Geral

Projeto incentiva mulheres em profissões predominantemente masculinas

8 MAR 2018 • POR Gesiane Medeiros • 07h57

Nas últimas décadas, a inserção da mulher em áreas predominantemente masculinas no mundo do trabalho avançou. Porém, elas ainda são minoria em alguns segmentos, como o da Informática, por exemplo. No Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), os cursos da área totalizam 2.508 estudantes, dos quais apenas 32% são do sexo feminino.

Maria`(à esquerda) e Paula (à direita), duas gerações de mulheres que enfrentam o preconceitopelo amor à Metalurgia. Foto: Divulgação/IFMS

Maria Aparecida Silva, de18 anos, é estudante do curso de Metalurgia no IFMS de Corumbá e é também um bom exemplo das “Marias” que tanto lutam para serem respeitadas em espaços dominados pelo preconceito e machismo. Entre 2015 e 2017, Maria Aparecida, fez estágio na Votorantim, multinacional que produz cimento na região. Não demorou muito para perceber a desigualdade de gênero no ambiente de trabalho. 

“Dos 120 funcionários, só 12 eram mulheres. E a maioria delas trabalhava na área administrativa. No campo, onde é feita a extração, eram só duas mulheres trabalhando”, relembrou. Pelo bom desempenho na análise de controle da qualidade de produtos, a estudante do IFMS recebeu a proposta de ser contratada para trabalhar na unidade de Brasília (DF).

“Eles queriam preencher a vaga de imediato, e eu optei por continuar em Corumbá para terminar o curso no IFMS. Além disso, pretendo seguir com os estudos na área, vou tentar ingressar no curso superior de Engenharia Metalúrgica, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ou Processos Metalúrgicos, aqui no IFMS”, planeja Maria.

Como inspiração, a aluna aponta uma de suas três professoras, Paula da Silva Fernandes, que com a experiência já adquirida sabe o quanto a estudante terá que se esforçar para ser levadas à sério na área. A docente de Metalurgia Extrativa é graduada no curso de tecnologia em Materiais/Fabricação Mecânica pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) e fez mestrado e doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). O interesse pela área tem uma forte relação com uma memória da infância.

“Meu pai fazia muitas viagens para mineradoras e trazia amostras de minerais, o que me encantava. Além disso, nas duas faculdades que fiz – Materiais, no IFRN, e Ecologia, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – eu me interessei por geologia e mineração”.

No mercado de trabalho, Paula sentiu o preconceito na pele. “Ouvi de homens da área que, por ser mulher, eu não eu aguentaria as viagens e o trabalho em regiões áridas. Esse cenário mudou um pouco, mas ainda precisa avançar. E nós, professoras da área, temos que servir de modelo para nossas estudantes”, pontuou.

Em uma tentativa de reduzir essa desigualdade de gênero, Paula desenvolveu, em 2014, o projeto “Combatendo a Invisibilidade Feminina nas Áreas Exatas e Tecnológicas e no Mercado de Trabalho”, que contou com a colaboração da professora de Sociologia, Carmem Moretzsohn Rocha, atualmente em atuação no Campus Dourados do IFMS.

Na época, estudantes dos níveis médio e superior do Corumbá foram convidadas a debater a questão, e tinham contato com profissionais bem-sucedidas na área, o que Paula chama de ‘modelos inspiradores’.

”Um dos desafios é melhorar a autoestima das meninas que querem ingressar na área da Metalurgia. Sempre digo às minhas alunas que não desistam, e que sejam as melhores na equipe que forem atuar”, reforçou Paula.

Atualmente, dos 202 alunos matriculados nos cursos da área de Metalurgia do IFMS, 44% são do sexo feminino. Com informações da assessoria do IFMS.