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Empresa que se lança em Corumbá já foi denunciada no Fantástico

31 JUL 2018 • POR José Carlos Cataldi • 12h00

Empresa de ônibus que tem três nomes é mais uma a querer entrar no transporte  de passageiros em Corumbá, sob aplauso de políticos que estimulam ‘concorrência’. Trata-se da ‘Transporte Coletivo Brasil’, que também se apresenta como TCB, Transacreana ou ainda Transbrasil.

O Fantástico, da Rede Globo, já a denuncia desde 27 de maio de 2012. A reportagem está no Youtube. Pode ser revisitada acessando https://youtu.be/grgQDVm8Ww8

O que deu origem a matéria foi um acidente gravíssimo na BR-116, na Bahia, onde um ônibus ocupado por 43 passageiros, com a chancela de uma das envolvidas, todas tidas como a mesma; causou a morte de 36 pessoas, sendo 33 trabalhadores rurais que vinham da cidade pernambucana de Buique. Na época a Globo ouviu 3 sobreviventes que alegaram desconhecer que o ônibus não estivesse legalizado. O dono do coletivo, em verdade agregado a frota da Transbrasil era José Milton dos Santos, da empresa JM Buique, que disse que os passageiros e familiares seriam indenizados, como se isso fosse tudo para quem perde a vida e os entes queridos.

A reportagem do Fantástico, que pode ser revisitada no youtube, foi atrás de mais explicações. Com o ônibus acidentado que acabou chegando às mãos do repórter e só andava rebocado, depois de receber maquiagem, chegou a um certo Ivonaldo Santana que, ao tempo, apresentou-se como gerente da empresa TCB, Transacreana ou Transbrasil frisando ter preço para ‘alugar’ por uma delas. De R$ 7 mil para quem quisesse agregar o coletivo com embarque clandestino, nas ruas, ou R$ 10 mil, cada carro, para ter direito a plataforma de embarque em rodoviárias, tudo com respaldo em liminar exarada pelo desembargador Daniel Paes Ribeiro, do Tribunal Regional Federal da primeira região (Brasília), que mais tarde informou desconhecer o mau uso da medida.

O documento judicial, mediante contrato assinado com quem quisesse agregar o ônibus viria, no que Ivonaldo dizia ser o “kit liminar”. Mas a ‘Transbrasil’ embora assumisse como se estivesse alugando o ônibus, fixava não ter responsabilidade alguma pelo veículo, ou seja, embora fornecendo gravata, uniforme, crachá e adesivos, pretendia se eximir de tudo, mantendo o ônus por danos com o proprietário do veículo.

Ainda a reportagem do Fantástico que pode ser revisitada no youtube em https://youtu.be/grgQDVm8Ww8 consta um mapa em que os veículos sob a égide da empresa estão aptos a fazer linhas diametrais que partiriam do Acre ou de São Paulo, mas podem ter início também em Cidades que ficam a meio caminho, como agora está sendo oferecido em Corumbá. No caso da reportagem, a origem seria Cubatão, mas o Fantástico, mostrou o guichê da empresa fechado naquela cidade paulista, e o atendimento feito na Rodoviária do Tietê, em São Paulo-capital, de modo absolutamente irregular, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres. Outra linha, com origem em Osasco, vai levando e deixando passageiros até Picos, no Piauí.

O Fantástico ouviu um motorista que teve o ônibus apreendido numa blitz da ANTT. Ele confessou que apesar de constar que estava com exame médico em dia, jamais passou por qualquer inspeção de saúde. Só na Bahia já foram apreendidos 63 veículos, segundo a TV Globo. Num deles, o motorista foi filmado dormindo no bagageiro, por estar em excesso de jornada.

Corumbaenses que ainda não esqueceram o grave acidente que envolveu micro-ônibus sublocado pela Viação Seriema para servir a Aquidauana Passagens, licitada pela Prefeitura de Ladário podem rever a reportagem do Fantástico em https://youtu.be/grgQDVm8Ww8. No acidente de 7 de julho, aqui n a Região do Pantanal, 16 pacientes que iam a Campo Grande participar de um ‘mutirão de catarata’ saíram feridos. Leves e gravíssimos, como Antônio Caetano da Silva, de 47 anos, que perdeu  seis dentes e deslocou a mandíbula e tem tratamento orçado em R$ 40 mil. Para eles a viagem que terminou antes da chegada à Capital do Estado.