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Traficantes de MS são investigados por esconder cocaína em cascos de navio

08 novembro 2024 - 10h48Bruna Marques, CG News

Traficantes de Mato Grosso Sul são investigados por fazerem parte de uma organização criminosa, responsável por transportar cocaína em cascos de navio. O grupo escondia a droga, a partir de Porto de Santos (SP) e contava com a ajuda de mergulhadores. O início das investigações se deu a partir da prisão de um homem e apreensão de um adolescente, em Bataguassu (MS).

Os suspeitos faccionados do PCC (Primeiro Comando da Capital) foram alvos da PF (Polícia Federa) nessa quinta-feira, 07 de novembro, durante Operação Taeguk. Na ocasião, o navio transatlântico carregado com 100 quilo de cocaína saiu de Porto de Santos e foi abordado na Coreia do Sul, pais da Ásia Oriental.

Investigação da Polícia Federal revelou que o grupo colocava rastreadores nas bolsas à prova d’água, onde a cocaína era armazenada, para monitorar a mercadoria. Os aparelhos utilizados eram da marca Apple e, por esse motivo, a polícia conseguir ter acesso à localização da droga e assim chegar até a quadrilha. 

Em dez meses, os criminosos traficaram mais de uma tonelada de droga. Os detalhes do modus operandi da quadrilha constam de decisão do juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Varal Federal de Santos (SP).

Na data de ontem, foram cumpridos dez mandados de prisões e 39 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Guarujá, São Vicente, Praia Grande, Bertioga, Caraguatatuba e Paraibuna. Além disso, os alvos também eram do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Belém, São Luís, no Maranhão.

Dos alvos, cinco foram presos na Baixada Santista, quatro em Guarujá e um em Santos. Um dos alvos já estava preso. Os outros estão foragidos. A Polícia Federal investiga a participação de outros envolvidos no crime.

Grupo descoberto

Os nomes de dois dos presos foram descobertos após uma carga de 100 quilos de cocaína ser apreendida, em janeiro, na Coreia do Sul. A droga estava escondida no compartimento subaquático do barco M/V Hyundai Oakland. A embarcação havia partido do Porto de Santos com bolsas de lona à prova d’água escondidas dentro da válvula de entrada. Na bagagem também havia oito AirTags - sete comprados e provavelmente instalados em Hong Kong e um comprado na Flórida (EUA), mas instalado no Brasil. 

Com o e-mail vinculado à Airtag em mãos, a PF conseguiu mensagens, documentos, fotos, históricos de buscas, contatos e endereços, que apontaram dois dos investigados como chefes de um complexo núcleo criminoso atuante na baixada santista, além de Estados como Paraná e Mato Grosso do Sul, tendo como objetivo final o envio de cocaína para o exterior. Um dos carros chefes da quadrilha seria a remessa de droga escondida em cascos de navio com ajuda de mergulhadores.

A partir da dupla, os investigadores chegaram a um mergulhador responsável pela inserção da droga apreendida na Coreia do Sul. Em uma das conversas entre os chefes, este perguntou se ‘o profissional já havia pulado’, recebendo como resposta a indicação de que ele ‘estava descendo’.

A polícia conseguiu ainda ligar a quadrilha a uma série de outros crimes de tráfico, com a apreensão de cinco quilos de cocaína no navio Cosco Shipping Seine no Porto de Shangai, China; além disso, a apreensão de 400 kg de maconha em Bataguassu (MS), que culminou na prisão em flagrante de um investigado acompanhado de um adolescente; a apreensão de 289,3 kg de cocaína a bordo do navio Trans África, em Las Palmas, Espanha; a apreensão de 114,6 kg de cocaína no navio Feng Huan Feng, em Santos; apreensão de 124,6 kg de cocaína no navio Great Zhou; e a apreensão de 39 kg de cocaína a bordo do navio Orchid, em Belém do Pará.

Para colocar a droga nos navios, a quadrilha inclusive usava uma lancha, aponta a PF. Os investigadores conseguiram rastrear viagens realizadas pela embarcação, chamada San Piter, em dias anteriores à ocultação da droga. Uma das viagens, por exemplo, ocorreu entre a baixada e o porto de Paranaguá (PR). A PF ainda identificou um entreposto utilizado pelos investigados entre os municípios de Iguape e Ilha Comprida, assim como possíveis bases grupo em Paraibuna (SP), Barcarena (PA) e Fortaleza (CE).

O juiz responsável pelo caso ponderou que os investigados transportaram e inseriram em compartimentos subaquáticos de embarcações transatlânticas mais de 670 quilos de cocaína e trouxeram do Paraguai mais 400 quilos de maconha, totalizando mais de uma tonelada de droga. O magistrado ainda destacou fortes indícios de que o grupo estava se movimentando para operacionalizar mais duas remessas de cocaína ao exterior, uma de Caucaia (CE) ou São Luís (MA) e outra a partir de Rio Grande (RS).

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