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Prevenção: Manejo Integrado do Fogo será implantado pela primeira vez no Pantanal

10 junho 2021 - 09h44Da Redação

Após os incêndios de 2020, que queimaram 4,350 milhões de hectares do Pantanal (30%), pela primeira vez, o Manejo Integrado do Fogo (MIF) como  forma de prevenção será implantado no bioma . O uso do fogo como aliado já é utilizado em todos os outros biomas existentes no Brasil e em unidades de conservação dos Estados Unidos, África e Austrália. Em Mato Grosso o projeto piloto acontece na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN Sesc Pantanal) e, em Mato Grosso do Sul, no município de Corumbá e na Terra Indígena Kadiwéu.

O MIF reúne um conjunto de técnicas que trabalha com três pilares essenciais: a ecologia do fogo (os principais atributos ecológicos do fogo); a cultura do fogo (necessidades e impactos socioeconômicos) e o manejo do fogo (prevenção, supressão e uso do fogo). Com isso, busca-se compatibilizar as necessidades sociais, as tradições culturais e características ecossistêmicas para a conservação da natureza.

Entre as técnicas que compõe o MIF está a queima prescrita, realizada ao fim do período chuvoso e início do período da seca. Essa ação simula uma queima natural com que as áreas de savana normalmente estão habituadas, e tem como um dos objetivos eliminar a vegetação seca para melhorar as condições de controle dos incêndios na estação seca.

A técnica será aplicada em três áreas do Pantanal, escolhidas considerando a prevalência da flora nativa e os diferentes níveis de inundação: Corumbá (MS) onde alaga muito, RPPN Sesc Pantanal (MT) com inundação intermediária e Terra Indígena Kadiwéu (MS) que não alaga. Em Mato Grosso, nesta primeira etapa de reconhecimento e definição das áreas na RPPN Sesc Pantanal, unidade do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, que é a maior do país com 108 mil hectares, participaram ICMBio, Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, UFMT, Mupan/GEF Terrestre e Sesc Pantanal.

Para a gerente de Pesquisa e Meio Ambiente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália, a aplicação do MIF representa um importante passo que se une e fortalece o trabalho de prevenção da brigada de incêndio do Sesc Pantanal, existente há mais de 20 anos, responsável pelos aceiros, monitoramento terrestre e aéreo e campanhas de conscientização com a população ribeirinha.

“Após os incêndios de 2020, o polo Socioambiental Sesc Pantanal criou o Comitê Interno de Prevenção e Combate a Incêndios e, agora, faz parte desse projeto piloto. Nossas ações estão cada vez mais consolidadas e robustas para este trabalho de prevenção e combate ao fogo. A RPPN reúne o mosaico de paisagens do Pantanal, por isso conhecer melhor essa técnica ajudará a estabelecer os protocolos para sua utilização em todo bioma”, destaca Cuiabália, lembrando que a instituição também faz parte do Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman) e do Comitê Estadual de Gestão do Fogo.

De acordo com o biólogo e analista ambiental do ICMBio, Christian Berlinck, foram escolhidas 12 parcelas para o experimento com queima prevista em três momentos: julho (período que antecede a seca), setembro (período da seca) e novembro (início da cheia). São, portanto, três áreas com quatro parcelas cada. Das quatro parcelas, três serão queimadas nos meses indicados e uma não, para comparativo. 

“O objeto do trabalho são áreas abertas e nativas, como campina e cambarazal, que estão associadas evolutivamente, culturalmente ou historicamente à presença natural do fogo. O projeto piloto será realizado nelas e o objetivo é proteger as florestas que são sensíveis ao fogo. Queima-se, portanto, uma área para proteger outra. Com essa fragmentação, controle do incêndio é facilitado. Este é um trabalho inédito no Pantanal brasileiro e permitirá pensar qual a melhor estratégia de prevenção para os grandes incêndios neste bioma”, explica Berlinck.

Já o capitão do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso, Leandro Alves conta que, além da escolha das parcelas do experimento, a instituição também colaborou na elaboração do plano operacional de contingência. “Iremos garantir a máxima segurança no uso do fogo durante o experimento. Para isso, haverá equipes com apoio terrestre e também aéreo. Por ser um experimento inédito, fazer parte desse projeto traz aos Bombeiros novos conhecimentos que irão refinar as ações de prevenção e combate no Pantanal”, declara. 

A implantação do MIF integra o projeto “Rede Pantanal”, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovaçõe. A técnica é multidisciplinar e envolve 17 instituições: Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Ibama/Prevfogo, ICMBio/Centro de Educação Profissional, INPE, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Embrapa Pantanal, Mulheres em Ação no Pantanal, (Mupan)/GEF Terrestre, Smithsonian Institution, UFMG, UFRN, UFRJ, UnB, USP, UERJ e UFRGS.

Pesquisa de restauração da flora e o MIF

A bióloga Cátia Nunes, integrante do Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INAU) e do grupo Mulheres em Ação no Pantanal (Mupan), estuda a RPPN há duas décadas e participou da escolha das áreas. Segundo ela, que coordena a pesquisa da flora na reserva no pós-incêndio, quando se desenvolve um projeto de restauração de floresta ciliar, como por exemplo a que está sendo desenvolvida na RPPN Sesc Pantanal, em parceria com a Mupan, com recursos do GEF Terrestre (Governo Federal), é preciso se preocupar com a fonte da degradação. “Como no Pantanal a fonte é o fogo, é preciso buscar alternativas para minimizar esse dano causado por esse agressor. Dentro dessa linha, uma das opções mais importantes que temos atualmente é o MIF”, avalia.

RPPN Sesc Pantanal

Em 24 anos de existência, a RPPN Sesc Pantanal, fez parte de mais de 70 pesquisas nacionais e internacionais sobre o Pantanal e conta com uma representativa biodiversidade. Do total de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos na Bacia do Alto Paraguai, que totalizam 1.059 espécies, a Reserva detém 630. Isso significa que 60% destas espécies estão presentes na RPPN.

Entre as espécies ameaçadas de extinção, a RPPN possui 12. Além de ser a maior RPPN do país, a reserva do Sesc Pantanal ainda é área Núcleo da Reserva da Biosfera do Pantanal, faz parte da terceira maior Reserva da Biosfera do planeta e é um Sítio Ramsar. Entre os benefícios que a RPPN presta à humanidade estão a purificação das águas, controle das inundações, reposição das águas subterrâneas, controle do fluxo de sedimentos e nutrientes do solo, reservas de biodiversidade e mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

 

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