Com o objetivo de fortalecer as atividades das mulheres ribeirinhas que extraem da biodiversidade pantaneira os produtos para sua subsistência e apresentar à sociedade as dificuldades que elas enfrentam, o Ministério Público Federal (MPF) promoveu, nesta segunda-feira, 3 de junho, um colóquio de sustentabilidade inserido na programação alusiva à Semana do Meio Ambiente no município de Corumbá (MS).
Representantes das comunidades tradicionais corumbaenses de Antônio Maria Coelho, Porto Esperança, Paraguai Mirim, Barra do São Lourenço e da Apa Baía Negra, além do assentamento rural Bandeirantes de Miranda (MS), compartilharam suas experiências e apresentaram a pesquisadores, políticos e empresários a dura realidade enfrentada diariamente, seja para ter acesso a direitos básicos como educação, saúde e saneamento, seja para garantir o escoamento dos produtos que extraem e manufaturam localmente.
São as dificuldades que aproximam a realidade de mulheres que moram a quilômetros de distância umas das outras, como a Edil de Antônio Maria Coelho, a Natalina de Porto Esperança, a Júlia da Apa Baía Negra, a Josi do Paraguai Mirim, a Catarina da Barra do São Lourenço. Umas produzem doces. Outras catam iscas ou trançam a fibra do aguapé para fazer cestos e bolsas. Mas a falta de acesso à água tratada, a inexistência de coleta de lixo, as condições precárias de moradia: tudo isso faz com que os esforços envidados na gestão de seus produtos artesanais fiquem em segundo plano.
“Por isso pensamos no colóquio. O foco não foi apenas expor e valorizar o trabalho dessas mulheres, mas permitir o diálogo entre vários atores da sociedade, estabelecer contatos para o protagonismo e autonomia das ribeirinhas, possibilitar a proximidade entre setores que até então não interagiam”, resumiu a procuradora da República Maria Olivia Pessoni Junqueira, responsável pela organização do evento.
Promovido com o apoio da Fundação do Meio Ambiente do Pantanal (FMAP) e da Ong Ecoa, o colóquio contou com a presença de representantes dos poderes executivo e legislativo municipal, da Embrapa, da UFMS, da Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), do setor turístico e da mineradora Vale, que possui polos extrativistas próximos a algumas dessas comunidades. Ao final de três horas de reunião, em que todos puderam se manifestar, foi possível estabelecer vínculos e a necessidade de pensar em rede, de maneira integrada, a fim de garantir a existência e a manutenção das comunidades tradicionais pantaneiras.