peça central" (ao lado do vice eleito general Mourão) em esquema fraudulento. O material, relatado em dossiê de 1.452 páginas, mostra possíveis irregularidades na contratação de um Simulador de Apoio de Fogo (Safo) pelo Exército.

No meio esportivo, o nome preferido para ocupar o cargo de secretário era o do velejador Lars Grael, que tem um histórico de forte atuação na defesa dos interesses do setor . Mas, em entrevista ao 'LANCE!' no início do mês, o atleta disse que não teria interesse em aceitar um cargo nas condições apresentadas pelo futuro governo. Para ele, o segmento não será tratado com prestígio.

Não é a primeira vez que um ex-militar assume um alto cargo no esporte brasileiro. Sylvio de Magalhães Padilha (1909-2002) foi presidente do Comitê Olímpico Brasieiro (COB) de 1963 a 1988.