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Alunos e professores do IFMS protestam contra reforma do Ensino Médio

7 OUT 2016 • POR Gesiane Medeiros • 10h45
Alunos se concentraram em frente o instituto na Rua Delamare. Foto: CDP

Grupo com centenas de alunos e professores do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) saíram as ruas na manhã de hoje (7), para protestar contra os impactos da Proposta Constitucional (PEC) n° 241 e a Medida Provisória (MP) n° 746 na educação. As medidas foram propostas pelo Ministério da Educação (MEC) no final de setembro e desde então geram descontentamento e discussão nacional entre os educadore.

A PEC 241 prevê a desvinculação dos gastos em Educação dos percentuais mínimos estabelecidos pela Constituição Federal de 1988. Determina que o aumento desses gastos seja corrigido apenas pela inflação do ano anterior pelas próximas duas décadas, com a justificativa do grave período de crise econômica que o Brasil atravessa. A carga horária dos cursos também sofreria mudanças, os alunos do último ciclo do ensino básico das escolas públicas, passariam a estudar em tempo integral, porém encurtando o tempo de formação.

Professores do IFMS questionam que, “a medida provisória sugeri um aumento de carga de 1.400 horas por ano, o que gera em torno de 8 horas diárias, mas o que fazemos com os outros dois turnos? Teríamos que aumentar a estrutura educacional, mas sem verba para melhorias necessárias”, ressalta Evandro Nascimento, servidor federal, professor do Instituto.

Professores Giane Moura e Evandro Nascimento lideravam a organização do protesto. Foto: CDP

A PEC 241 altera a forma de financiamento educacional, extinguindo os 10% do Produto Interno Bruto (PIB) que é destinado a educação, e tirando a obrigação dos 18% garantido na constituição federal. “O governo federal quer inserir uma medida provisória para fazer a reforma do ensino médio, que precisa de investimento, e ao mesmo tempo propõe uma PEC que corta os recursos da educação, isso gera um congelamento de 20 anos”, protesta Giane Moura, professora da instituição.

Professor Evandro, declara que a forma proposta não vai melhorar o ensino no Brasil, “eles querem aumentar a carga horária e reduzir a formação cidadã, isso é formar pela metade, nós não queremos formar ‘apertadores de botões'. O ranking de qualidade das escolas públicas do Brasil aponta que das 100 melhores, 77 são Institutos Federais, não digo que somos os melhores, mas os dados mostram que estamos no caminho certo”. Diz o professor.

Os alunos percorreram diversas ruas do centro acompanhados pela escolta da Agetrat. Foto: CDP

No IFMS, toda a comunidade escolar participou de rodadas de discussão sobre o assunto. Direção, professores, alunos e responsáveis, que inclusive estão muito preocupados sobre como ficará a formação de seus filhos ao ingressar em uma universidade.

“Mudanças são necessárias, mas a proposta do MEC não ajuda, porque estão visando apenas um trecho do trecho da formação, ninguém falou sobre a necessidade de uma creche de qualidade nem de um ensino fundamental que prepara o aluno para um Ensino Médio forte. Eles alteram diversos pontos, mas em nenhum momento apontam caminhos nem disponibilizam estrutura para tornar isso possível”, ressalta Evandro, que veio do Rio Grande do Sul para participar da ação da unidade onde vai lecionar em breve.