Em Corumbá e Ladário, cerca de 50 crianças e adolescentes vivem em instituições de acolhimento por decisão judicial. Apesar dos cuidados e da estrutura oferecida nas casas, a ausência de vínculos familiares ainda é um desafio no desenvolvimento emocional desses jovens. É nesse contexto que surge o Projeto Padrinho, uma iniciativa da Justiça que promove conexões afetivas, sociais e educativas entre voluntários e acolhidos.
“O Projeto Padrinho é uma ferramenta que possibilita aos cidadãos aproximar-se e apoiar crianças e adolescentes que estão afastadas da convivência familiar por conta de uma medida de proteção implementada pela Justiça”, explica o juiz Maurício Miglioranzi, titular da 1ª Vara Cível de Corumbá.
Atualmente, segundo o juiz, menos de 20% das crianças acolhidas possuem um padrinho ou madrinha afetiva. “Isso faz muita falta para essas crianças, porque, embora a casa de acolhimento seja um lugar acolhedor, um ambiente saudável, aquele olhar individualizado que um padrinho ou uma madrinha pode fazer, aquela saída para comer uma pizza na sexta-feira à noite, para comer um lanche, acaba que fica limitado para essas crianças, justamente porque estão numa moradia coletiva”, pontua Miglioranzi.
O processo para se tornar padrinho é simples e feito por meio do Fórum de Corumbá. Após uma entrevista com a equipe do serviço social, o interessado passa a frequentar as casas de acolhimento e pode, eventualmente, apadrinhar uma criança. “Os critérios são, simplesmente, de maioridade e de que as intenções da pessoa que busca um apadrinhamento, especialmente um afetivo, é de que sejam intenções idôneas”, esclarece o magistrado.
Além da modalidade afetiva, o projeto também contempla padrinhos financeiros, empresariais e religiosos. Empresas locais contribuem com serviços ou doações, enquanto instituições religiosas realizam atividades lúdicas e momentos de espiritualidade com os acolhidos. “Tem uma empresa que conserta ar-condicionado, que consegue contribuir uma vez por mês com uma rodada de pizza para as crianças”, exemplifica o juiz.
A experiência de ser padrinho, segundo ele, é marcada por trocas significativas. “Eu costumo dizer que, quando a gente apadrinha, a gente recebe muito mais do que a gente dá”, afirma. “Aquele sorriso despretensioso, aquela realização do nosso afilhado, quando consegue tirar uma boa nota, quando sai pela primeira vez para comer uma pizza num restaurante ou algo assim, são todos ganhos de vida.”
Para aqueles que sentem vontade de participar, mas ainda têm dúvidas ou inseguranças, o juiz reforça que o projeto é acessível e flexível. “O Projeto Padrinho, como eu disse de início, é uma ferramenta de duas mãos. Certamente as pessoas que se aproximam do apadrinhamento vão ter a oportunidade de não só contribuir com uma vida, como também ter a retribuição muito maior, muito significativa.”
Ele também destaca que as casas de acolhimento são abertas à comunidade. “As casas de acolhimento, não têm portões fechados. Elas têm profissionais que coordenam as casas. Então, muitas pessoas frequentam, participam, se reúnem, grupos de corrida, associações de bairro, grupos religiosos e agendam com as coordenações para contribuir com essas crianças e adolescentes de alguma forma.”
Por fim, Miglioranzi resume o espírito do projeto com sensibilidade: “Eu costumo dizer que só se leva dessa vida o que se vive. Os bens materiais nós não vamos levar quando não mais aqui estivermos. Mas esse sorriso, um abraço afetuoso, são coisas que, sim, marcam e nos deixam felizes e realizados.”
Interessados em conhecer e participar do Projeto Padrinho podem procurar o Fórum da Comarca de Corumbá. As informações também estão disponíveis nas redes sociais do projeto, no Facebook e Instagram.
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Voluntários oferecem carinho, atenção e apoio emocional, transformando a vida de jovens em acolhimento. (Foto: Divulgação/Arquivo do Projeto)


