O Pantanal tem registrado uma mudança significativa nos padrões dos incêndios florestais no primeiro semestre de 2025. Enquanto em 2024 o território enfrentou uma estiagem severa e uma série de focos de fogo, neste ano o cenário é bem diferente.
Na Serra do Amolar, por exemplo, o Sistema Pantera identificou 69 focos de incêndio nos primeiros seis meses de 2024. No mesmo período deste ano, o número caiu para apenas 7, uma queda de 90%. Já no Pantanal como um todo, foram 119.586 focos em 2024 contra 2.384 em 2025, representando uma redução de 98%. Esses dados são do Sistema Pantera, tecnologia desenvolvida pela startup umgrauemeio, com base na sede do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), em Corumbá, e mantido em parceria com a JBS através do projeto Abrace o Pantanal.
“Muitos esforços têm sido realizados para prevenir os incêndios florestais no Pantanal. Trabalhar com prevenção passou a ser uma exigência, manter brigada atuando ao longo de todo o ano, construindo aceiros, criando rotas de fuga para a animais. Um trabalho de educação ambiental em comunidades e outras áreas também é uma prioridade. Pelo IHP, a Brigada é permanente e atua o ano todo desde 2021 na região do Alto Pantanal. Isso gerou resultado para reduzir em cerca de 60% a área queimada em 2024″, explica Angelo Rabelo, diretor presidente do IHP.
Além da atuação no campo, a tecnologia tem papel essencial para aumentar a rapidez na resposta aos incêndios. “Junto com o trabalho de campo, temos o uso de tecnologia, com Inteligência Artificial, no Sistema Pantera, para ajudar na detecção rápida de focos de fumaça e agir mais rápido. Contribuímos também, em 2024, para que a Aldeia Uberaba Guató passasse a ter uma Brigada formada e treinada em parceria com a própria aldeia indígena, a Funai, o Prevfogo/Ibama e a ADM. Sem contar que já estamos trabalhando para a recuperação de áreas afetadas pelo fogo, e realizamos plantios de milhares de mudas neste primeiro semestre, e já estamos atuando para a semeadura de outras para haver plantio futuro”, completa Rabelo.
Após anos de seca intensa, o ano de 2025 trouxe uma melhora nas condições climáticas. O volume de chuvas aumentou, e o nível do rio Paraguai ultrapassou os 3,2 metros — uma marca que não era atingida desde setembro de 2023. Isso fez com que áreas da planície voltassem a ser alagadas, trazendo um alívio para o bioma. “Essa contribuição da natureza também tem sido fundamental. É uma esperança renovada”, ressalta o diretor.
Alerta para o período crítico
Apesar dos bons resultados, o alerta permanece. “O trabalho da prevenção, como comentei, precisa ser realizado continuamente. As ações de construção e manutenção de aceiros e rotas de fuga para a vida selvagem continuam sendo realizados pelo IHP na região da Serra do Amolar. O monitoramento para identificar fumaça com o Pantera também é contínuo, sendo 24/7. Porém, historicamente, o período mais grave para os incêndios começa em agosto, e a educação ambiental sobre o uso do fogo de forma racional é primordial para não termos novo cenário de tragédia”, alerta Angelo Rabelo.
As iniciativas do IHP se somam às operações do Prevfogo/Ibama, Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, brigadas comunitárias e produtores rurais, que também estão mobilizados para proteger o Pantanal.*Com informações do IHP.
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