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No Moinho, Quebra-torto com Letras discute valorização da cultura

15 NOV 2016 • POR Redação • 09h53
Debates reuniram Rodrigo Teixeira, Douglas Diegues e a cantora argentina Charo no Moinho. Foto: Divulgação

A cultura mais uma vez ganhou destaque no Quebra-torto com Letras, tradicional encontro de escritores, poetas e artistas no Festival América do Sul, com apoio do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano. O evento foi aberto com apresentação do grupo de dança e música do Moinho no palco montado na sede do instituto, no Porto Geral. Nesta edição, o Quebra-torto reuniu sábado na mesa de debates o escritor e poeta Douglas Diegues, o escritor e músico Rodrigo Teixeira e a cantora argentina Charo Bogarin, do duo Tonolec. No segundo dia do evento, domingo, os convidados foram os poetas Emmanuel Marinho, Mauro Santa Cecilia e Bruno Molinero.

Nascido no Rio mas criado em Ponta Porã, Diegues é conhecido por ter criado o “portunhol selvagem”, que mistura o português, o espanhol e o guarani. Ele aprendeu o guarani com sua mãe, paraguaia, e adotou o portunhol como diferencial em seus poemas. Em 2007 criou em Assunção, no Paraguai, a Yiyi Jambo, editora que produz livros artesanais, seguindo a linha dos livros cartoneros, que utilizam na capa os papelões reciclados comprados de catadores de lixo. “Esse projeto ajuda a reciclar o cartão (papelão) que vem do lixo e vira capa do livro e ao mesmo tempo incentiva a literatura, o leitor pode comprar o livro por preço mais acessível”, afirmou Diegues.

O projeto, que livra os autores da dependência das grandes editoras, foi criado em Buenos Aires em 2003 com a abertura da Elisa Cartonera, como resposta à grave crise econômica no país. Hoje Douglas Diegues vive entre Assunção, Ponta Porã e Campo Grande, mas ainda pretende desenvolver um trabalho para homenagear os 100 anos do amigo e poeta Manoel de Barros, com quem fez parceria na produção do documentário “O poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina”.

Diegues destacou o contexto do Festival America do Sul como incentivo à literatura diante de uma plateia formada por muitos estudantes do ensino médio e universitários, além de professores, produtores culturais e escritores, que enfrentaram a manhã de chuva para acompanhar o Quebra-torto com Letras no Moinho. “A literatura salva,  me salvou, se não fosse a literatura talvez tivesse virado um traficante ou um pistoleiro na fronteira”, afirmou o escritor. “Graças à literatura estive dia 10 no Itaú Cultural, em São Paulo, falando do portunhol selvagem, estive num festival de poesia em Berlim (Alemanha), num encontro de autores cartoneros nos Estados Unidos e agora estou neste Festival, um dos eventos mais importantes do país”, ressaltou.

O tradicional quebra-torto pantaneiro foi servido no final do evento pela equipe de culinária do Moinho. Foto: Divulgação

Autor de livros artesanais de poemas que expos e vendeu no Moinho, entre eles a coletânea “Dá gusto andar desnudo nestas terras selvagens”, Diegues fez um apelo em defesa da cultura. “Tomara que as forças produtivas de Mato Grosso do Sul não deixem de apoiar a cultura, porque é a cultura que vai nos dar subsídios pra gente ficar menos doente, assim como é a educação que nos vai dar subsidio para ficarmos menos ignorantes”, enfatizou. “Vou citar uma frase do Buda Sakyamuni, ele disse que não existe o mal nem o bem, o que existe é a ignorância”.

O Quebra-torto com Letras trouxe também o lançamento do livro do músico Rodrigo Teixeira, “Prata da Casa – Um marco da música sul-mato-grossense”, da Editora UFMS. É o segundo livro do escritor, que já havia lançado em 2010 “Os Pioneiros – a origem da música sertaneja em Mato Grosso do Sul”. Ele é mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e integra o grupo Hermanos Irmãos ao lado de Jerry Espindola e Márcio De Camilo. (Assessoria Moinho)