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Reinaldo Azambuja vai à Bolívia negociar compra direta de gás natural

4 MAI 2017 • POR Portal do MS • 09h54
Governador se antecipa ao fim de contrato do Gasbol em 2019. - Divulgação

O governador Reinaldo Azambuja viaja à Bolívia nesta quinta-feira e na nesta sexta-feira, 5, participa de rodadas de negociações com vistas à importação de gás natural diretamente por Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com exceção de MT, os estados integram o Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul). As reuniões acontecem em Santa Cruz de la Sierra e Tarija. A Assembleia Legislativa aprovou nessa quarta-feira autorização para a viagem do governador em missão oficial.

O objetivo é evitar a interrupção do fornecimento de gás ao bloco. A maior parte do trecho Norte do Gasoduto Brasil Bolívia (Gasbol) está em Mato Grosso do Sul. O duto começa em Santa Cruz, na Bolívia, entra na fronteira de Corumbá e corta o Estado até Três Lagoas, seguindo até Campinas (SP). O trecho Sul passa pelo Paraná e Santa Catarina eté o Rio Grande do Sul. Para manter o transporte a partir de 2010 será negociado um novo contrato. O governador Reinaldo Azambuja é o interlocutor do bloco nas negociações. Reinaldo Azambuja também negocia a compra direta através de terminal na fronteira de Corumbá, para atender a termelétrica que está sendo construída em Ladário.

Troncos do Gasoduto Brasil-Bolívia passam MS, interior de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Foto: Reprodução 

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Reinaldo Azambuja assumiu as negociações bilaterais após receber, em fevereiro, aval do presidente Michel Temer e Ministério das Relações Exteriores. No dia 15 de fevereiro, o governador fez a primeira reunião com autoridades bolivianas, na Embaixada da Bolívia, em Brasília, quando ficou acertada a reunião técnica, marcada para esta sexta-feira.

Além dos interesses do bloco, Mato Grosso do Sul negocia a compra direta para viabilizar a termelétrica de Ladário, que obteve em janeiro a licença ambiental prévia para construção. Nesse projeto a previsão é de importação de 1 milhão a 1,2 milhão de metros cúbicos de gás natural por dia, segundo o diretor-presidente da MSGÁS, Rudel Trindade. Todos os dirigentes de empresas de gás e energia dos estados que integram o Codesul devem participar da reunião técnica em Santa Cruz de la Sierra nessa sexta-feira. Reinaldo Azambuja defende a expansão do gasoduto com ramais nos principais centros urbanos. Hoje a distribuição está concentrada, inclusive o GNV (Gás Natural Veicular)

No caso da termelétrica de Ladário, a vantagem é que não haveria custo de transporte pelo gasoduto. O gás boliviano seria entregue na fronteira, por meio de um ramal que já foi concluído, mas está desativado. “A expectativa é que logo, com o fechamento do contrato de suprimento de gás compra direta, o projeto da térmica de Ladário possa ser cadastrado nos leilões da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)”, diz o diretor-presidente da MSGÁS.

Estados do Codesul planejam expansão do Gasbol com ramais não apenas nos polos industriais, mas também nos centros urbanos. Foto: Reprodução

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Os leilões regulados de geração e transmissão de energia fazem parte da legislação do setor elétrico brasileiro e têm estimulado a concorrência entre agentes e induzido a entrada de empreendedores procedentes de outros setores e de outros países. A concorrência, por sua vez, tem resultado em redução de custos e prazos para construção de novas instalações de geração e transmissão.

Para Mato Grosso do Sul, segundo o governador Reinaldo Azambuja, será mais uma atividade econômica no “círculo virtuoso de geração de emprego, renda e receita com a arrecadação de tributos”, além de incentivar a expansão de empreendimentos na área energética, já nos leilões de energia são negociados contratos de suprimento de energia de longo prazo, que selam o compromisso para que os empreendedores possam realizar investimentos em novas instalações.

Comitiva brasileira

O governador Reinaldo Azambuja vai à Bolívia acompanhado do coordenador-geral de Assuntos Econômicos Latino-Americanos e Caribenhos da Subsecretaria-Geral da América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro, o governador de Mato Grosso, Pedro Taques, dirigentes de estatais de gás e energia do PR, de SC e do RS; secretário de Infraestrutura Marcelo Miglioli, e o diretor-presidente da MSGás, Rudel Trindade.

Do lado boliviano está confirmada a presença do presidente Evo Morales, o ministro de Hidrocarburos Y Energía, Luis Alberto Sanchez Fernández, o vice-ministro de Exploração e Exportação de Hidrocarboneto, Luis Alberto Poma Calle; o vice-ministro de Industrialização, Comercialização, Transporte e Armazenamento de Hidrocarboneto, Oscar Barriga Arteaga; e o presidente da estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Boliviano), Guilhermo Acha Morales.

Para o diretor-presidente da MSGÁS, Rudel Trindade, essa importação conjunta será uma garantia de manutenção da receita do gás a Mato Grosso do Sul, independentemente da oscilação do volume adquirido pela Petrobras dentro do contrato que vence em 2019.

Termelétrica de Ladário

O diretor-presidente da MSGÁS disse que é provável que ainda este ano Mato Grosso do Sul comece a produzir energia e participar dos leilões da Aneel. “A termelétrica está pronta para entrar em operação, já dispõe da licença ambiental. Falta apenas definir a parte comercial e técnica para a compra do gás”.

O projeto da UTE Fronteira em Ladário, vizinha de Corumbá, pertence ao grupo baiano GPE (Global Participações em Energia), que projeta investir US$ 250 milhões (R$ 900 milhões) no empreendimento.

A usina terá capacidade para gerar 267 MW de energia, suficiente para abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes, e adquirirá o gás natural (até 1,2 milhão de m³/dia) diretamente da Bolívia. O combustível será entregue na fronteira, bombeado diretamente no ramal exclusivo da termelétrica. “Nas etapas de fase de construção e operação a usina termoelétrica a gás natural vai contribuir com a economia de Ladário e Corumbá e na arrecadação de tributos, com geração de 500 empregos diretos e 2 mil indiretos na etapa de construção e 50 empregos diretos e 100 indiretos na fase de operação, daí a importância do gás natural como suprimento”, destaca o governador Reinaldo Azambuja.