O relatório elaborado por uma empresa argentina, Serman & Associados, contratada pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), foi apresentado nesta quinta-feira, 05 de junho, durante o evento Diálogos Hidroviáveis Internacional, realizado em Corumbá pela Adecon (Agência de Desenvolvimento Sustentável das Hidrovias e dos Corredores de Exportação). A etapa internacional reuniu representantes do Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai.
De acordo com os dados defendidos e apresentados pelo engenheiro Raul Cáceres, coordenador da Serman & Associados, diferente do que apontam ambientalistas, a dragagem de manutenção à ser realizada em 14 pontos do rio, de Corumbá a Foz do Apa, não afetará a dinâmica hídrica do rio. O trecho de 600 km está inserido no edital de concessão, com lançamento previsto ainda para este ano pelo governo federal.
Cálculos apresentados pela empresa argentina apontam que que tanto na cheia quanto na seca, o nível do rio está oscilando entre 0,5cm a 1.000 cm, concluindo que as mudanças hidrodinâmicas entre a situação sem e com dragagem são de magnitude muito pequena e, portanto, as diferenças do nível são indetectáveis (ordem de poucos milímetros e de poucos cm/s no caso da velocidade.
O engenheiro Raul Cáceres apresentou os dados do relatório realizado pela Serman & Associados. Foto: Ayrton Benites/PMC“Um cenário dinâmico sem e com profundização mostra que não há diferença entre as séries, nem em amplitude nem em fase, corroborando que o impacto hidráulico da dragagem é desprezível”, disse o engenheiro.
O estudo também mediu o impacto em relação a sedimentação dos trechos aprofundados, concluindo que não há diferenças entre a condição natural e a situação com dragagem. Raul Cáceres detalhou ainda que a dragagem dos pontos críticos do rio, já realizada anualmente há mais de 20 anos no trecho de 670 km entre Corumbá e Cáceres (MT), com licenciamento do Ibama, não irá alterar o início nem a duração total da inundação do rio.
O Ibama já enviou o termo de referência para a elaboração do Eia-Rima, exigência para autorizar a dragagem, que antes foi negada.
Presente no evento, o presidente da Adecon, Adalberto Tokarski, anunciou que a proposta de concessão da hidrovia deve ser votada esta semana pela Antaq. O projeto prevê melhorias estruturais sem privatizar o rio. “Nosso objetivo é modernizar a navegação com mais segurança, eficiência e impacto ambiental reduzido”, disse.
Evento em Corumbá reuniu representantes do Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai. Foto: Ayrton Benites/PMCEspecialistas apontam que o predomínio do transporte rodoviário no Brasil compromete a eficiência e eleva custos logísticos, enquanto a navegação interior oferece menor impacto ambiental e maior segurança operacional. O Governo Federal estima investimentos superiores a R$ 9 bilhões para ampliar a integração entre os modais hidroviário, rodoviário e ferroviário, como estratégia para otimizar a matriz logística nacional.
Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Odilon Rodrigues Silva, representando o prefeito Dr. Gabriel no evento, destacou a importância da logística para atrair investimentos. “Já perdemos grandes empresas por falta de infraestrutura. Este debate é essencial”, afirmou.
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Estudo realizado por empresa argentina diz que a dragagem de manutenção não afetará a dinâmica hídrica do rio. (Foto: Divulgação)

