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Geral

Psicologia Organizacional no mercado de trabalho

23 novembro 2018 - 08h40Sylma Lima

psicólogo Fernando Faleiros. Foto: CDP

O Capital do Pantanal entrevista o Psicólogo Fernando Faleiros (CRP 14 / 2441-8) mestre em Psicologia, professor universitário na Unigran Capital, que tem campo de pesquisa em Psicologia Organizacional e do Trabalho, e também Psicologia da Saúde Ocupacional. Faleiros tem 38 anos, é formado pela Universidade Católica Dom Bosco, em 2002, e atualmente cursa Doutorado na mesma instituição. Tem atuado em palestras, cursos e seminários, e é Professor e Coordenador Acadêmico na Faculdade Unigran Capital.

CDP: O senhor tem área de atuação na Psicologia Organizacional. Fale um pouco sobre esta área e importância no mundo do trabalho atualmente.

A Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) existe há pouco mais de 100 anos e evoluiu muito ao longo desse período. De uma visão pragmática e exclusivamente voltada para o atendimento de demandas do mercado, hoje a POT se vê envolvida em discussões sobre saúde do trabalhador, estratégias de processos ligados a pessoas, assim como de questões de gestão como um todo. Como o trabalho tem significado central na vida da maior parte das pessoas, assim como tende a ser visto como fator de inclusão social, logo tem relação direta com a saúde geral, tanto quanto com a saúde mental das pessoas. Dessa forma, a POT é fundamental para compreender a dinâmica da relação trabalho-pessoa-sociedade, e por isso precisa ser analisado e compreendido em diversos níveis, do indivíduo, dos grupos, das organizações em si, e da sociedade como um todo.

CDP: Como o senhor enxerga as mudanças quanto ao emprego na sociedade do século XXl. É certo dizer que estamos no caminho do “fim do emprego”, como prega o escritor Jeremy Rifkin?

Este estudo é importante para analisarmos a realidade de mercado de trabalho atual (precarização, terceirização, informalidade), que tem se mostrado muito contundente na conjuntura que vivemos hoje. Ao mesmo passo se pode pontuar também o estudo de Goldfinger que fala que a mudança do mundo do trabalho leva a geração de novas e diferentes oportunidades, o que é em parte observável, apesar da maior contundência do estudo de Rifkin.

CDP: Diante de incertezas sobre estabilidade no trabalho e dúvidas de qual profissão seguir. O que o senhor diria para um jovem ao escolher uma profissão e qual curso seguir na faculdade.

Para escolher, preferencialmente, uma área com a qual tenha afinidade e da qual goste e se veja realizando as respectivas práticas. A afinidade tende a levar a um maior envolvimento com os estudos, com a formação e por consequência com o desenvolver desse profissional que estará mais bem preparado para os desafios do mundo do trabalho.

CDP: O senhor tem percebido mudança de comportamento de empregadores e empregados nas relações de trabalho, sobre consciência das funções dos colaboradores, clientes e demais participantes de uma organização empresarial?

O maior volume de informações e conhecimento produzidos sobre gestão, gestão de pessoas e psicologia organizacional, sem dúvidas, facilita parte dessa maior consciência, contudo, o diferencial ainda se dá pelo investimentos e vivencia organizacional desses valores de formação, por consequência de um empregado que também tenha esse interesse e se sinta acolhido nos seus projetos profissionais.

CDP: Como o senhor ver a participação do psicólogo organizacional nas empresas públicas ou privadas quanto a recrutamento e seleção, motivação, planejamento, satisfação, clima organizacional?

A/O Psicóloga/o é imprescindível para o bom andamento desses processos considerando as atividades que são inerentes à nossa Profissão. Um profissional de excelência nessa área aponta caminhos diferenciados para o sucesso e contribui sobremaneira para o sucesso organizacional nessas práticas (que são as mais comuns), assim como em práticas menos recorrentes, mas também importantes em nossa área como o desenvolvimento de políticas de pessoas, ações de saúde e qualidade de vida do trabalhador, entre outras.

CDP: As redes sociais criaram um novo mercado consumidor ou é somente uma “nuvem passageira”. Como o senhor avaliar o consumismo atual e se pode chegar ao um ponto de saturação?

