A Justiça de Mato Grosso do Sul autorizou Andréia Olarte, esposa do prefeito afastado de Campo Grande, Gilmar Olarte, a sair da prisão para atendimento médico em um hospital particular da capital sul-mato-grossense. Na decisão, em plantão na madrugada desta terça-feira (16) o desembargador Júlio Siqueira Cardoso, determina que o deslocamento até a unidade de saúde e a permanência no local sejam sob escolta policial.
Ela, Gilmar, um corretor de imóveis e um empresário foram presos nessa segunda-feira (15), pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) suspeitos de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e associação criminosa.
O casal foi preso em casa e, ao saírem para entrar na viatura do Gaeco, marido e mulher negaram as acusações. Eles estavam sem algemas.
Passou mal
A defesa de Andréia Olarte argumentou à Justiça que a investigada passou mal por volta das 18h30 (de MS) na cela que ocupa na Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar). Ela teve formigamento no lado esquerdo do rosto, no braço esquerdo, estava agitada e recebeu atendimento médico, sendo constatado hipertensão arterial e nervosismo.
Além de pedir autorização para passar por exames, a defesa de Andréia queria também a prisão domiciliar dela, o que foi negado.
Relaxamento de prisão
O desembargador Júlio Siqueira Cardoso também negou pedido do corretor de imóveis. A defesa dele solicitou o relaxamento de prisão.
O magistrado entendeu que os motivos relacionados pelos advogados: empresário renomado, réu primário, endereço fixo, ocupação lícita e família constituída não são suficientes para concessão de liberdade, "... ainda mais diante dagravidade dos fatos investigados, bem como da repercussão e clamor socialdecorrentes das investigações, sendo necessário assegurar a efetiva apuraçãodos fatos delituosos".
O desembargador finaliza. "Por fim, destaco que o requerente na qualidade de corretor de imóveis, ultrapassou suas atribuições profissionais e, além de intermediar a compra e venda de vários imóveis por Andreia Olarte, ainda restou encarregado de realizar pessoalmente os pagamentos referentes às aquisições por valores vis, repassando aos vendedores vultuosos valores de dinheiro emespécie, o que me leva a crer que, não só tinha conhecimento das práticasilícitas, como delas participava de forma efetiva".
Investigação
Conforme o Gaeco, a partir da quebra de sigilo bancário de Andréia Olarte foi verificado que entre os anos de 2014 e 2015, período em que Gilmar estava como prefeito, ela adquiriu vários imóveis em Campo Grande, alguns em nome de terceiros.
As compras, a princípio imcompatíveis com a renda do casal, eram efetuadas com pagamentos iniciais em elevadas quantias, sendo em dinheiro vivo, transferências bancárias e depósitos.
Para as compras, o casal contava com ajuda do corretor de imóveis, considerado braço direito de Andréia e de Gilmar, e do comerciante que fornecia o nome para as aquisições.
Ainda segundo o Gaeco, os crimes em investigação têm relação com a operação Adna, em trâmite no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Na ação, Gilmar Olarte é acusado de corrupção passiva.