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Gasolina só no dinheiro e falta de verduras já são reflexos da greve dos caminhoneiros em MS

23 MAI 2018 • POR G1 • 11h15
Trevo da bandeira no entroncamento das rodovias BR-163 e 463 - Martin Andrada/TV Morena

Empresário de Campo Grande e interior do estado, das mais diversas áreas, já sentem o reflexo do 3º dia de greve dos caminhoneiross. Em alguns postos de gasolina, clientes estão sendo informados da falta de estoque e a necessidade do recebimento somente em dinheiro. No caso dos supermercados, os expositores estão ficando vazios e, sem mercadoria para comprar na fonte, tomate e cebola, por exemplo, podem não aparecer ou estar com valor reajustado nos próximos dias.

"De ontem para hoje, 80% dos postos no interior estão com falta de combustível. E, quanto mais distante o município, mais dificuldade em receber. Os empresários pedem 5 mil litros e recebem somente metade. Em Campo Grande, se o fato durar mais dois dias, os reflexos serão os mesmos. O que o governo determinou não ajuda em nada e os caminhoneiros estão dizendo que vão persistir na greve, já que o que eles querem é uma redução mais drástica no custo do produto e impostos", afirmou ao G1 o gerente excecutivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes (Sinpetro - MS), Edson Lazarotto.

Atualmente, de acordo com Lazarotto, os empresários estão sem “nenhum capital de giro” e a paralisação aponta parte destas dificuldades. "Todos estamos convivendo com as altas taxas, é o ponto crítico da questão. O dono do posto atua na capacidade mediana de armazenamento e, desta maneira, não tem como vender no cartão de crédito. Ele só vai receber daqui 30 dias e ainda existem os descontos. Quando ele vai repor o estoque, o preço do combustível já subiu novamente e fica impossível trabalhar desta maneira", comentou.

No caso do hortifruti, proprietários de supermercados contam que os expositores estão ficando com falta de produtos. Getúlio Siqueira dos Santos possui dois estabelecimentos no Jardim Carioca, na periferia de Campo Grande, sendo um deles com funcionamento há 22 anos e o outro há 12 anos. "Nunca tinha presenciado um protesto com tanta adesão, tantos profissionais parados e tantos outros que não estão nem saindo de suas bases para não estragar a mercadoria. Estamos recebendo alerta da falta de alguns produtos já para os próximos dias", explicou.

Os preços, de produtos como tomate e cebola, por exemplo, começaram a ser alterados. "Espero não chegar até o ponto de não ter mais o produto para venda. O que ocorre é que alguns motoristas estão procurando viajar em pontos onde não tem bloqueio ou então nem sair da fonte. Eles sabem que as verduras e frutas, se ficaram 2 a 3 dias paradas, já não vão com a mesma qualidade para a mesa do consumidor e então o preço cai muito", analisou.

No caso das entregas, Siqueira ressaltou que são terceirizadas. "O comentário entre os motoristas e empresários é que muitos estão buscando maneiras de fazer uma reserva do combustível, já que é somente desta forma que conseguem dar conta da demanda", disse.

Um dos frigoríficos que atua no estado, a Cooperativa Central Aurora Alimentos, comunicou que, devido a greve no setor de transportes, paralisará totalmente as atividades das indústrias de processamento de suínos nesta quinta (24) e sexta-feira (25). Em nota, a empresa diz que estarão fechadas ao todo 7 indústrias de aves e 8 indústrias de suínos, atingindo diretamente 28 mil trabalhadores, que deixam de processar 2 milhões de aves e 40 mil suínos.

O número ainda resulta em 300 caminhões com câmaras-frias que deixam de circular nestes dias, além de 120 caminhões de ração e 200 caminhões com cargas vivas. O prejuízo contabilizado resulta em R$ 50 milhões para a indústria.

'Fila' aumentando

Nesta quarta-feira (23), caminhoneiros do Paraguai e da Bolívia aderiram ao protesto, em diversas rodovias de Mato Grosso do Sul, contra aumentos consecutivos do óleo diesel. Ao todo, 17 trechos estão com interdição e a categoria afirma que este é "o único jeito" de chamar a atenção das autoridades para os problemas diários destes profissionais.

Conforme a Polívia Rodoviária Federal (PRF), são 17 trechos parados. Em Campo Grande, eles estão na BR-163, km 462 e km 477, com rodovia interditada parcialmente desde às 6h (de MS). Já em Dourados, na região sul do estado, eles estão na altura do km 256. Em Eldorado, a manifestação é na altura do km 39. No caso de Naviraí, eles estão no km 117. Com relação a Caarapó, os caminhoneiros pararam no km 206.

Em Rio Brilhante, km 324. O mesmo ocorre em Bandeirantes, no km 548, São Gabriel do Oeste km 614, mas, sem interdição. Em Maracaju km 364 e, em Guia Lopes da Laguna, km 474, com previsão da manifestação até às 18h. Em Paranaíba, a categoria parou na BR-158, km 96. Já em Cassilândia, eles estão na mesma rodovia, km 5.

Já em Chapadão do Sul, eles estão na BR-060, km 11. Em Sidrolândia, no km 420. No município de Três Lagoas/, eles estão na BR-262, km 5. Em Paraíso das Águas, na BR-060, km 60, com congestionamento relativamente pequeno, não passando de 1 Km em cada ponto.