Acredito que as mídias sociais trouxeram novidades quanto ao acesso a determinadas informações, tanto quanto à forma como nós – enquanto produtos – somos acessados por essas plataformas (basta ver os processos judiciais pelos quais uma das principais redes vem passando há algum tempo, e casos de manipulação de informações pessoais que tem sido cada vez mais recorrentes nos noticiários). A saturação existe, pois, a cada dia observamos o surgimento de novas redes sociais com objetivos ou produtos distintos/similares às anteriores.

 

CDP: Após o fordismo e taylorismo na história da produção industrial, estamos em qual era agora. Valoriza-se o conhecimento e alta tecnologia e qual o papel da Psicologia Organizacional para entender estes conjuntos de modificações que afetam diretamente o “capital humano”?

Muitos autores têm apresentado nosso momento de mundo como a Revolução Industrial 4.0 (ou uma 4ª onda dessa revolução), ou seja, o conhecimento já é prática recorrente e agora temos que deste conhecimento tirar ferramentas que permitam ao capital humano se valorizar e ter condições de enfrentar, as novas-velhas condições de trabalho que paulatinamente vem sendo propostas aos trabalhadores como citamos anteriormente.

CDP: Fale um pouco sobre sua experiência. O que deseja um trabalhador atualmente? O que importa mais para o trabalhador? Salário, respeito, estabilidade, cooperação? O que mais?

Atuo na área organizacional desde os meus estágios no ano 2000, tendo oportunidade de atuar em consultorias, cooperativas, holding de grupo empresarial, setor público e educação. Pude conhecer diversos setores da economia e trabalhar desde processos muito individualizados a demandas corporativas, o que foi fundamental para meu desenvolvimento pessoal e profissional. Nos locais e com os colegas que tive oportunidade de trabalhar, sem dúvidas, respeito, reconhecimento e bom relacionamento com os colegas

são pontos fundamentais, e, como vivemos num mundo que gira em torno do capital, parte desse reconhecimento se reflete em salário digno, justo e possibilidade de crescimento nos ganhos e na carreira. De algum tempo para cá é possível perceber também que empresas que investem num ambiente saudável (do qual os fatores anteriores também façam parte) tem tido diferencial em relação a outras mais tradicionais ou não atualizadas com as tendências de mercado.

CDP: Tem sido noticiado aumento de depressão nas pessoas. Isso tem relação com o mundo do trabalho, do desemprego? Fale um pouco do que a Psicologia pode contribuir neste campo.

Os transtornos mentais relacionados ao trabalho são no Brasil, em números gerais, a 2ª principal causa de afastamentos do ambiente de trabalho, e para alguns grupos (principalmente ligados ao atendimento de demandas emocionais de outras pessoas) como, profissionais de saúde, educação, segurança pública e serviços financeiros, aparecem como 1ª causa de afastamentos em determinadas pesquisas. A relação com o mundo do trabalho é direta, pois temos uma tendência de termos trabalhos com maior acumulo de funções, com equipes mais enxutas e, por consequência, com uma carga emocional muito maior envolvida para o trabalhador, logo há impacto direto dessa estrutura organizacional na saúde desse trabalhador. Se empregado isso ocorre, no desemprego isso se potencializa, pois ainda se somam as questões de percepção de fracasso, fragilidade e falta de vínculo social que o mundo e as relações de trabalho trazem para as pessoas.

A Psicologia pode contribuir por meio de diagnósticos, acompanhamentos, projetos de intervenção, enfim, de formas que permitam acesso a esse ambiente, a esses trabalhadores, para permitir um ambiente mais saudável e produtivo para todas as partes.

CDP: Para finalizar, gostaríamos que o senhor desse umas dicas para o jovem que está fazendo vestibular na escolha da profissão e ainda sugestões por bom desempenho de uma empresa neste mercado competitivo.

Aos jovens, repito, busquem uma área com a qual tenham identificação e na qual se vejam, na qual sintam possibilidades de envolvimento, de desenvolvimento e, futuramente, de uma atuação na qual possa apresentar seus diferenciais competitivos.

Às empresas, que protejam e valorizem seu capital humano, permitam a construção de ações, práticas e políticas colaborativas na organização, por meio de feedback ativo, e da compreensão do ambiente como um todo, de forma que sua estratégia reflita tal zelo, e assim se consigam resultados excelentes e sustentabilidade organizacional.

E-mail e telefone para contato:

Fernando Faleiros de Oliveira

(67) 99176-0065

[email protected]

 

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