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Justiça cega, surda e irresponsável...

14 JUL 2018 • POR Sylma Lima • 09h46
STF

O homem foi preso, algemado, humilhado. Passou 90 dias detido. Atrás das grades mesmo! Vem sofrendo tudo isso desde 25 de novembro de 2015, quando foi trancafiado, apesar de negar todas as acusações e de um flagrante impossível. Teve o mandato cassado no Senado da República por 74 votos. Está inelegível por 11 anos.

O tormentoso pesadelo de Delcídio do Amaral Gómez, corumbaense de 62 anos, engenheiro de obras como a Usina de Tucuruí, político, ex-ministro, de extensa folha de serviços prestados ao Brasil, também incluiu julgamento pelo Senado, onde teve o mandato cassado por 74 votos e uma abstenção. Não houve um senador que se aprofundasse na situação para avaliar a validade da acusação. Foram 923 dias de angústias, até a absolvição total por falta de provas, pelo juiz federal Ricardo Leite.

Na decisão, o magistrado diz que os atos do Ministério Público foram equivocados. Aliás, após enlamear a vida do acusado, colocando pêlo em ovo, o próprio MP, no morde assopra, acabou por pedir a absolvição do Corumbaense ultrajado.

O PTC, atual partido de Delcídio, quer que ele recupere a vida política. Dá o espaço que quiser. Inclusive para readquirir no voto, o mandato de senador. Mas o calvário de Delcídio, mesmo inocentado, ainda está longe de terminar. Para reverter a inelegibilidade, o que devia ser automático, vai precisar requerer na Justiça Federal a recuperação da ‘ficha limpa’, e, ainda por cima, correr contra o relógio para poder registrar candidatura até 15 de agosto.

A pergunta que não quer calar é: quem paga por tudo isso? O Estado Brasileiro, gigante que às vezes se torna anão irresponsável.

Há casos em que além de cega e surda, a Justiça se distancia da realidade e impõe sofrimento ao acusado inocente, até chegar à verdade.